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3. Uma surpresa de Natal

Era uma quinta-feira comum. Ou aparentemente comum. Começo de dezembro, um dia frio e nublado, Juliet havia acabado de comer um pedaço considerável de pudim de carne e tomava um pouco de suco de abóbora quando Dumbledore levantou-se e pediu a atenção de todos.

- Agora que estamos todos, ou quase todos – corrigiu-se, com um sorriso, ao ver um ou dois alunos ainda comendo – saciados, gostaria de comunicar-lhes sobre o Natal em Hogwarts esse ano.

Um leve burburinho começou entre os alunos, que logo cessou quando o diretor retomou a fala.

- Esse ano não passaremos o Natal sozinhos! Como há dois anos, teremos a honra de receber convidados muito especiais, nossos queridos amigos de Durmstrang e Beauxbatons!

O burburinho transformou-se em uma conversa alta, a surpresa e a excitação eram grandes, então Dumbledore esperou que todos se calassem para continuar.

- Como vocês sabem, estamos vivendo tempos difíceis, sob constante ameaça das Trevas, e os laços que criamos devem ser mais fortes do que nunca. Agora, mais do que em qualquer outro momento, eles serão importantes, e a união será nossa melhor arma contra o perigo que nos cerca. Nossos convidados ficarão conosco por dez dias, tempo mais que suficiente para todos se conhecerem.

Uma onda de aplausos empolgada começava quando Dumbledore ergueu a mão.

- Mas ainda não acabou. A parte mais esperada por vocês talvez seja essa, agora, quando eu anuncio que teremos um baile na véspera do Natal, para todos os alunos. Não esqueçam, nada de mal poderá acontecer a nós enquanto os laços que nos unem forem mais fortes que aqueles que nos separam. Obrigado.

O diretor sentou-se, sorrindo, sob uma chuva de aplausos e gritinhos animados. Harry, finalmente, voltara seu olhar para os amigos, sem saber se estava empolgado ou incomodado com a notícia.

Rony estava com a cara mais vermelha que um tomate e Hermione fitava a superfície da mesa como se fosse algo realmente muito interessante. Harry olhou de um para o outro em silêncio até que Rony abriu a boca, quase engasgando com o ar, e tudo fez sentido – o amigo não pretendia repetir o erro de dois anos antes. Deu dois tapinhas nas costas de Rony e segurou o riso para não atrapalhar o momento.

- Hermi... Hermi... Hermione?

- Ronald?

- Você... Você quer... Hum... Quer ir...?

- Se eu quero ir...? – Ela estava entre confusa e envergonhada.

- Vocêqueriraobailecomigo?

Ronald falara tão rápido e alto que todos na mesa ficaram em silêncio e olharam para ele e Hermione, que corou instantaneamente e respondeu em um tom baixo.

- Eu... Eu... Tudo bem, eu vou.

Os dois trocaram um sorriso tímido, vermelhos de vergonha, e Hermione pediu licença para ir para o Salão Comunal. Harry, enfim soltando o riso que prendia, apertou a mão do amigo.

- Uau, Rony! Você conseguiu, parabéns!

- Ha, ha, muito engraçado, Harry.

Os dois levantaram e Harry ainda gargalhava enquanto guiava um Ronald, ainda perplexo com o que fizera, para fora do Salão Principal.

Juliet estava perdida demais em pensamentos para reparar em qualquer um fazendo qualquer coisa. Olhou para o prato à sua frente e resmungou, infeliz, para sua imagem refletida no fundo – Ótimo, era tudo que eu precisava. Levantou-se num misto de chateação e raiva e foi direto para o dormitório.

Do outro lado do Salão Principal, Ginny e Luna conversavam baixinho.

- Uau, seu irmão foi realmente corajoso!

- É, ele me assusta, às vezes – respondeu Ginny, rindo.

- Mas e aí? Acha que o Harry vai te convidar?

- Espero que sim... – Ginny mordeu o lábio. – Ou posso ir com Neville outra vez. Ou sei lá, tem o Dino também... Mas vou esperar para ver, se o Harry não agir...

- Vocês estão juntos ou não, afinal? – Luna perguntou, confusa.

- Não sei, Lu. Nós nos beijamos algumas vezes durante as férias, mas não conversamos mais depois que as aulas começaram... E, ah! Sei lá!

Ainda rindo da indefinição da situação, as amigas despediram-se e seguiram para seus respectivos dormitórios. Não que alguém fosse conseguir dormir facilmente naquela noite.