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Boa Leitura!!!

Harry estava com a cabeça encostada contra a parede do elevador, os olhos fechados e a respiração lenta. Sua mente viajava em milhares de coisas, que iam desde como sua mãe estaria preocupada naquele momento até a razão estranha de ele estar sentindo borboletas no estômago.

Ele era do tipo de pessoa que acreditava que coisas repentinas e inesplicáveis podiam acontecer com alguém e mudar completamente o seu futuro, mas ele nunca tinha acreditado que poderia acontecer isso consigo mesmo. Entretanto, Harry estava ali, prestando atenção na respiração de Draco ao seu lado, no calor que os braços deles colados transmitiam um ao outro e no silêncio confortável que mantinham. Parecia louco sentir o seu estômago revirar por alguém que tinha tido o primeiro contato verdadeiro poucas horas antes, mas Harry estava vendo a si mesmo sem conseguir escapar daquilo.

Quatro horas presos naquele elevador e Draco tinha lhe contado sobre o seu aniversário, tudo que o fazia odiar e esconder aquela data de todos. Harry tinha ouvido como sempre esqueciam que era aniversário dele, como ele tinha passado os últimos anos sozinho no sofá na noite de Natal e ainda mais descoberto pequenos detalhes sobre Draco que parecia que ninguém mais reparava, como o fato de ele gesticular com as mãos enquanto falava.                   

Bem, talvez Harry estivesse exagerando no que estava sentindo. Ou então fosse efeito do álcool. Ou talvez, como último caso, efeito Draco Malfoy.                   

- É oficialmente meia-noite, Harry. - Draco quebrou o silêncio do elevador, a voz mais rouca que o normal

Harry virou para Draco, que levava a garrafa de vinho aos lábios, e abriu um pequeno sorriso.                  

- Essa hora eu deveria estar trocando os presentes com minha mãe, meu pai e minha irmã mais velha. - Harry falou e então seu rosto se fechou em uma expressão triste e o sorriso desapareceu.                    

Draco soltou um suspiro sonoro e virou o rosto para observar seu vizinho, que ainda tinha a cabeça apoiada contra a parede e, desta vez, os olhos verdes perdidos no teto espelhado do elevador.                  

- Sabe, não é a primeira vez que eu me visto de Papai Noel, sabia? - O Malfoy confessou.                  

- O quê? - Harry ergueu o rosto e passou a olhar nos olhos de Draco

- Quando eu era mais novo, não morava em Londres e sim em Doncaster. E todo ano desde que eu completei quinze anos que eu me vestia assim e saia animando as pessoas pelas ruas. - Draco soltou um risinho fraco. - Depois de um tempo, todo mundo já sabia que era eu por baixo daquela barba falsa, mas continuavam fingindo surpresa

E ali estava: mais uma pequena peça do enorme quebra-cabeça que era Draco e, por incrível que parecia, Harry estava começando a montá-lo e perceber que a imagem que se formava era muito mais bonita do que a que embalagem por fora demonstrava.

- E você fazia isso por vontade própria?                     

- É claro! Na época eu ainda acreditava nessa tal magia do Natal que você acredita até hoje, Hazz.                    

Harry se remexeu um pouco sobre a barriga falsa de Papai Noel em que estava sentado e se aproximou ainda mais de Draco, as mãos apoiadas contra o chão tocando uma a outra levemente. Ele tinha medo de ultrapassar algum limite, afinal Draco estava se abrindo lentamente para ele, mas não conseguiu resistira a perguntar.                    

- Draco... - Os olhos de Draco estavam concentrados sobre Harry. - O que aconteceu com você para passar a odiar tanto o Natal?

O silêncio que se seguiu foi tão grande que Harry teve certeza que estava ouvindo as cordas de aço que seguravam aquele elevador vibrarem devido ao peso. O rosto de Draco ficou tenso, a mandíbula se movimentou quando ele apertou os dentes uns contra os outros.                     

- Q-Quer dizer, não precisa me dizer se n-não quiser. - Harry gaguejou. - Me desculpe, eu sou muito curioso.

E então a expressão de Draco relaxou e ele abriu um sorriso sincero e, em um impulso repentino, levou uma das mãos até a bochecha de Harry e apertou a pele avermelhada levemente.                     

- Não precisa ficar envergonhado, Harry. Eu só... - Draco soltou a bochecha de Harry e virou o rosto, falando o resto em um sussurro. - Eu nunca contei isso para alguém.                  

Harry assentiu e pegou um dos últimos panettones que ainda estavam disponíveis e então cruzou as pernas uma sobre a outra, toda a sua atenção voltada para Draco. Harry seguiu cada movimento que seu vizinho fez para pegar a garrafa de vinho com olhos, reparando nas tatuagens que apareciam em seus pulsos quando as mangas da camisa de Papai Noel subiam um pouco.

Draco tomou um grande gole, o primeiro que tomava havia longos minutos, e recomeçou a falar.                    

- Era o meu aniversário de 18 anos e eu sinceramente nem mais esperava que alguém lembrasse desse fato. As minhas irmãs nem ao menos me deram bom dia e correram para a árvore de Natal, procurando se novos presentes tinham aparecido ali. E foi olhando para elas que eu senti a vontade de contar algo para os meus pais que eu já deveria ter contado muito tempo antes. - Draco bebeu mais um pouco de vinho e finalmente voltou a olhar para Harry. - Eles nunca tinham dado muita importância para mim, para o que eu fazia ou dizia. Muitas vezes eu parecia ser invisível naquela casa, então nunca imaginei que iriam reagir da forma que reagiram quando eu contei o que eu era para eles.                  

Harry podia jurar que os olhos de Draco brilhavam mais do que segundos antes, ou talvez fosse apenas as luzes das velas perto do fim que estavam contra o rosto de Draco. Harry sentia a inesplicável e forte vontade de abraçar o homem diante de si, porém não ousou fazer nenhum movimento até que ele retomasse a sua história:                    

- Eu sou gay, Harry. E foi exatamente isso que eu disse para a minha família toda quando estávamos reunidos durante a ceia de Natal. E sabe o que eles fizeram? - Draco parou e uma lágrima teimosa escorreu pela sua bochecha direita, que logo foi secada. - Eles me chamaram de anormal e doente e me expulsaram de casa na noite do meu aniversário e do Natal. Eu fui embora de casa com uma pequena mala, um grosso casaco de frio e pouco mais de cem Libras na carteira e é por isso que eu odeio o Natal.

E ali estava Harry, com seu enorme e sentimental coração, com os olhos molhados graças às lágrimas se acumulavam ali. Ele conseguia ver um Draco mais novo, andando sozinho pelas ruas frias daquela época do ano, sem casa e sem família. O Natal sempre tinha sido um dia maravilhoso para Harry e ele se sentia mal por saber que, enquanto ele estava feliz com sua família, o jovem Draco estava sofrendo e perdido.

E então, antes que Harry conseguisse evitar, seus braços envolveram os ombros de Draco em um abraço.

O corpo de Draco ficou tenso devido ao inesperável carinho, mas logo em seguida ele relaxou e envolveu a cintura de Harry com os braços, puxando-o mais para perto de si, ao mesmo tempo em que afundava o rosto no cabelo longo e cacheado.

E foi nesse momento que Harry soube que aquela coisa repentina e inesplicável tinha acontecido e que mudaria a sua vida completamente.

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É chegamos em um dos meus capítulos prediletos dessa fic :)

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JuXx

Santa Claus (Adaptação Drarry) Onde histórias criam vida. Descubra agora