A verdade.

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Sirius Black

Arrastei o garoto assustado até o quarto maior. Ele segurava aquela merda de rato como se sua vida dependesse disso e aquilo me irrita.

Assim que o solto, corre cambaleando até o canto do quarto, assustado.
Então, me volto à minha forma humana.

Seu rosto fica da cor dos seus cabelos e sua boca abre, em choque. Tentou falar, ou gritar mas um som sequer saía.

Minha visão então se volta para ele. Peter lutava com todas as suas forças para sair das mãos do garoto. Dou um sorriso sarcástico para a sua tentativa falha de se livrar de mim e de sua futura morte.

-Você é corajoso, sabe, Pete.-Afirmo. O jovem menino está completamente confuso e assustado. Porém finjo que não está presente ali.-Eu passei minha vida inteira pensando que você era um covarde, de verdade mesmo. Mas me enganei. Você tem vários medos, mas não é um covarde.-Digo.

-Exige muita coragem para fazer o quê você fez. Até hoje eu me pergunto como você foi capaz. Como não percebemos isso antes? Me deixou impressionado. Talvez você realmente tenha nos vencido. Você foi o mais corajoso, o mais esperto, também. Eu nunca teria feito o que você fez. Parabéns. Estava um passo à nossa frente e ninguém nunca desconfiou.- Sinto minha voz falhar ao dizer essas coisas.- Mas isso foi antes, Peter. Estamos no agora.

"E eu alimentei meu ódio por muito tempo. E agora, eu quero apenas que você sofra, como nos fez sofrer."

Aponto minha varinha em sua direção. Minhas mãos tremiam. O garoto se encolheu ainda mais e trouxe o rato para mais perto do seu corpo, que continuava lutando para se soltar.

A voz de Ayla ecoava em minha cabeça.
Comecei a escutá-la depois de um ano em Azckaban. Escutava sua voz em todos os cantos, todos os dias, nos meus piores momentos. No início eu achava que estava ficando louco, que Azckaban tinha coado de mim minha única gota de sanidade. Depois de um tempo, eu me acostumei. Hoje em dia, eu sou grato.

Sou grato por escutar a sua voz. E nesse momento, é o que me motiva a continuar. À querer matá-lo cada vez mais. À fazê-lo sofrer como ela sofreu antes de morrer. Tirar dele a única coisa que ele mais lutou: a vida. Da mesma forma que nos foi tirado o direito de sermos pais. Do mesmo jeito que Lily e James também foram.

E nada mais importa.

-RON!! RONY, CADÊ VOCÊ?!- Me distraio. Outra voz. Não a de Ayla. Não. Uma mais real. Uma que não me chama.

-ALTHEA!-O garoto grita, finalmente.- ESTOU AQUI!

Escuto passos rápidos, o contato da madeira velha com os sapatos. Cada vez mais próximos. E me bate a realização: Althea.

Os três entram correndo no cômodo. Vão direto para Ron. Não me viram.

A voz de Ayla agora grita. Dentro da minha cabeça. Meu coração palpita por um milhão de sentimentos.

Ódio por Peter.

Tristeza pela Ayla.

𝔗𝔥𝔢 𝔡𝔯𝔞𝔤𝔬𝔫 𝔴𝔦𝔱𝔥𝔦𝔫 𝔶𝔬𝔲| 𝔸𝕝𝕥𝕙𝕖𝕒 𝔹𝕝𝕒𝕔𝕜 Onde histórias criam vida. Descubra agora