1. Sobre Juliet e Harry

410 4 4
                                    

Juliet Brooke, esse é seu nome. 
No alto, nem tão alto assim, de seu 1,65 metro, com um corpo proporcional, rosto delicado, cabelos dourados como o sol e olhos que lembravam um céu limpo de verão, aos 16 anos Juliet não era exatamente o centro das atenções.

Não que fosse feia, ou algo do tipo, e nem que se importasse com isso – na verdade, até já se acostumara.  Tudo isso era graças a um feitiço da desilusão mal feito quando era mais nova.

A história – que não gostava muito de repetir – começou quando tinha apenas nove anos. Tia Marissa, que a criava desde a morte dos pais, quatro anos antes, entrou apressada no quarto e anunciou que iriam fazer uma longa viagem.

- Por quê? – Perguntou Juliet, com inocência.

- Porque estamos prestes a receber visitas indesejadas. Não queremos gente chata conosco, queremos? 

Juliet entendera muito bem que estavam sendo perseguidas, mais uma vez, por Comensais da Morte que ainda estavam na ativa, mesmo cinco anos depois da queda de Voldemort. Era comum isso acontecer, já que sua tia era uma Inominável[1] e isso fazia com que se mudassem com frequência, raramente ficando mais de um ano no mesmo lugar.

E, então, foi assim que tudo aconteceu.

Ao descer para a cozinha com sua mochila carregada de livros, roupas e pequenos tesouros, encontrou sua tia histérica.

- Tia Marissa? Estou pronta!

A tia olhou para ela, ainda nervosa, e apontou a varinha. Juliet arregalou os olhos.

Por uma fração de segundo sentiu um fio gelado descer-lhe pela espinha e parar no meio do caminho. Marissa piscou algumas vezes e chamou seu nome.

- Titia? – Acenou Juliet.

- Ah! Sim! Aí está você! – A tia olhou-a sem saber bem o que fazer e estava mais do que histérica, estava completamente desesperada. Quase louca.

- Tia? Algum problema? O que aconteceu?

- Juliet! Juliet! Vamos! Suba imediatamente nessa vassoura!

A menina obedeceu sem mais perguntas e assim viajaram, em silêncio, por muitas horas. Chegando ao abrigo, que Juliet fora impedida de saber onde ficava até estarem lá, sua tia olhou-a e começou a chorar compulsivamente.

- Fique calma, tia! Agora está tudo bem, não está? Não receberemos visitas indesejadas!
- Merlin, Juliet! O que eu fiz com você? – Soluçou – O que eu fiz? Por favor, me perdoe, querida. Perdoe-me!

Juliet não estava entendendo absolutamente nada. Fez a tia sentar em uma cadeira, conseguiu um pouco de água e açúcar pra ela (depois de revirar muitos armários) e esperou até que ela se acalmasse.

- Agora, por favor, me explique o que está acontecendo!

Entre lágrimas e soluções, tia Marissa explicou a Juliet que, nervosa como estava, havia errado em algum ponto do feitiço e, ao que parecia, Juliet estava condenada a ser “desiludida”. Vendo a cara de interrogação da sobrinha, respirou fundo e foi direta: agora ela só poderia ser vista se alguém realmente desejasse isso!

Legal – pensou Juliet, com tristeza – Realmente legal.

Com um suspiro a menina abraçou a tia e garantiu que estava tudo bem, que, juntas, iriam arrumar uma solução para aquilo.

Os anos foram se passando e nada parecia funcionar. Não encontravam solução! Nem os Medibruxos pareciam capazes de entender o que aconteceu. 

Finalmente, aos 11 anos, estava na hora de Juliet entrar na escola. Mas o que a menina queria saber era como faria isso se ninguém podia vê-la naturalmente.

Marissa fora até Hogwarts quando a carta de convocação chegou e conversou longamente com Albus Dumbledore. Por fim, o diretor decidiu aceitar a menina mesmo com seu pequeno “problema”. Em seguida foi a vez de Juliet conversar com ele.

Ele explicou, pacientemente, as consequências que isso poderia ter, alertou-a de que poderia sentir-se sozinha algumas vezes e quis ouvir dela se realmente estava interessada em estudar ali, mesmo com as dificuldades que eventualmente apareceriam.

Feliz por, enfim, ter a oportunidade de estudar onde sempre sonhou, Juliet aceitou com um largo sorriso. Convivera com a situação por seis anos e agora já estava mais acostumada. Não gostava de jeito nenhum, mas não tinha outro jeito.

Marissa despediu-se da sobrinha com lágrimas nos olhos. Ela nunca se perdoara por ter feito o feitiço errado, mas Juliet já não a culpava mais. De alguma forma a vida quis assim.

Sem oposição da família e da escola, Juliet agora estava apta para estudar e defender as cores de sua nova casa, a Grifinória.

***

Harry Potter, famoso de nome e cicatriz.

Um pouco mais baixo do que gostaria, Harry estava deixando o corpo de menino para trás. Os cabelos castanhos, sempre bagunçados, eram tão característicos quanto seus olhos verdes, meio escondidos por seus óculos de aro redondo. Mas nada o representava tão fortemente quanto a tão falada cicatriz na testa, em forma de raio.

Harry odiava ser o centro das atenções, mas com o tempo foi percebendo que isso era inevitável. Vencera Lord Voldemort, sem querer, quando ainda era um bebê e, com o passar dos anos, enfrentou-o com sucesso muitas outras vezes.

Desde a morte de seus pais convivera com os Dursley e tinha certeza de que qualquer lugar no mundo era melhor que a casa deles. Viu-se salvo quando descobriu a verdade sobre seu passado no formato de centenas de cartas de Hogwarts e de um meio gigante simpático.

Ali, naquela escola, era onde fora mais feliz em toda a vida. Estava longe de ser uma unanimidade entre os colegas, mas tinha amigos em quem podia confiar, especialmente Ronald e Hermione, os melhores que poderia ter.

E, claro, tinha o quadribol. Voando pelo campo, perseguindo o pomo, era quando sentia-se mais livre, e tinha muito orgulho de ser o apanhador da Grifinória.

Durante seus anos no mundo mágico descobriu e perdeu um padrinho muito querido, apaixonou-se, enfrentou perigos inimagináveis e muito sofrimento durante o Torneio Tribruxo... E isso incluía a morte de um colega e dançar com uma garota no baile. Mas, apesar disso, saíra ileso de quase tudo.

[1]NdA: Os Inomináveis trabalham no Departamento de Mistérios com missões secretas, ninguém sabe precisar o que fazem e com o que trabalham. Dentre as salas encontradas no nono andar do Ministério – onde fica o departamento – estão, entre outras: sala dos cérebros, sala da morte (sala do véu), sala do tempo e hall das profecias. Isso já nos diz muito sobre o tipo de trabalho que fazem por lá. (Fonte: Wikipedia)

Thank You For Looking at MeOnde histórias criam vida. Descubra agora