Prisioneiro

44 5 24
                                    

A prisão metafórica de alguns, pode ser a prisão literária de outros.

××××××××××××××××××××××××××××

Poucos dias mais tarde, Rosa desceu as escadas a passos rápidos quando ouviu sua mãe lhe chamar.

M_ Pegue algumas caixas e depois venha até o celeiro com Ramon e Rony, sim?_ Rosa sentiu o estômago encolher.

Até ja sabia o que teria que fazer, subiu as escadas novamente se dirigindo para o quarto. Ramon estava no meio do quarto brincando com alguns bonequinhos de guerra que havia ganhado de uns tios recentemente e Rony lia sentado na cama de Rosa. Foi até a cama e encarou o menino apertando os olhos, depois de um tempo Rony a encarou de volta.

R_ Qual a sua?_ Rosa se inclinou  na sua direção.

RN_ Do que ta falando?_ Rony tornou a olhar o livro.

R_ Te dou minha sobremesa por um mês se você for ajudar a mamãe e falar que não to me sentindo bem. é pegar ou largar, e ai o que vai ser?_ Rosa cruzou os braços tentando soar confiante.

RN_ minha querida irmãzinha, eu odeio aquele lugar quase tanto quanto você..._ Rosa levantou a sombrancelha_ Não, eu não vou Rosa._ A menina bufou e olhou para o outro irmão.

Se sentou no chão sorrindo para o mais novo.

R_Ramonzinho..._ Alongou

RM_ Não._ Ramon faz um barulho com a boca como a de uma explosão e Rosa assistiu bonequinhos de guerra voarem pelos ares.

R_Bom, no fim não importa mesmo... mamãe disse pra vocês vir afinal, bora._ Os gêmeos  soltaram suspiros de indignação e foram.

Alguns minutos depois os três irmãos ja estavam na frente do celeiro e as portas se encontravam escancaradas. Tinham nas mãos caixas, sacos de lixo, vassouras e pazinhas para pegar o lixo. Sua mãe apareceu de trás de algumas caixas vestindo um macacão, os cachos amarrados em um coque mas a franja ainda se disponha na testa.

M_Vamos lá meus amores?_ A mulher lhes deu um sorriso resplandecente que iluminava todo aquele lugar escuro e cheio de teias de aranhas dando energia para as crianças que sorriram de volta.

Começaram a arrumação, Marta varria o celeiro enquanto Rony e Ramon organizava as cordas e os estábulos dos cavalos. Rosa se encontrava parada enfrente a uma escada estreita, segurando uma caixa um pouco pesada, ela olhou para cima vendo a abertura no teto e logo em seguida para a mãe que havia pedido para deixar a caixa la encima.

Seu estômago retorcia e sua cabeça viajava ao lembrar as agoniantes 27 horas que havia passado presa la encima. Sabia que ali tinha uma luz fraca para iluminar os cantos menos escuros e acalmar o coração alheio mas nem a claridade servia de consolo quando o assunto era subir ao soton frio e escuro.

Respirou fundo engolindo todo medo, já não tinha mais cinco anos. Era sempre assim... Se forçava a não ter medo de algumas coisas. Começou a subir os degraus, até o topo... Chegando lá sua cabeça adentrou o lugar não enxergando nada além de sombras no escuro. Levantou a mão procurando a cordinha que acendia a luz, quando sentiu nas mãos a fina corda a puxou trazendo assim luz para o sombrio lugar.

R_ Agora você funciona né coisa ruim..._ Disse para si mesma ao recordar que no fatídico dia não havia funcionado deixando assim a pobre Rosa na completa e nada comum escuridão.

Boneco Russo.Onde histórias criam vida. Descubra agora