Capítulo Dozenove;

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PRESENTE

Yoongi tenta, mas não consegue evitar as lágrimas. Ele está confuso, afogado nas próprias emoções.

No medo.

Na esperança.

No desespero.

Será que pode confiar no homem ao seu lado? Ele se colocou nas mãos dele. Por vontade própria. Ele já fez isso antes — com Jungkook —, e a história não acabou muito bem.

Ele não conhecia Jimin. Não de verdade. Park havia o tratado com bondade desde que se conheceram. Antes de Jimin — e desde que seu inferno começou — ele não confiava em ninguém além de si mesmo. 

Yoongi ficou um pouco tenso. Será que Jungkook está vindo atrás dele? 

Ele se abraçou com força, pensar em Jungkook o faz lembrar do inferno que deixou para trás. Não queria pensar naquilo, mas era algo que estava o atormentando desde que aquilo aconteceu. 

Para onde Jimin estava o levando?

Yoongi estremece. A música que está tocando no carro fala de viver nas profundezas do medo. Yoongi fecha os olhos com força. Sente um aperto no estômago, o medo com que tem convivido por tanto tempo, e as lágrimas continuam rolando.

Jimin estacionou o carro na frente da sua casa vermelha. A luz do quintal de cima estavam ligadas e ele podia ouvir as crianças gritando e os cachorros latindo enquanto Taehyung os repreendia. 

Taehyung

O que Jimin diria a ele? 

Respirou fundo. O importante é que Yoongi estava em segurança. Ele se virou para o baixinho, dormindo tranquilamente. Sob a luzes da rua, ele parece sereno e etéreo — a curva de suas bochechas claras, os cílios escuros e o cabelo rebelde todo bagunçado. Estava com pena de acordá-lo, parecia que o sono estava bom, como se fosse a primeira vez que dormia relaxado em séculos, suas olheiras profundas indicavam isso. 

— Yoongi — sussurrou, e seu nome saiu como uma melodia. Ele ficou meio tentado em passar a mão na bochecha dele, mas se controlou e chamou seu nome baixinho mais uma vez. 

Yoongi acorda sobressaltado, ofegante e com os olhos arregalados, estudando freneticamente o entorno. Quando seu olhar encontra o do tatuado, ele para.

— Oi, lindo, sou eu. Chegamos. 

Ele pisca várias vezes, os cílios compridos agitando-se sobre os olhos expressivos, mas dispersos.

Ele é lindo, Jimin passou a língua pelos lábios no momento que seus olhos desceram para os lábios finos e vermelhos. Caramba. Ele tocou seus lábios com as pontas dos dedos, se lembrando do gosto de cereja. 

— Vamos — desceu do carro e deu a volta, abrindo a porta do passageiro. Yoongi passou os braços em volta do pescoço de Jimin enquanto seus braços fortes passavam por debaixo das suas pernas, erguendo-o. 

Yoongi era tão leve, pesava quase como uma pena. Não foi difícil levá-lo para dentro, nem quando os cachorros começaram a pular sobre eles, querendo saber o que Jimin segurava.  

— Nega! — gritou Taehyung, se apoiando no muro de proteção do quintal de cima. Seus braços estavam cruzados e ele segurava um cigarro aceso. Usava também o uniforme de trabalho. Taehyung era advogado  criminal. 

Ele levou o cigarro até a boca enquanto olhava Jimin com aquele típico olhar de julgamento por ele ter levado Yoongi lá. Não que ele não gostasse do Min, nem o conhecia, mas naquela situação toda era o mesmo que cometer suicídio. 

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