Shiloh não tinha costume de ir até seu local de trabalho, mas agora ele estava seguindo as regras da empresa que havia lhe chamado. Como iria pro mesmo local que Miles, pegaram juntos o ônibus até a empresa DL.
Quando desceram do ônibus, Miles segurou a mão de Shiloh, ele não estava nem um pouco preocupado com o que seus colegas de trabalho pensariam. Seu coração estava explodindo em alegria, era a primeira vez que faziam isso depois de tanto tempo se envolvendo. Miles se sentia mais inspirado com o outro e Shiloh finalmente via um mundo com mais cores, sem aquele sentimento nublado em seu coração.
Eles caminharam por 5 minutos até chegar em um prédio completamente coberto de janelas espelhadas, ao se deparar com isso Shiloh pensou:
'Uau… espero que não tenham muitos pássaros por aqui...'
Eles entraram na empresa e Shiloh achou que deveria soltar a mão do outro para não ser um incômodo, mas quem imaginaria que ao afrouxar sua mão o outro seguraria com mais força lhe dando um olhar caloroso mostrando que estava tudo bem, então ele voltou a apertar a mão do outro novamente.
Eles passaram direto pra sala de reuniões ignorando os cochichos vindo dos outros. Quando entraram, o chefe de Miles já estava lá esperando com uma cara de poucos amigos. Shiloh sentiu um sentimento estranho em relação a ele que não sabia explicar bem o que seria. Era medo?
[...]
A reunião se iniciou e todos apresentaram suas ideias, estava um projeto maravilhoso. O último a falar foi Shiloh. Sua ideia era colocar a capa em vermelho bordô e todas as ilustrações com lineart e nomes na cor dourada, como o romance é de época ele pontuou que isso daria um ar mais sofisticado e as pessoas ficariam instigadas à olhar pelo contraste das cores na capa.
Carlos, o chefe, ficou pensativo enquanto todos esperavam o que iriam dizer.
Todos da equipe já estavam de acordo com a ideia e achavam que não precisava acrescentar mais nada.
Estavam seguros que a produção poderia começar logo.
Porém, Carlos começou a falar antes mesmo de ver as ilustrações que Shiloh estava prestes a mostrar em seu tablet.
- Todas as ideias estão bem interessantes, está tudo okay. Mas... acho que as idéias para a capa, não sei... não acho que sejam suficientes. Como você não está familiarizado com as exigências de nossa equipe lhe darei apenas mais uma chance.
Todos ficaram bem surpresos, já que gostaram muito da ideia de Shiloh - além de suas artes serem incríveis, ele entendia bastante sobre marketing.
Foi bastante confuso.- Bem eu tenho outras coisas a fazer, estou com o dia cheio hoje. Me procurem quando tiverem alguma ideia à altura do que procuro. Tenham um bom almoço.
A reunião acabou e Miles pediu pra Shiloh esperar por ele para irem comer algo juntos depois. Ele ficou na sala e quando a última pessoa saiu, voltou-se para seu chefe e disse:
- Senhor, sem querer ser desrespeitoso, mas todos ficaram bem chocados com sua decisão. Você nem chegou a ver as ilustrações de como ficariam o livro e já negou logo de cara. O que aconteceu?
- Eu apenas não gostei do que imaginei. - disse forçando um sorriso.
- Mas acredite, se você der uma olhada vai se impressionar, está muito bonito e ele é muito talentoso.
- Miles, eu entendo que você queira defender o seu 'sabe-se lá o que'. Mas apenas eu não acho que ele seja tão bom quanto falam e quero que se esforce mais para estar à altura do que espero - falou de um jeito despreocupado -. Aliás, onde você achou 'aquela garotinha' para trabalhar pra mim? É o que seu mesmo? Pensava que tinha um gosto melhor… - ele riu como se fosse uma piada enquanto sugeria quem seria o alguém melhor.
Quando presenciou essa cena Miles finalmente entendeu, seu chefe sempre o incomodava e lhe dava benefícios tentando se mostrar alguém bom, mas na verdade ele só estava tentando comprar o interesse de Miles. Naquele momento ele se sentiu mal, estava achando que tinha chegado naquele local sem merecer, apenas por que o chefe tinha interesse em ganhar algo em troca fora do trabalho. Isso doeu nele mais do que se possa imaginar.
Ele não conseguiu responder, estava muito enojado pra isso e estava se virando pra sair. Subitamente Carlos agarra o braço de Miles com força.
- Olha, aqui entre nós… eu sempre tive vontade de tentar algo novo, agora que sei que você gosta disso, o que acha de brincar um pouco comigo e eu pensarei melhor no caso do seu amiguinho.
- Eu não estou a venda, ele é competente e se você não gostar do trabalho dele, só quem vai perder dinheiro é você.
- Eu já tenho bastante dinheiro, não é como se precisasse tanto assim de mais. Mas tem algo que eu ainda não tenho e nossa… que vontade de ter. - falou passando a língua entre os lábios.
- Essa "coisa" não é um objeto, muito menos um brinquedo seu. Você não pode comprar pessoas, pelo menos não a mim.
Miles estava cansado desse assunto e puxou seu braço com força, saiu com um misto de fúria e tristeza. Ele só queria sair dali o mais rápido possível.
Saiu com os olhos lacrimejando da sala e encontrou Shiloh sorrindo para ele de longe, naquele momento sentiu uma grande vontade de chorar em seu colo, mas não poderia fazer isso ali no seu local de trabalho. Quando Shiloh percebeu que o outro não estava muito bem ficou bastante preocupado com seu estado. Shiloh o retirou rapidamente da empresa sem perguntar o que aconteceu, pois já tinha conhecimento da personalidade do outro.
Eles foram direto para casa naquele dia.
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Chance do Destino
RomanceApós serem interrompidos de viver seu grande e intenso amor, suas almas voltam a se encontrar séculos depois. Em um mundo tão monótono, cinzento e carregado de trabalho, Shiloh e Miles começam a ter sonhos com alguém que deixavam suas emoções à flor...