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O dano que eu fiz para você
Eu não aguento
Eu ainda persigo o seu perfume
no meu quarto, debaixo do meu travesseiro, e meu cobertor
me assombra quando durmo à noite

─── wake up, now united

─── wake up, now united

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Lilith Thoja

A cena era bizarra

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A cena era bizarra. Uma banheira enferrujada estava cheia até o topo com a água morna, mas o dia gélido abaixava a sua temperatura a cada segundo.

O homem ao meu lado estava de braços cruzados, me encarando enquanto eu tirava as minhas roupas e colocava as que ele mandou.

Uma meia calça branca e um vestido rodado, também branco. Ele é um psicopata.

— É melhor você se apressar, docinho, o tempo é uma dádiva divina, mas eu não estou contente com essa sua demora! — meus olhos marejaram. — Ah, não chore querida, isso vai ser divertido!

Eu espero que Dulce tenha escutado os meus gritos no início disso tudo e tenha chamado a polícia.

— Espere! — disse abruptamente antes que eu me colocasse dentro da banheira. — Eu tenho uma ideia melhor!

O homem me levou de volta até a sala de estar, onde estávamos eu e Dulce antes desse homem tocar a campainha, dizendo que tinha alguém o perseguindo..

Como uma pessoa de bom coração, abri a porta e cuidei de seus machucados, até ser golpeada com um enfeite da mesa de centro.

O homem me deitou de bruços no sofá, amarrando meus pulsos com os meus tornozelos. Era uma posição bem confortável.

De soslaio pude ver Dulce na cozinha, escondida atrás do balcão americano, com o telefone nas mãos. Era tarde demais.

Os dois sumiram por cinco minutos, até que eu pude ouvir os gritos agoniados de Dulce no andar de cima, e a água da banheira se infiltrou na madeira antiga, começando a pingar no meu cabelo.

Depois de mais uns minutos em silêncio, um barulho de tesoura encheu a casa inteira. O homem estava "cortando o vento", com um sorriso enorme no rosto.

— Eu vinha observando vocês por uns dias, e percebi que a vida de vocês é muito entediante. Dulce, pobre coitada, vive dia e noite cuidando de uma garota inútil. E você, fazendo faculdade, esperando ser alguém na vida. Eu sinto muito, querida, mas vou interromper os seus estudos um pouquinho. — ele solta uma risada nojenta, aumentando a tensão no meu estômago.

— Isso é alguma pegadinha? Joey, eu sei que você está por trás disso! — novamente, o homem ri, se levantando da cadeira e indo para atrás de mim.

— Quando eu era menor os meus pais me obrigavam a ir à igreja todos os domingos de manhã. Era uma merda! Ouvir o padre dizer todas aquelas palavras de amor, Jesus ama você, e blá blá blá! É pura babaquice, não acha? — não o respondi. — Minha mãe morreu dentro da igreja, em um tiroteio no meio de uma das reuniões de domingo. Foi trágico, e bem, eu sentiria medo se não fosse eu que estivesse segurando a arma.

Ele matou a própria mãe?!

— Você acredita em Jesus, docinho? — perguntou, sumindo totalmente do meu campo de visão.

— Sim. Acredito que ele tem um plano para todos nós. — respondi, suando frio.

— Sinto muito em ter que romper os planos dele para você, e é melhor começar a rezar, querida. — fechei os olhos com força, ansiosa para que tudo isso acabasse.

— Corta!! — ouvimos a voz do diretor e deixei minhas costas relaxarem. — Vocês foram excelentes! — Charli desceu as escadas, secando o cabelo com uma toalha.

— O Chas leva isso muito a sério! Ele realmente quase me matou afogada! — deu um tapa em Chas, que a abraçou pedindo desculpas.

— Foi um ótimo trabalho para iniciantes. Vocês estão de parabéns, mesmo. — mais uma vez o diretor elogiou.

Finalizei a faculdade há pouco mais de um ano e fiz alguns testes para alguns papéis, a maioria deles em Nova Iorque, mas um em especial me chamou atenção como este.

Era uma adaptação de American Horror Story, com novos atores. E o melhor – ou pior – de tudo, é que a série é filmada em Los Angeles.

Charli e Chase são meus amigos desde o início das aulas, ou seja, há mais de cinco anos, e eles também foram aceitos nesse remake.

Chase veio do Reino Unido, e Char veio de Madrid, ambos com o mesmo sonho: serem atores famosos.

Depois de um ano em Juilliard, nós três alugamos um apartamento, com despesas divididas, e como eu sou a menos favorecida, digamos assim, fiquei responsável pelas compras mensais.

O produtor do remake disse que as gravações durariam de cinco a seis meses, e morrendo de vergonha e desconforto, conversei com meus pais – que reataram oficialmente há dois anos –, e estava tudo bem abrigar três adolescentes-adultos em sua casa.

Definitivamente é estranho voltar a passar tanto tempo em casa, depois de cinco anos. É como ser uma adolescente de novo.

Nesses cinco anos eu conheci uma outra versão minha que não fazia ideia da existência. Eu conheci a Afrodite adulta, madura e, acima de tudo, aberta a tudo.

Nas quatro férias de verão que tive, viajei para o país natal dos meus amigos. Ou seja, eu fui de Nova Iorque para Madrid, de Madrid de volta para Nova Iorque, e de Nova Iorque para o Reino Unido. Não é loucura?

Aprendi muito com Charli e Chase– que desconfio ter uma quedinha por mim – e eu tenho certeza que não poderia escolher amigos melhores.

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