𝔗𝔥𝔢 𝔡𝔯𝔞𝔤𝔬𝔫 𝔴𝔦𝔱𝔥𝔦𝔫 𝔶𝔬𝔲| 𝔸𝕝𝕥𝕙𝕖𝕒 𝔹𝕝𝕒𝕔𝕜

Transferência?

Remus Lupin
1981.

Vocês já sentiram a sensação de lhe faltar chão para pisar? Como se estivesse flutuando, faltando um milésimo de segundo para cair no enorme e misterioso nada.

Por que eu já.

Quando eu era criança sofri as consequências de um deslize do meu pai. Os erros dele me fizeram ser o monstro no qual eu convivi a minha vida inteira.
Fiquei sozinho grande parte da minha infância, trancado num quarto gritando por socorro.

Até eu entrar em Hogwarts.

O único lugar no qual eu fui livre o máximo que pude. Meu lar.
Aonde eu encontrei minha família.

Ayla fez eu me sentir como se tudo fosse ficar bem, em uma conversa de algumas horas no vagão de trem, no nosso primeiro dia.

Siri... James me acolheu no mesmo instante me puxando para seu grupo de amizade.

Assim como Lily e Peter também.

E então eles nunca me abandonaram, mesmo quando descobriram da minha... situação.
E desde então eu nunca mais passei uma lua cheia sozinho.

E em uma só noite, tudo isso me foi tirado.

Tão rápido, tão de repente. Tão dolorido.

E eu posso afirmar com todas as letras, que nenhuma transformação minha me doeu tanto quanto perder as pessoas que eu mais amava na vida.

-E-Eu não entendo...

Voltei para casa o mais rápido possível, assim que soube da notícia.

Tive de encontrar Dumbledore, aonde se encontrava a minha afilhada.

Ela e Harry foram os únicos que sobreviveram.

A alma viva dos meus melhores amigos.

-Ela não tem mais nenhuma família, Sr. Lupin.-Ele afirma enquanto segura a pequena Althea em seus braços.

Corro em sua direção assim que a realidade bate. A pego no colo e a abraço o mais forte que consigo. Ela encara o local, curiosa.

Deixo que lágrimas caiam sobre o meu rosto enquanto vejo em seus olhos, os olhos da minha melhor amiga.

-Como você é o padrinho, o certo seria de você cuidar dela.-Dumbledore diz e eu levanto o rosto para encará-lo.

-Eu amo a Althea e eu prometi à Ayla que se caso algo... acontecesse eu cuidaria dela. E eu vou, mas... O senhor sabe da minha situação.-Digo nervoso e ele dá um sorriso leve.

-Acho que você consegue dar um jeito. Afinal é somente uma vez no mês, certo? Ela precisa de você, Lupin.-Ele afirma.

Volto meu olhar para a pequena em meus braços. Pego o pingo de coragem que tem em meu corpo e balanço a cabeça positivamente.

-Pode deixar.-Digo por fim.

5 anos depois.
1986.