Capítulo 1

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Suspiro ao parar em frente aquela porta, 414, é a porta do apartamento dela. Aperto apreensivo a campainha e após um curto tempo ouço sua voz anunciando que já viria.

— Oi! – ela diz sorrindo após a porta.

— Any tem certeza que não vou atrapalhar? Eu posso arrumar outro lugar para ficar – digo de forma rápida colocando as mãos no bolso e abaixando de leve a cabeça.

— Não Josh – levo meu olhar novamente a ela – Você nunca me atrapalharia, entra logo – completa pegando a pequena mochila que tinha na mão e dando passagem para entrar.

Apenas concordo com a cabeça entro no ambiente, o apartamento de Any era sem dúvidas um lugar belo e aconchegante, o primeiro cômodo a se ver é a cozinha à esquerda que é relativamente pequena no modelo americano com um balcão e três banquinhos por toda a sua volta a separando da sala, seus armários na cor salmão, os eletrodomésticos brancos e as flores na pia e no balcão dão o ar acolhedor e suave que só Any podia proporcionar.

Já tinha vindo aqui inúmeras vezes e já sou recebido pelo pequeno pulguento de quatro patas, Pipoca que estava deitado em um dos sofás da sala veio correndo até mim e consegue me fazer sorrir por ver sua alegria, não resisti e o pego colo e sou banhado por suas inúmeras lambidas, ele um cão da raça Yorkshire que Any trata como um filho.

— Calma rapaz, assim não vou precisar nem de banho para dormir – digo o colocando no chão e ouço Any rindo. 

— Josh – Any diz colocando minha mochila no banco e me puxando para um abraço apertado – Vai ficar tudo bem – me aconchego em seus braços e permito as lágrimas entaladas a sair – Eu sinto muito mesmo – ela me afasta e segura meu rosto com as duas mãos – Vai ficar tudo bem eu vou estar com você para tudo ok? – completa passando os polegares sobre as lágrimas e abraçando novamente.

Não sei quanto tempo ficamos abraçados e não me lembro do momento que Any me levou até o seu sofá e se deitou comigo me envolvendo em seus braços, mas sei que deixei todas as lágrimas e soluços saírem, não me esqueço das palavras e dos olhares decepcionantes que ambos tinham sobre mim.

"— Mas que vergonha – exclama meu pai me olhando – Eu não te reconheço como meu filho Joshua. 

— Me me desculpa pa pai – digo abaixando meu olhar mas me assusto quando sou prensado contra a pare por ele me segurando pela gola da camiseta.

— Você trate de esquecer que somos seus pais tá ouvindo! – grita contra meu rosto e fecho os olhos para tentar segurar as lágrimas – Está expulso dessa casa, não quero filho "viadinho" e nem vou sustentar!

— Sim senhor – digo engolindo o choro e abro os olhos vendo minha mãe atrás dele chorando, olho novamente para ele e só via desgosto e ira em seu olho."

Aquele olhar me destruiu, não só o dele, mas da minha mãe, eu decepcionei os dois, não fui o filho que esperavam e não sei da onde veio a coragem de me assumir para eles, eu achava que precisava ser sincero.

Mas não esperava essa reação, achava que eles se "surpreenderiam", mas que iriam aceitar depois, bom não foi isso que aconteceu. Eu me descobri gay aos quatorzes anos de idade, pode parecer novo, mas vi e senti que não me atraia pelo sexo oposto, era uma tortura quando terminava um jogo de futebol e tinha que ir me trocar no vestiário porque os meninos sempre aproveitavam esse momento para conversar sobre jogos e meninas e sempre estavas com partes de seus corpos nus e aquilo me deixava excitado, eu tinha que focar no teto ou no chão e sempre saía primeiro de lá para que não sofresse as consequências e exposição.

— Já está melhor – me desperto com a sua pergunta.              

— Sim – confirmo com cabeça e me levanto – Obrigado por isso, estava precisando.

— Tudo bem estou aqui para isso – ela sorri para mim – Vem vou te mostrar o quarto – completa indo pegar minha mochila e me puxando pelo pulso.

Adentro no quarto de hóspedes que já havia usado outras vezes em outras circunstâncias.

— Quando você ligou aproveitei e coloquei as suas poucas peças de roupa que tinha em meu guarda-roupa aqui – ela diz apontando para um pequeno armário que tem no pequeno "quarto" já que na verdade isso era para ser um escritório, mas Any decidiu fazer um quarto, o porquê eu não sei.

— Obrigado – me jogo na cama – Acho que quero comer algo – levanto o braço e vejo que já uma da madrugada.

— Você pode comer oque quiser Josh – Any diz sentando no meu colo com um sorriso sacana.

— Ew! – exclama a empurrando – Sabe que da fruta que você gosta eu chupo até o caroço– Any gargalha e sai do quarto.

— Vem tem pizza – ela grita do corredor.

Estou com você | Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora