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- Porra, Harry.

Agora era a vez de Louis... Ele não imaginava que veria Harry tão cedo outra vez, não depois da forma como ele estava. Parecia tão confuso, perdido e bravo com a situação em que estavam que Louis não imaginou que Harry voltaria pra lá. Mas, antes não tivesse voltado do que deixado isso acontecer.

Louis estava afastado de Harry fazia anos, mas mesmo assim, ele tinha sido a primeira pessoa a ver Harry bêbado na vida. E mesmo olhando de longe, definitivamente ele estava. Louis estava se aproximando quando viu toda cena acontecer.

[ POV: Louis ]

Certo, hoje realmente não é um bom dia. Além de ter conseguido ver Harry depois de anos e mal conseguir trocar meia dúzia de palavras com ele, ainda consegui me desentender com todos à minha volta. Estar ligado a algo de tamanha importância como a máfia dos meus pais me impede de ser simples e feliz... Certamente não era essa a vida que eu queria.

*Flashback On* [ POV Louis ]
Agora eu me considero uma pessoa muito adulta. Eu tenho 9 anos e sei sobre os negócios dos meus pais, não tudo porque ainda sou criança como eles dizem, mas já sabia o suficiente pra dizer que não queria fazer parte disso. Eles me disseram que eu não podia contar a ninguém, nem mesmo ao Harry, porque era um segredo... Eu tenho tantos sonhos, realmente sou uma criança, faço 10 anos daqui alguns dias e não sei sobre tudo que quero pro futuro, mas conheço uma pessoa que quero levar pra lá comigo... Eu conheço Harry desde que me conheço por gente. Nossas mamães eram vizinhas, se mudaram no mesmo ano. Mamãe veio de Doncaster e a tia Anne de algum lugar que parece ter a palavra chapéu no final... Até hoje não entendi.
Desde muito cedo brincamos juntos e criamos algo incrível juntos. Harry é incrível!

- Hey, Harreh. Vamos andar de bicicleta de novo? Por favor, por favor, por favor!!!! - disse fazendo um biquinho.

- Lou, já disse que vamos amanhã... Podemos só ler gibis hoje? Você prometeu! - disse Harry, cruzando os braços.

- Tudo bem... Vem, vamos. - disse, pegando em sua mãozinha para irmos pro meu quarto. Desde sempre eu e Harry somos grudados, eu não fico um único dia sem ver ele, nem que for pela janela. Sempre ficamos juntos, brincamos e até fazemos festas do pijama... Mas quando ele fica doente e não pode ir à escola ou vir em casa, meu dia fica muito sem graça. É como se ele fosse meu lugar favorito no mundo..

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Eles adormeceram assim, enquanto liam gibis deitados de barriga para baixo, conversavam e trocavam risadas juntos... E, como sempre, de mãos dadas.
*Flashback off*

Mesmo tendo um dia bagunçado decidi que deveria voltar lá. Aquele era nosso lugar e ele estava chamando por mim, eu precisava ir e pensar como sempre faço... Fumar um cigarro (ou quem sabe 10), sentir o vento batendo em meu rosto e ver o sol se pôr. Então eu fui, mas não imaginava que veria Harry lá novamente, não depois do que aconteceu. Eu passei a vir aqui sempre desde que nos distanciamos e ele nunca esteve aqui, queria muito saber o que o fez voltar.

E porra, não pude deixar de notar o quão incrível ele continuava. Seus cabelos estavam grandes, não tão grandes a ponto de chegar aos ombros mas um pouco maior do que antes. Seus cachos sempre me deixaram hipnotizado... E claro, aqueles incríveis olhos verdes que se sobressaem em qualquer multidão.

Assim que estacionei meu carro próximo a um Pontiac GTO preto que, cá entre nós, é lindo demais e não duvido nada que seja de Harry, comecei a andar em direção à nossa pedra e por incrível que pareça tive a grande surpresa: lá estava ele. Tentei não fazer barulho para me aproximar já que ele parecia um pouco... digamos que agitado, ele sempre foi o mais tranquilo de nós dois.

Foi quando vi Harry descendo as pedras que se encontravam perto da nossa favorita. Se fosse só descendo estaria tudo bem, mas quando pensei em me aproximar percebi o sereno caindo e o musgo que havia nas pedras ficarem ainda mais escorregadios. Assim que meus olhos encontraram os seus, Harry escorregou e o vi bater a cabeça em uma das pedras, fazendo-o ficar desacordado. Corri para segurar sua cabeça mas não fui rápido o suficiente...

- Porra, Harry.

O que eu devo fazer agora? Olhei ao meu redor mas continuava perdido. Não posso deixar ele aqui como se não fosse nada ou como se não tivesse visto isso acontecer, mas também não posso levar ele comigo... Droga.

Resolvi pegar Harry no colo, mesmo que maior e mais pesado que eu, aos poucos subi todas as pedras e estávamos ali, entre os dois carros. Eu não sei onde Harry mora, mas também não sei onde deixá-lo a não ser em sua própria casa... Bom, é o que temos pra hoje. Peguei as chaves que estavam penduradas no passante de sua calça e o coloquei deitado no banco do passageiro.

Sentei no banco do motorista e comecei a procurar ali algo que me dissesse algum endereço. Quando abri o porta-luvas encontrei uma conta de meses atrás no nome de Harry, e então seu endereço. Para a minha surpresa eu conhecia o bairro e não era tão longe dali, nem mesmo meia hora. Durante o caminho preferi não ligar o rádio com medo de Harry acordar e se desesperar com a situação de me ver dirigindo seu carro, mas não pude deixar de prestar atenção em seu rosto e seus detalhes... Ele estava com uma expressão um pouco dolorida, acredito que pela queda, e sua testa estava franzida. Me veio a lembrança das suas covinhas...

Assim que chegamos à casa de Harry, olhei ao redor para saber se alguém estava por perto, mas a vizinhança parecia calma demais. Abri o portão com o que parecia um controle remoto que estava preso ao quebra-sol do carro e estacionei dentro da garagem. Obviamente nunca vim aqui antes, mas como qualquer casa em Londres, essa era mais uma casa comum. A porta na garagem que dava acesso à parte de dentro da casa estava aberta, então apenas entrei com Harry em meus braços outra vez.

Coloquei ele no sofá preto que estava no meio da sala e o olhei por alguns segundos, me recordando da batida em sua cabeça. Precisava ser rápido... Fui até o banheiro e acabei bagunçando um pouco alguma coisas, até encontrar gaze e esparadrapo. Limpei a ferida entre os cabelos que tinham um pouco de sangue e não pude deixar de reparar que ele tinha cheiro de cerveja e cigarro, mas que droga de cheiro viciante. Mesmo que cigarro seja um cheiro comum pra mim, como isso pode ser tão diferente e excitante nele? Grudei uma gaze com um pedaço de esparadrapo e deixei ele deitado no sofá. Coloquei um copo d'água com um comprimido para dor de cabeça na mesa de centro e apenas saí da casa, encostando sua porta e o olhando pela última vez.

Ele vai ficar bem...

•whispering your name•Onde histórias criam vida. Descubra agora