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Bohyuk começou a sentir seus olhos se movendo por de baixo das pálpebras, sentir a dureza da cadeira em que estava sentado e o calor do corpo de Wonwoo ao seu lado, o que fez o menor franzir as sobrancelhas. Ele não queria sair de seu sono profundo e também não queria pensar em mais nada que não fossem seus sonhos. Mas seu cérebro já estava despertando e ele não podia fazer nada para impedir, então abraçou o braço de seu irmão, só para se lembrar de que não estava completamente sozinho nesse mundo, até arranjar coragem de abrir os olhos.

Suas pupilas diminuíram com a luz forte do hospital e, ainda agarrado no Jeon mais velho, ficou encarando a parede a sua frente por longos minutos apenas assimilando tudo o que havia acontecido em um único dia. Assim, começou a se lembrar... Se lembrar de todos os detalhes daquela noite.
































"-- Meu Deus, o que vocês querem?-- fiz uma voz grossa enquanto balançava um bonequinho de lego-- Invadimos a cidade para transformar vocês todos em dinossauros também!-- falei mexendo o dino de plástico na minha outra mão, e então batendo os dois brinquedos um no outro até trocar o bonequinho de lego por outro dinossauro-- Há, há! Meu plano agora tá...

Ouço barulhos de estouros e gritos.

Meu corpo inteiro entrou em alerta e, por reflexo, peguei meu dinossauro de pelúcia favorito, o abraçando tão forte que minhas mãos doíam.

Encarei a porta do meu quarto por alguns segundos até ela ser escancarada.

-- BOHYUK!-- era minha mãe.

Soltei a tensão aliviado, mas fiquei ainda mais assustado que antes quando ela me pegou no colo bruscamente, me levou correndo até seu quarto e me deixou em sua cama, trancando a porta logo depois. Os sons altos não paravam e machucavam meus ouvidos.

-- Mamãe, o que tá acontecendo?-- digo tapando minhas orelhas e com os olhos lacrimejando.

-- N-Nada, meu amor-- olhou para mim e deu um sorriso pequeno.

Ela nunca tinha me chamado desse jeito.

Eu encarava suas costas enquanto ela estava sentada em frente à sua escrivaninha, escrevendo apressada algo em um papel. Pude ver em volta vários outros papéis amassados acumulados no lixo e em cima da mesa. Mas o que ela estava fazendo? O que estava acontecendo no andar de baixo? Eu não entendia. Não entendia nada.

Barulho. Barulho. Barulho.

Minha única escolha, então, foi abraçar meu bichinho chorando e deitar minha cabeça no travesseiro, me encolhendo e pedindo para isso tudo acabar. Mas, logo quando eu deitei, a porta começou a ser esmurrada e mais gritos puderam ser ouvidos, mais perto. Me encolhi ainda mais e escondi meu rosto no dinossauro. Eram tantas perguntas, tanta coisa, tanto barulho.

-- Bohyuk, olhe aqui, presta atenção-- quando senti um carinho no meu cabelo eu levantei meu rosto e vi minha mãe agachada na minha frente, sua voz estava tranquila e isso me acalmou naquele momento-- Eu vou te por dentro do armário e você não pode fazer nenhum som, nenhum se quer-- seu rosto estava próximo do meu e seu olhar sério.

Eu assenti com a cabeça e ela me pegou no colo novamente, me colocando em pé em um vão entre o fundo do armário e a parede. A porta se curvava, quase se quebrando e minha mãe começou a se apressar.

-- Não faça barulho, não chore, não saia daí até seu irmão chegar. Entendeu?-- balancei a cabeça em um sim várias vezes e ela me mostrou um pedaço de papel dobrado, aquele em que escrevia antes-- Essa carta é para o Wonwoo, não dê a ninguém somente a ele. Só saia daí com o Wonwoo. Você entendeu?-- ela foi mais agressiva na última frase e depois de ouvir o meu sim baixinho mamãe pôs a carta no bolso da frente do meu macacão-- E... Se algo acontecer...-- seus olhos encontraram os meus e tinham algumas lágrimas enquanto ela pegava uma faca de cozinha do bolso de seu vestido e me entregava-- Use isso para se defender.

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