Bónus Kénia 3.0

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Passaram-se alguns dias depois de toda aquela situação entre Lamar e eu no dia da Lanchonete. Conseguimos terminar o trabalho a tempo, e devo dizer que a nossa apresentação do mesmo também correu às mil maravilhas, apesar de que o processo de preparação não foi tão bom assim. Eu pensei que depois de eu ter estabelecido com Lamar que seríamos apenas amigos, ele teria desistido de tentar alguma coisa comigo e respeitaria a minha decisão.

Bem, enganei-me redondamente.

O meu plano era ir para a escola e evitar o máximo possível ter algum contacto exagerado com ele, mas é claro que o Rato de Laboratório não me daria a possibilidade de seguir com o meu plano. Todas as vezes em que eu chegava na sala de aula, eu o encontrava sentado no lugar ao lado do meu, que é da Malea, e isso de alguma forma já dificultava completamente o processo de tentar fingir que ele não existe. Porque...como é que eu conseguiria ignorar o seu perfume amadeirado e o calor que emanava do seu corpo logo ao lado do meu?

Quer dizer...era impossível!

Esse processo todo durou ao todo uns três dias, porque depois disso, eu acabei por ser vencida pela sua insistência e decidi dar-lhe uma oportunidade, para tentar algo além da amizade. Eu geralmente sou mais forte do que isso e não me deixo afectar tão facilmente, mas a força que Lamar tem sobre mim chega a ser inexplicável. Ele conseguiu vencer-me sem sequer usar palavras ou acto algum, ele simplesmente sentava-se ao meu lado e fingia que eu não estava ali.
E o mais agravante de tudo isso, é que nem a minha própria amiga teve a decência de apoiar-me, já que sempre que ela encontrava Lamar ao meu lado, ela ria-se discretamente e ia sentar-se em outra carteira.

Eu amo a Malea, mas às vezes eu a odeio.

-Ok...onde queres que seja o nosso primeiro encontro?- Lamar pergunta depois de girar a chave do carro e dar partida no mesmo.

O dia começou exactamente da mesma forma que os outros dias, com Lamar a fazer o seu pequeno jogo psicológico e comigo a tentar ignora-lo, porém sem sucesso. Quase na hora do intervalo, no meio da aula de matemática, comecei a sentir-me incomodada com toda aquela pressão e estranhamente, senti uma necessidade enorme de voltar a ter a sua normal provocação em relação à mim. Então, eu quebrei o silêncio que havia entre nós há quase 3 dias e perguntei-lhe porquê que ele não me deixava em paz. Ele acabou revelando que não conseguiria em hipótese alguma ser apenas meu amigo e que se eu insistisse nessa história, ele continuaria com esse jogo psicológico idiota pelo ano inteiro.

Eu tive que dar-me por vencida porque infelizmente, paciência não é o meu forte.

-Primeiro, não é um encontro.- Eu fuzilo-o com o olhar e ele apenas dá de ombros, sorrindo de forma provocadora.-Segundo, tu é que arrastaste-me para isso, logo tu é quem decides.-Finalizo voltando o meu olhar para frente.

-Tudo bem, princesa!-Ele diz e volta o seu olhar atento para a estrada.

Eu bufo irritada, decidindo ignorar o facto de ele me ter chamado de princesa e volto o meu olhar para a janela. O resto da viagem ocorre na maior tranquilidade, tirando o facto de o meu estômago estar praticamente enrolado por conta da ansiedade e expectativa em relação ao lugar onde Lamar pretende levar-me. Pergunto-me se é um restaurante, daqueles bem finos e requintados, ou então uma lanchonete igual àquela onde fomos da última vez. No entanto, as minhas questões todas são respondidas quando as luzes néon piscam diante dos meus olhos. Lamar estaciona em frente ao Cinema/Teatro mais popular daqui da cidade e não consigo evitar o sentimento de admiração e nostalgia que inunda o meu coração.

Desde mais nova que eu amo Cinema e o Cinema Monroe sempre foi um dos meus lugares favoritos para ir. Porque além de ter sempre as melhores estreias, tanto de filmes quanto de peças populares, ele também tem as melhores pipocas. Porém, a importância que ele tem para mim vai muito além de comidas de plástico e entretenimento. É aqui que eu vinha sempre com o meu pai, antes de ele...

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