Capítulo 2 - Recomeço

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Segurando Sofia pela mão, Callie veio ao meu encontro. Eu não esperava por isso, mas ela me deu um beijo apaixonado, daqueles que apenas os melhores amantes são capazes. E me disse:

Eu nunca mais vou deixar você para trás! Me desculpe por tudo, quero uma nova vida com você e nossa filha! Ninguém é como você, e se for preciso, eu vou lutar para ter você de novo.

Eu só pude sorrir, e as palavras saíram imediatamente da minha boca:

Calliope... Você não vai precisar lutar. Eu estou aqui, não estou? Nós duas erramos, às vezes mais, às vezes menos... Eu sempre quis ficar com você. Tenho medo de que algo aconteça e estrague tudo de novo, mas eu pensei muito esses dias, desde que resolvi me mudar para New York. Eu nunca te esqueci. E sim, eu quero tentar ser feliz com você de novo!

Nos beijamos novamente, e Sofia, que acompanhou tudo, era a criança mais feliz do mundo naqueles minutos. Mas nos interrompeu porque queria ir para casa, estava com fome... Sofia sempre foi comilona, principalmente quando se trata de guloseimas.

O apartamento de Callie era lindo, enorme para alguém que até então morava sozinha. Tinha três quartos, e como ela não sabia qual seria minha reação, o de visitas estrava pronto para mim. Mas, obviamente, ela levou minhas coisas para o dela, e eu apenas deixei (e que noite nós tivemos, repleta de desejo e saudades)... Sofia, que já tinha morado ali, me mostrou entusiasmada cada detalhe, e fez programação suficiente para passear pela cidade por um mês. Eu estava animada, é lógico, mas a cena da Carina indo embora não saia da minha cabeça. Talvez vocês não me compreendam, mas eu me sentia dividida naquele momento: estava feliz por esse recomeço com Callie e por ter minha família de volta, mas estava triste por perder alguém como a italiana.

Depois de alguns dias tentando, sem sucesso, achar Carina nas redes sociais só para ter notícias e saber como ela estava, criei coragem e liguei para ela. Uma, duas, três vezes. Em horários diferentes. Mandei mensagem de texto. Ela não me retornou em nenhuma das tentativas. Eu apenas queria saber como ela estava, e talvez manter uma amizade... Mas entendi que não era o que ela queria. Decidi que Callie não precisava saber desse meu romance e do quanto Carina foi e ainda significava para mim... Afinal, pelo jeito, era uma página virada na minha história, e não tinha porque despertar inseguranças nela já assim, de cara. Além disso, nunca foi tema entre nós os romances que tivemos durante o período que ficamos separadas. Callie apenas me contou sobre Penny, que a traiu com uma atendente no último ano, e com quem ela esta até hoje.

Tivemos dias incríveis! Tirei um mês de férias e Callie também, aproveitamos muito a cidade e nos reconectamos ao que éramos na melhor fase do nosso relacionamento, logo depois de Sofia nascer. Depois desse período, Nicole e eu iniciamos a construção da nossa clínica, e eu participei ativamente de cada detalhe, até que em menos de três meses ela já estava pronta para iniciar as atividades. Os problemas com Sofia também desapareceram, tudo que ela aprontava em Seattle realmente ficou para trás, e eu tive cada vez mais a certeza de que vir para cá foi a decisão certa.

Como eu estava muito envolvida com a abertura da clínica, não tinha tempo de ir à Seattle para as reuniões da diretoria do hospital, fazia sempre tudo por e-mail. Callie de vez em quando até ia, mas eu nunca me interessei em voltar. Na realidade, analisando bem, lá no fundo eu acho que um pouco era medo de rever Carina... Porque eu jamais iria trair Calliope novamente, mas não sei o que aquele sorriso italiano faria comigo.

Era um pouco mais da metade do ano de 2015, eu já estava completamente estabelecida e acostumada com NY, a clínica era um sucesso, minha família era incrível e eu estava grata por isso. Não tinha mais o que eu poderia querer naquele momento. Até que uma noite, Callie chega em casa e solta, me olhando seriamente:

Arizona, eu preciso falar com você! É urgente, e muito importante...

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