Capítulo 9 - Sonho: Reencontro

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Estava tudo silencioso ainda, Vincente trabalhou bastante no dia anterior e estava exausto fisicamente, então se permitiu dormir até o sol ficar mais alto no céu. Mas isso não demorou muito, ele logo ouviu um grito vindo de fora:

- VIINCENTE! LEVANTA VOCÊ TEM QUE VIR AQUI!

- Certo, já estou indo!! 

Vincente levantou automaticamente, ele não tinha acordado completamente ainda e estava com o cabelo solto e desalinhado, com roupas largas e confortáveis para dormir quando chegou na sala para perguntar o que sua irmã queria. O que ele vê o faz abrir o olho de uma forma que ele nem sabia que era capaz de abrir, quem estava lá junto com sua irmã era o Ben!! E ele estava lhe vendo naquela situação embaraçosa! 

Ele olha pra sua irmã que estava rindo e lhe pergunta:

- Por que você não me avisou que tinha visita?? Eu teria me vestido adequadamente para recebê-lo!!

- Ora, ele parecia bem íntimo de você… chamando até por apelidos - solta um sorriso maldoso -, logo você que é todo careta, imaginei que não haveria problemas.
Sua irmã falava enquanto tentava segurar a risada ao ver as reações de seu irmão.

- Você… Ben, você pode esperar um pouco? Não vou demorar até estar apresentável... - disse enquanto passava a mão no cabelos um pouco tímido.

- Não tem problema, eu que vim sem avisar! Leve o tempo que precisar!

Alguns minutos depois ele já estava pronto e foi falar adequadamente com Ben. Como estava com um pouco de fome e ainda faltava algum tempo para a refeição, ele resolveu convidar Benjamin para comer algumas frutas de sua propriedade.

Os dois foram conversando e logo o motivo da visita inesperada foi revelado. Acontece que sua família estava com problemas e brigando todo tempo, numa dessas brigas acabaram lhe expulsando de casa, afirmando que ele não era um homem que honrasse seu sobrenome.

Vincente percebendo que ele estava bastante preocupado sobre sua situação, resolveu lhe oferecer ajuda, ele não tinha muito, mas a sua casa poderia abrigar mais uma pessoa confortavelmente.

Benjamin estava muito fragilizado, perdido, solitário e começou a chorar agradecendo com todas as forças que lhe restavam.

Depois de algum tempo e consegue se acalmar um pouco e sentou-se ao pé de uma árvore observando a paisagem. Vincente acompanhou onde seus olhos observavam e viu pássaros em um ninho cuidando de seus filhotes. Então, Benjamin quebra o silêncio e diz:

- Sabe… eu gostaria de me sentir protegido assim como aqueles filhotes…

Vincente não sabia o que responder, mas virou sua atenção para Benjamin se mostrando aberto a ouvi-lo. Benjamin continuou:

- Eu nunca havia visto problema em amar alguém independente de quem fosse, contanto que me fizesse feliz, bem e amado. Foi como me senti com você, passei um tempo pra aceitar isso, eu não vou mentir... é só que por mais que não visse problema eu imaginava que seria como todo mundo, mas não foi, não consegui controlar, mas ainda assim não quis desistir e deixei ver até onde iria. E… e… eu acabei me apaixonando cada dia mais por você por cada detalhe, cada troca de correspondências, eu acordava ansiando ter uma nova carta todos os dias e sentia sua falta e o sentimento crescia cada vez mais.

Ele deu uma breve pausa pra respirar e olhou para Vincente com os olhos molhados e vermelhos, quando sentiu o toque gentil do outro em seu rosto limpando suas lágrimas seu coração relaxou um pouco, logo após foi surpreendido pelo movimento que o outro fez ao puxar seu corpo para um abraço caloroso. Vincente começou a mexer levemente no cabelo do outro que se aninhou em seus braços, repousando sua cabeça no peito de Vincente que o segurava em um forte abraço ele chorou tudo o que tinha guardado até aquela hora.
Após  um tempo Vincente falou:

- Se quiser continuar falando o que aconteceu, sinta-se à vontade. Mas eu quero que saiba antes de continuar que eu também sinto o mesmo por você e estarei sempre ao seu lado, não precisa sentir medo ou solidão, você sempre terá a mim.

Recuperando-se um pouco, e sentindo um certo alívio no coração de ter ouvido aquelas palavras - mesmo que já sentisse isso a bastante tempo, é sempre bom ouvir que seu sentimento é recíproco - ele se afastou do corpo do outro e continuou seu relato:

- Um dia meu pai recebeu o mensageiro e acabou abrindo uma carta sua que estava destinada pra mim, ele estava desconfiado fazia um tempo dessas cartas, já que antes eu não tinha costume de receber tantas. Ele leu e disse que não era certo dois homens serem tão próximos assim. E que eu deveria escolher parar com isso ou sair da casa dele e só voltar quando virasse um homem de verdade. Eu não sabia pra onde ir, eu estava perdido, quem poderia me aceitar em casa? Eu não sei fazer quase nada, eu sou inútil, totalmente dependente dos outros, eu só queria poder viver do jeito que me sentisse bem, ter meu espaço e ganhar dinheiro com aquilo que amo. Vince foi por isso que vim até aqui, eu só tinha você em mente que poderia me aceitar do jeito que eu sou. 

Vincente observou aquela pessoa, ele sentiu-se fraco por um momento por não poder parar o sofrimento dele... ele não merecia isso! Ele sempre amou e acolheu todos que precisassem e entendia suas singularidades, e no fim em sua vida havia poucos para lhe acolher... isso era bastante solitário. Ele jurou no fundo do seu coração que viveria por ele, apenas por ele, ele havia achado a pessoa certa e que fazia seu interior desequilibrar só de estar perto,  ele é o certo e ele seria capaz de enfrentar o mundo por ele.


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Nota: foi dolorido escrever essa parte, sou muito apegada a eles. Espero que tenha passado bem o que queria que essa cena representasse.

É isso, não esqueçam de votar e comentar, fico feliz de ver os comentários aqui! :)

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