Chance do Destino

Capítulo 10 - Sonho: Um último adeus

Benjamin foi bem aceito pela família de Vincente, ele estava finalmente se recuperando e todos estavam cuidando bem dele. A mãe e a irmã de Vincente aceitaram bem o amor dos dois, mesmo tendo cuidado de não sair falando para os outros para que eles não tivessem suas vidas correndo perigo na vila. 

Um dia Charles foi até a casa de Vincente convidá-lo para um piquenique, já que fazia um tempo que ele não conversava com sua pessoa mais querida. Ele já se sentia de casa a bastante tempo e entrou sem permissão chamando por alguém, no entanto, a primeira pessoa que ele encontrou foi Benjamin, o que lhe deixou um pouco confuso.

- Quem é você e o que faz aqui?

Benjamin ficou um pouco sem graça e respondeu:

- Eu sou Benjamin, estou morando um tempo aqui com Vince e a família dele. Você está procurando por ele?

Charles quando escutou aquele tom íntimo na fala do rapaz sentiu como se todo seu interior tivesse desmoronado ali mesmo e estava tudo em chamas. Mas se controlou minimamente para conseguir perguntar uma última coisa:

- De novo, QUEM É VOCÊ??? POR QUE VOCÊ ESTÁ CHAMANDO MEU AMIGO ASSIM???

Benjamin sentiu medo e não conseguiu pensar em uma resposta, e ele não queria parecer grosso e gerar algum desentendimento. Ele abria a boca mas não sabia o que responder, nada saia, e voltava a fechar. Escutando os gritos Vincente ficou preocupado e veio correndo para saber o que estava acontecendo.

Ao entrar na sala ele viu um Benjamin assustado - provavelmente por ainda não estar recuperado da briga recente que resultou em sua expulsão da casa dos pais-, e um Charles vermelho como se alguém tivesse agredido sua própria mãe. Sem entender ele perguntou o que estava acontecendo pro amigo estar naquela situação, enquanto ia até Benjamin para lhe acalmar. Charles não conseguia suportar ver aquilo, seu rosto ficou sombrio e falou rispidamente:

- Você… Como ousa ser tão próximo assim de outro homem?

Ele estava se sentindo traído, a falta de resposta só aumentou sua fúria e prosseguiu:

- Toda a minha vida eu estive ao seu lado, te apoiei, tudo o que eu fiz foi pra te ver feliz e bem, esperando que um dia você pudesse perceber que podia... não sei... sentir o mesmo que eu.
Mas você nunca ajudou!
Você nunca deu nenhum sinal!
Nunca me deu nenhuma abertura para que eu pudesse me aproximar mais de você! - lágrimas já corriam em seu rosto e ele enxugou com a manga de sua roupa num movimento só e continuou -
Eu sempre achei que teria que conviver com esse sentimento e superar o fato de não ter nascido uma jovem e bela moça, de que perderia você para alguma jovem, que nunca teria você e nem poderia dar o que queria dar abertamente... eu nunca poderia ser essa jovem, pq eu não nasci assim e você nunca me olharia com outros olhos. Eu poderia conviver com isso. Mas você me apunhalou!

Charles estava com seu rosto vermelho, sua voz oscilava em seus tons, ele estava completamente desequilibrado por ter seu coração partido e começou a gritar:

- A QUANTO TEMPO VOCÊ O CONHECE? O QUE ELE FEZ POR VOCÊ??
SEMPRE FOI EU!
EU QUE ESTIVE COM VOCÊ E VOCÊ ILUDIDO ME OLHA PARA A PRIMEIRA PESSOA QUE ENCONTRA E QUE SÓ QUERIA SE APROVEITAR DOS SEUS BENS E VIVER EM SUA CASA??

Por mais que Ben não estivesse interessado no que o outro poderia lhe oferecer, se sentiu muito mal com as palavras daquele rapaz que acabara de conhecer. Todas aquelas palavras ecoavam em sua mente, seu corpo estava paralisado, não conseguia mais se mover e nem falar. Vincente estava um pouco chocado por descobrir tanta coisa, mas não podia tolerar tais palavras difamando a honra da pessoa que amava e respondeu elevando um pouco a voz:

- Charles eu não podia imaginar que você se sentia assim em relação a mim... mas, eu sempre te vi você como um irmão, um irmão mais velho.
O Ben foi a única pessoa que me fez sentir algo diferente e eu não poderia deixar a oportunidade passar sem tentar. E NÃO ele não está interessado em meus bens, eu não tenho muito e ele está aqui por ocasiões que não lhe dizem respeito e além de tudo é a MINHA casa e eu que o convidei para ficar aqui. Eu sei que você me ajudou muito na vida e lhe agradeço profundamente por tudo o que fez, mas isso não lhe dá o direito de vir a minha casa e falar esse tipo de coisa, mesmo que você esperasse algo além... isso não é algo que eu vá poder retribuir porque eu já entreguei meu coração a alguém, e esse alguém não é você. Se você for continuar agindo assim, peço para que se retire e depois conversarei com você.