Sangue

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NYC, 2024

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NYC, 2024

Bip...bip...bip...

Escuto o zumbido de aparelhos. O odor de álcool invade as minhas narinas. Remexo os dedos, encontrando a maciez dos lençóis enquanto sinto um gosto férrico se espalhar por minha boca. A sensação se eleva de uma forma que eu abro os olhos em um espasmo e cuspo sem direção.

Noto o bolo de sangue pastoso aderir a minha perna coberta pelo lençol branco e eu limpo os lábios com o dorso da mão. O que é isso? Sinto a sensação voltar e cuspo mais dois bolos de sangue sobre a minha perna sem conseguir controlar.

Apoio a cabeça, sem fôlego, sobre o travesseiro novamente e engulo em seco ao ter a minha garganta arranhando. Um incômodo horroroso me atinge no corpo inteiro, como se algo estivesse sendo expelido de mim por todos os lados, e eu arquejo quase sem ar. Ou seria ar demais?

Finalmente observo o lugar onde estou. Um quarto pequeno repleto de pôsteres dos anos 80, parafernálias sobre a mesa, uma cama média e uma poltrona em forma de luva de baseball. Talvez eu esteja delirando, mas esse quarto parece de um adulto que não cresceu.

Mas a indagação não é essa e sim: por que eu estou aqui? Eu deveria estar no hospital...lembro-me de estar quase morrendo... não! Eu realmente morri! Eu sei disso. Percorro o olhar outra vez pelo ambiente e me recordo de Genevieve. Ela estava comigo quando morri. Eu tenho certeza disso...ou não.

Bem, eu não posso permanecer aqui. Preciso encontrá-la e dar um jeito de tirá-la das mãos daquele oficial demente. Levanto-me da cama o mais rápido que posso, retirando todos os cabos enfiados em mim e percebo que estou totalmente recuperado.

O meu ombro não dói nem há sinal de que um dia fui infectado por um veneno tão imundo, tampouco sinto a minha respiração falhar. Estou melhor do que nunca.

Ando em direção a janela e a abro olhando para uma altura de seis metros abaixo. Conseguirei pular sem sofrer dano algum. Então apoio um pé sobre o parapeito...

— Jesus, o que está fazendo? — escuto uma voz espantada e um pouco entediada.

Observo um homem de estatura mediana, forma arredondada, cabelos desgrenhados e ralos vestindo um terno inteiramente preto parado à porta. Em suas mãos pousa uma bandeja de plástico bege com uma tigela azul em cima. E ele me olha esperando uma resposta.

Apenas continuo o que estou fazendo e salto da janela em tempo suficiente de ouvi-lo praguejar "droga!".

Pouso descalço sobre o concreto da calçada e corro desenfreado chamando a atenção de algumas pessoas, afinal não é comum um homem usando vestido de hospital com um braço de metal correndo pelas ruas do...Queens? Como vim parar aqui?

Antes que eu consiga formular uma resposta, um vulto vermelho aparece ao meu lado, saltando pela pista e se grudando nos postes. Não tenho tempo para ver o que é, continuo correndo.

Soldado Invernal | 𝓹𝓻𝓲𝓶𝓮𝓲𝓻𝓪 𝓉𝓮𝓂𝓹𝓸𝓻𝓪𝓭𝓪 [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora