10pm

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Boa leitura!

Harry tinha tirado o seu terno e jogado-o sobre os seus ombros de qualquer jeito para se sentir mais confortável. Quase duas horas tinham se passado e o elevador continuava travado exatamente no mesmo lugar e não havia nenhum sinal de que ele sairia dali tão cedo.

De tantas coisas que ele esperava para a sua noite de Natal, ficar preso em um elevador com o seu vizinho vestido de Papai Noel era a última delas.

Harry ergueu os olhos e observou Draco. Eles tinham conversado por um tempo e então o muro de silêncio tinha crescido novamente entre eles, talvez pelo fato de que ambos queriam estar fora daquele cubículo o mais rápido possível e estavam, no mínimo, chateados com a situação.

Ele nunca quis admitir que Draco Malfoy era o homem mais bonito que morava naquele prédio, mas trancado apenas com ele, não havia como Harry evitar o pensamento. Uma das coisas que ele sempre tinha reparado era na cor dos olhos de seu vizinho e em como ela parecia mudar dependendo da roupa que ele estava vestindo.

Na penumbra do elevador, os olhos de Draco lembravam o mar revolto, um azul profundo e escuro, que prometia coisas e guardava segredos. Alguns fios de cabelo caíam por sua testa e deixava Draco ainda mais charmoso. Ele tinha um jeito durão e resmungão de ser - Harry já tinha visto muitas confusões envolvendo o Malfoy nas reuniões de condomínio - mas ainda assim, Harry tinha a impressão que Draco era o tipo de pessoa que passaria a noite acordado caso tivesse alguém dormindo abraçado a ele, apenas para ter certeza que essa pessoa estivesse bem.

Ah, Harry realmente tinha que parar de ser tão sonhador. Talvez a profissão de escritor de livros infantis o tivesse deixado bobão demais. Ou talvez o seu fascínio por flores, quem sabe?

- Quais eram os seus planos para hoje, Draco? - Harry se atreveu a usar o primeiro nome pela primeira vez.

Draco abriu um pequeno e triste sorriso.

- Hibernar em uma banheira de água fervente e assistir algum programa idiota na televisão.

O queixo de Harry caiu. Ele simplesmente não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Era tão natural para ele pensar no Natal como uma data para se passar em família, todos reunidos ao redor da mesa, conversando e felizes, que parecia estranho demais imaginar que aquela cena não valia para todas as pessoas.

Draco não disse mais nada sobre aquilo, não explicou o porquê de passar o Natal sozinho, muito menos porque parecia odiar tanto essa data e Harry não teve coragem de perguntar. Ao invés disso, Harry abriu um pequeno sorriso:

- Sem ceia de Natal, então?

- Sem ceia de Natal. - Draco confirmou. - Mas eu não me importaria nem um pouco se tivesse uma na minha frente agora, porque estou louco de fome.

Harry riu. Ele também parecia estar com um monstro dentro do estômago; um monstro enorme e esfameado que estava deixando Harry desesperado.

- E se nós fizessemos nossa própria ceia? - Perguntou para Draco, sentindo imediatamente suas bochechas esquentarem. Ele não sabia como o seu vizinho poderia reagir àquilo, mas fosse da forma que fosse, Harry iria montar a sua própria ceia improvisada. - Quer dizer, não parece que nós vamos sair daqui, no mínimo, pelas próximas horas e tenho algumas coisas aqui que eu ia levar para a minha mãe.

Santa Claus (Adaptação Drarry) Onde histórias criam vida. Descubra agora