𝕮𝖗𝖎𝖒𝖎𝖓𝖆𝖑 | 𝓙𝓲𝓴𝓸𝓸𝓴

𝓒𝓱𝓪𝓹𝓽𝓮𝓻 𝓣𝔀𝓸| 𝓑𝓵𝓪𝓬𝓴 𝓢𝔀𝓪𝓷

"𝓤𝓶 𝓭𝓪𝓷𝓬̧𝓪𝓻𝓲𝓷𝓸 𝓶𝓸𝓻𝓻𝓮 𝓭𝓾𝓪𝓼 𝓿𝓮𝔃𝓮𝓼 - 𝓪 𝓹𝓻𝓲𝓶𝓮𝓲𝓻𝓪 𝓺𝓾𝓪𝓷𝓭𝓸 𝓮𝓵𝓮 𝓹𝓪𝓻𝓪 𝓭𝓮 𝓭𝓪𝓷𝓬̧𝓪𝓻, 𝓮 𝓮𝓼𝓼𝓪 𝓹𝓻𝓲𝓶𝓮𝓲𝓻𝓪 𝓶𝓸𝓻𝓽𝓮 𝓮́ 𝓪 𝓶𝓪𝓲𝓼 𝓭𝓸𝓵𝓸𝓻𝓸𝓼𝓪".- 𝓜𝓪𝓻𝓽𝓱𝓪 𝓖𝓻𝓪𝓱𝓪𝓶

Seis Meses Antes

JIMIN

Dançar é a minha liberdade, através do meu corpo posso transmitir sensações, é como um pássaro voando livremente pelos céus, minhas asas são meus pés e o palco meu céu. A música envia para meu corpo vibrações auspiciosas, cada célula do meu ser vibra ao deslizar pelo palco, o leve ruído dos pés sobre o chão, os músculos relaxados e leves, os movimentos precisos e perfeitos. Não corte minhas asas, me deixe voar, essas grades me assustam, por favor me tire daqui, eu preciso voar. Não consigo respirar, tudo à minha volta me sufoca, porque meu corpo não está vibrando com a música? Que sentimento angustiante e doloroso é esse, que está se alastrando em meu peito? Eu amo dançar, é minha pequena felicidade, meu refúgio em meio a tempestade.

A imagem refletida no espelho é uma fraude, uma casca sem alma, não há brilho em seus olhos, vejo apenas escuridão, e a tão amarga solidão, sinto a bile se formando na garganta, presa assim como meu grito. Sorria e se mova como as nuvens, lindas, doces e delicadas, seja a perfeição, mesmo que seus pés sangrem, que seu corpo grite em exaustão, apenas continue a dançar. Quem é Park Jimin? Eu não me conheço, sinto-me como uma marionete, sendo manipulado em cada mísero detalhe da minha vida, sem vontade própria, sem sonhos, apenas um boneco moldável.

'Nocturne no. 2 in c sharp minor' ressoava por toda sala de dança, a cada nota do piano meu corpo reagia como pequenas agulhas em minha derme, não há aquele formigamento prazeroso em meus pés, aquela demasiada vontade de dançar. Sinto como se estivesse morrendo, a cada dia o definhamento está crescente, cadê aquela paixão? Porque não consigo fugir disso? O grito que sai da minha garganta é silencioso, é sufocante, meu peito reprimido, as lágrimas caem grossas por toda minha face. O que está acontecendo, eu preciso de uma resposta, por favor, alguém me tire dessa escuridão e me leve para a luz.

Deito-me e com os olhos embaçados pelas lágrimas, encaro o teto de cor nude, e penso em tudo até aquele momento, as noites em claro praticando até meu corpo cair, buscando a perfeição em cada mínimo passo, querendo ser o melhor. E agora vejo o que tudo isso me trouxe: Dor, e o pior de tudo, não sentir aquela chama de felicidade ao dançar. Quem é Park Jimin sem a dança? Eu não sei, e dói, meu deus como dói, dizer para mim mesmo que não poderei dançar novamente, enquanto não sentir a euforia em cada músculo do meu corpo em vibração pela dança.