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035

Ela disse assim pra mim
Que esse amor não vai ter fim
Eu disse linda, não importa o tempo mais
Só você me satisfaz

─── poesia 9, pineapple storm

Afrodite Thoja

A cozinha estava cheia. Riley, Ava, Reeves e Stassie estavam encarregados de fazer a ceia do natal, enquanto o resto apenas observava – já que nenhum de nós temos os dotes culinários que eles têm.

As coisas não demorariam para esta prontas, e a antecipação estava me consumindo. O pedido de namoro de Anthony foi emocionante – embora eu tenha tido o coração partido naquele mesmo dia –, então eu mal posso esperar para ver o seu pedido de casamento.

Aproveitei para dar uma última geral na casa antes que a bagunça começasse de verdade. Eu conheço os meus amigos, e sei que eles comem igual passarinhos.

Gargalhei ao ouvir Anthony reclamar do tapa que havia recebido da namorada por mexer na pasta de creme que ela estava preparando. Do outro lado da cozinha, Riley dava uma bronca em Stassie pela mesma teimar em ficar na beira do fogão; é, parece que daqui algum tempo é Jetr e Vinnie quem vão ser responsáveis pela nossa comida.

— Eu tô grávida, Riley, não aleijada. Pelo amor de deus. — a loira reclama, se afastando do fogão com a cara fechada.

Em questão de segundos Jett apareceu, levando a mão direto para a pequena saliência na barriga da loira, com um sorrisão bobo.

Logo sinto duas mãos nos meus ombros, começando uma massagem gostosa.

— Você não é carinhoso desse jeito. — provoco e ele me olha de maneira indignada.

— É porque eu só mimo essa criança quando você tá dormindo, meu amor. — ele diz, com um sorriso ladino. — Tenho certeza que é uma menina, tenho que começar a por juízo nessa cabecinha desde cedo, né. — é a minha vez de o olhar indignada. — O que?

— Você realmente acha que é uma menina? — ele cruza os braços. — É um menino, Vinnie, eu sei que é.

— Estar na sua barriga não significa nada. — ele diz, manhoso. — Mas, já que a gente sempre discorda de tudo, — reviro os olhos. — se for um menino eu deixo você escolher o nome.

Abro a boca, fingindo estar chocada, enquanto ele ri da minha cara.

— Você "deixa"? — ele concorda em um maneio com a cabeça. — E desde quando você tem que deixar alguma coisa? — coloco as mãos na cintura e ele suspira antes de me roubar um selinho.

— Se for menina vai ser Evie. — arqueio a sobrancelha. — Escreve o que eu tô dizendo, amor, essa menina vai ser um marco na história da música. — ele diz com convicção, me tirando outra risada.

— Ei, casal feliz. — Riley chama a nossa atenção, com a cara nada boa. — Já vou adiantar que se você brigar com a minha afilhada, eu te expulso da sua própria casa. — ela aponta para Vinnie.

— O que ela fez? — ele pergunta, ainda sem me soltar.

— É melhor vocês conversarem com ela. — ele me olha antes de eu assentir e o seguir até o quarto de Hera, onde ela estava sentada na ponta da cama, encarando um ponto fixo.

Me escorei no batente da porta enquanto Vinnie ia até ela, até se abaixar a sua frente.

— A tia Riley te contou, não foi? — noto um tom um pouco assustado em sua voz.

— Não, amor. — ele acaricia a bochecha dela. — Mas você vai me contar. O que você aprontou dessa vez? — ela reprime os lábios e suspira antes de falar.

— Você sempre deixa eu ligar pra mamãe, não é? — ele assente, um tanto confuso. — Então, eu liguei pra ela agora há pouco e a gente conversou bastante, aí eu disse que a madrinha Riley e mais todo mundo vieram passar o natal com a gente.

Fecho os olhos, sabendo onde isso ia chegar.

— Ela tava com a voz tão tristinha, papai. Ela disse que ia passar o natal no hotel onde ela tá dormindo e que amanhã de manhã ela vem me ver. — Vinnie franze o cenho.

— Só isso? — Hera abaixa a cabeça e a abana.

— Eu fiquei triste por ela estar sozinha, papai. — ele me olha e eu mexo os ombros. — Aí eu chamei ela pra cá, só um pouquinho. — Vinnie respira fundo e passa os dedos pelo rosto, provavelmente imaginando o climão que ficaria em uma data que deveria ser comemorada com animação. — Desculpa, papai.

Me aproximo, sentando ao lado da garotinha. Pego em uma das suas mãos e a conforto, afinal, a culpa não é exatamente dela. Além de ser apenas uma criança que não enxerga a maldade nas pessoas, Atena consegue ser muito manipuladora quando quer.

— Não é culpa sua, lindinha. — murmuro, olhando para Vinnie. — Não é culpa sua.

Depois de mais alguns momentos em silêncio, Vinnie se ergue novamente e pega a filha no colo, secando as lágrimas que escorriam por suas bochechas. A falta de presença de Atena contribuiu para que ela fosse uma criança extremamente emotiva.

— Ela disse o horário que viria? — ele pergunta, com o tom de voz calmo.

— Não, mas ela disse que ia ser de noite. — ela responde e ele assente.

— Pede pra Riley dar um banho em você, tá bom? O papai precisa conversar com a Dite. — ela maneia a cabeça e passa as mãos pelo rosto antes de sair correndo pela sala. — Ela não perde uma oportunidade, não é possível...

Me levanto da cama e o abraço, tentando afastar o pensamento sobre a noite chata que teríamos. Não que eu fizesse de propósito; não tenho nada contra ela, não diretamente, mas as atitudes que ela toma com a própria filha já é um motivo para não gostar muito da sua companhia.

Quando ouvimos o chuveiro ser aberto, nós dois seguimos até a sala, onde todos nos olhavam. Aparentemente, Riley havia dito à eles.

— Sacanagem, hein. — Damen é o primeiro a dizer algo, ganhando uma cotovelada de Dixie. — O que?

— O jeito é fazer cara de paisagem até ela ir embora, e estourar o champanhe assim que ela fechar a porta. — Stassie resmunga e eu dou risada.

— Nós gostando ou não, ela ainda é a mãe da Hera, e quem somos nós pra barrar a entrada dela, não é? — Avani diz, tão incomodada quanto os outros. — Mas que sobe uma vontade de arrastar aquela cara de cínica dela no chão, ah isso dá.

— Então parece que eu vou ter que te segurar a noite toda. — Anthony  retruca, se aproximando da namorada.

— Chega de fofoca, aquele peru não vai ficar pronto sozinho. — bato as mãos uma na outra, cessando a conversa.