'Nós' do destino - Fim

4 3 1
                                    

Em casa Miles tomava uma xicara de chá feita por Shiloh, ele não conseguia dizer nada pro outro e também não entendia o motivo disso ter afetado tanto seus pensamentos. Ele se sentia sujo de alguma forma, alguém que não fosse digno de ter o que tinha, até mesmo de estar com alguém tão atencioso ao seu lado.

Shiloh...

Ele era seu maior presente.

Miles finalmente conseguiu olhar para o rosto de seu amado e por algum motivo sentiu um sentimento amargo surgindo em seu peito, era como se ele não estivesse mais ali, uma espécie de saudade de alguém que se fora a muito tempo...

Isso não fazia sentido. Shiloh estava bem ali, na sua frente, em carne e osso e olhando somente para Miles. Seus olhos lacrimejaram enquanto olhava nos olhos do outro, que ficou muito preocupado e confuso ao ver isso, ele não sabia o que falar e o abraçou.

Ele queria dizer para Miles que ele estava ali e não iria embora nunca mais, mas o choro angustiante do outro não lhe dava um espaço pra achar as melhores palavras. Ele o apertou mais forte no seu abraço.

Enquanto sentia o carinho do outro em seus cabelos e o calor do corpo do outro ele não conseguia conter suas lágrimas, era como se ele tivesse encontrado a sua paz e ao mesmo tempo era tão doloroso.

Meu Bem... meu Shiloh... 

- Desculpe.

Shiloh não entendeu o motivo do outro estar se desculpando, ele estava muito confuso sobre tudo e a única coisa que podia fazer era mostrar que estava ali junto dele. Mas... não é como se não quisesse saber o que o outro estava passando para ajudar de alguma forma.

- Desculpas?

- Eu... só senti que deveria dizer isso... suspiro na verdade nem eu sei...

- Se quiser falar sobre o que está sentindo eu posso lhe ouvir...

- É que é tão confuso, sabe?

Shiloh abraçou o outro mais forte esperando atenciosamente o que ele tinha a dizer e sentiu um calor no peito por ver que ele era alguém que Miles confiava e que se sentia confortável com ele.

- Eu descobri que meu emprego está cheio de benefícios por conta que o meu chefe tinha interesse... meu chefe queria tentar algo comigo... é algo tão ruim você sentir que seus esforços não são reconhecidos e que alguém que você considerava próximo só estava ali por interesse pessoal e não por gostar de estar com você e do que você faz... Me senti um objeto.

- Eu sinto muito, amor, ninguém deveria passar por isso.

- E o pior que isso tudo misturou com uns sentimentos estranhos de uns sonhos que passei um tempo tendo, eles eram bem realistas e até pareciam que realmente vivi aquilo...

Shiloh se sentia mal, em partes ele entendia o que Miles estava passando e quando isso aconteceu com ele foi muito doloroso. Mas, ele estava bem curioso sobre esse sonho.

- Como eram esses sonhos?

- Não sei contar muito bem, algumas coisas estão embaçadas. Mas nele eu tinha alguém em que amava muito, havia conhecido ele em uma espécie de feira e ele estava pintando, e não sei... No decorrer dos sonhos ele se tornava cada vez mais próximo e eu me sentia mais conectado com ele, algumas coisas aconteceram e ele foi morar com minha família e depois de uma discussão com alguém que estava me ajudando apenas por interesse amoroso em mim *suspiro* eu o perdi...

Shiloh estava com os olhos tão abertos quanto podia, eram muitas coincidências juntas e por mais que fosse bem cético, ainda estava muito detalhado... 

- Miles...

- Oi? - respondeu com os olhos vermelhos, mas já havia parado de chorar por conseguir colocar tudo pra fora.

- Você acredita em destino e vidas passadas?

- Talvez um pouco. Por que?

- Seu sonho...

- Como assim?

- Eu... não, nada.

- Não, agora estou curioso! Me conta... vaaai... por favor! – falou fazendo um biquinho.

Vendo o rosto bonito e fofo do outro ele não conseguiu mais suportar e cedeu.

- Bem, você se lembra quando dormi aqui e acordei chorando?

- Sim...

Eu tive um sonho...
 
           Nos beijamos em um rio...


O sorriso era lindo como o seu.

Não acho que seja coincidência.

Agora vou acreditar que somos...


Almas Gêmeas?

Somos.

Shiloh havia voltado para seu apartamento aquela noite, ele achava melhor deixar o outro ter um tempo sozinho para colocar os pensamentos no lugar - e ele também precisava. Eles estavam pensativos e mal conseguiram dormir, aqueles sonhos se combinavam muito.

Se isso for possível, se isso for realmente possível, o destino foi muito bom em me deixar viver novamente ao lado dele mais uma vez, nem que seja só mais uma vez. 

Não te deixarei partir novamente.

Não me afastarei de você novamente.

Nós. Juntos!

[...]

A

lguns meses depois.

O livro foi publicado. Shiloh ainda fez como o chefe estava pedindo, afinal ele era apenas um subordinado. Ele guardou a ideia caso o livro tivesse alguma edição especial, que nunca chegou a acontecer. O livro vendeu bem, mas não lucrou como o esperado. Como a equipe imaginou, não estava tão instigante como a versão inicial.

Porém, a equipe que o planejou estava muito satisfeita, a harmonia que foi estabelecida entre os seus trabalhos e a forma como se tornaram amigos compensou tudo. Eles esperavam ansiosamente uma nova oportunidade de trabalhar juntos novamente.

Shiloh conheceu mais pessoas. Sua vida estava mais colorida desde que Miles tinha entrado nela, o café tinha mais sabor e a vida lá fora parecia bem mais divertida. Ele estava feliz por ter percebido um novo olhar sobre a vida e as pessoas.

Miles aprendeu a descansar um pouco mais e desacelerar seu ritmo, agora ele não estava mais a procura de algo. Ele tinha tudo para ser feliz bem ali na janela do seu apartamento olhando os pássaros passando enquanto sentia o vapor do café em seu rosto. Ele estava procurando por ele esse tempo todo, alguém que pudesse compartilhar as alegrias e dores da vida.

Eles estavam felizes em ter esse amor simples, forte e cheio de desejo.

Ben e Vince...

Shiloh e Miles... 

Se encontraram para nunca se separar.


Para todos que chegaram até aqui: Obrigada pela leitura!
Para todos que acompanharam desde o início e me incentivaram:
Obrigada pelo apoio, vocês moram no meu coração!

Chance do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora