Uma chance de se salvarem

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     Era noite na cidade, o dia tinha escurecido tão rápido quanto as pessoas que saíram de suas casas. Uma neblina densa tinha se formado e apenas as luzes dos postes estavam acesas, todas as casas estavam apagadas e escuras, exceto uma, que tinha em frente um carro virado de cabeça para baixo no meio da rua. A única casa que tinha as luzes acesas também parecia ter pessoas, acontecia ali um falatório tão alto que daria para escutar da esquina com todo aquele silêncio na rua. Era uma casa comum, dois andares com quartos em cima e sala, cozinha e banheiro em baixo, a casa possuía muros na altura do ombro e um portão fechado.

- Mãe… pai… Vocês não podem me deixar, por favor não me deixem! - Lucas se deparou gritando ao acordar. - O que… - ele não sabia se o que tinha acontecido pela manhã era um sonho ou a realidade, tudo estava turvo e lento como sempre é ao acordarmos. O quarto estava escuro e ele pode ver uma janela ao seu lado esquerdo, com uma cortina de pano fino quase transparente balançando com a leve brisa da noite. - Aonde eu tô? - Perguntou na esperança de alguém responder mas como já esperava, não houve resposta, percebeu que não estava em sua casa e tremeu, afinal de contas ninguém fica feliz ao acordar em uma  desconhecida, tentou levantar e foi surpreendido por uma pontada tão forte que perdeu o ar. Uma dor intensa nas costas dele começou mas logo parou, não era contínua, era mais como um hematoma, que dói apenas quando toca. Sem entender esticou o braço direito a fim de apalpar as costas e outra dor o surpreendeu, mas dessa vez em seu braço uma dor contínua e aguda, olhou e viu o braço perto do ombro enfaixado e com manchas vermelhas, logo se ajeitou na cama ara poder olhar o ferimento e expiou tirando um pouco de pano do ombro para ver, pelo pouco que viu percebeu que o corte parecia profundo porém curto. Foi então que caiu em si e se lembrou de tudo que havia acontecido. Chorou novamente por seus pais mas dessa vez no lugar dos gritos de desespero, havia apenas o choro silencioso de uma tristeza profunda e duradoura. Lembrou também que antes de ter apagado na batida, ele bateu com as costas no teto do carro, fazendo com que desmaiasse. Enquanto refletia sobre o ocorrido a porta do quarto se abriu devagar e um rosto preocupado surgiu no escuro.

- ei… Já acordou? Que bom, você deu um susto na gente. - Dizia Renan com um belo arranhão na cara.

- E você brigou com um gato? 

- Minha cara foi no vidro na hora que capotamos, igual seu braço. - Apontou para o braço machucado de Lucas. - Pelo menos no meu rosto foi de leve e logo passa.

- Sobre isso que eu queria saber, como aconteceu isso no meu braço?

- Quando o carro capotou você voou no teto, logo depois os vidros quebraram e seu braço foi de encontro com a janela e as lascas de vidro, você deu sorte que não foi pior. Foi isso que eu vi antes de bater com a cabeça no vidro e apagar também, comigo e com o Léo só não foi pior porque lembramos de colocar o cinto de segurança, já você e o Edu tem sorte de não terem voado pra fora do carro.

- Segurança em primeiro lugar, eu sei. - E deu um sorrisinho de leve. - Mas, onde estamos?

- Ainda… - Passou a mão na boca e voltou a falar. - Na cidade.

- Como?! Por que não saímos ainda? O que aconteceu depois que o carro capotou?

- Calma - Renan saiu da porta e chegou perto de Lucas. - Consegue se levantar?

- Sim. - Renan o ajudou a se levantar mas viu que ele conseguia bem.

- Vamos descer, o pessoal estava esperando você acordar, lá em baixo a gente te explica melhor o que houve.

     Foram descendo devagar a escada e Lucas começou escutar o falatório, quando viram os dois chegando se calaram, Lucas viu rostos alegres e preocupados ao mesmo tempo, estava ali Eduardo, Léo e mais duas pessoas que ele não acreditou quando viu.

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