Finn agarrou no chão o revólver do Crow que acertou o seu ombro apesar de saber que Trinity tinha dois presos em suas pernas; ele não tinha ideia de onde estavam e com o que estavam lindando, então seria burrice dispensar isso.Depois de ambos armados e com os gatilhos destravados, eles saíram da sala. Os barulhos e tiros se intensificaram, reverberando pelo corredor escuro que se enfiaram logo após passarem pela porta. Era estreito e sujo. As goteiras do teto molhavam o chão e as paredes, deixando tudo mofado e fedorento. Era um corredor de tijolos crus que se estendia há pelo menos quinze metros dali.
Trinity saiu na frente, ainda que sob o olhar reprovador de Finn. Ele não podia discutir e arriscar qualquer barulho, então isso significou uma pequena vitória para ela. Os seus olhos estavam arregalados e atentos, os seus ouvidos captavam cada gota de água que caia no chão e todas as vezes em que o ar saia pelas narinas do Shelby; se algo fosse diferente daquilo, ela atiraria sem pensar muito.
A sua garganta secava e os seus batimentos cardíacos aumentavam a medida que ela andava devagar, aproximando-se da porta de grades que os separava de algum lugar lá fora.
— Trinity — Finn sussurrou alarmado quando já estavam mais próximos da luz.
Ela não arriscaria olhar para trás porque até o último fio de cabelo seu dizia que tinha alguém esperando que a cabeça de Finn Shelby surgisse através daquela porta para acerta-la sem hesitar. Ele era o alvo primordial.
— Vai na frente, Finn — Trinity grunhiu, mas não sussurrando como o Shelby. Foi bastante audível.
Ele não reconheceu a voz temerosa que entrou em seus ouvidos nos primeiros instantes, porque nada na postura da garota denunciava medo. Mas quando ela não fez menção de se mover depois de instruí-lo a seguir na frente, ele compreendeu o que a garota estava fazendo. Mais uma vez ela não o olhou, então Finn tocou o fim de suas costas para avisar que havia compreendido. O Shelby a empurrou de leve com a ponta dos dedos, fazendo a garota dar mais um passo para frente.
Um passo exageradamente barulhento, que como efeito dominó resultou na enfim aparição do Crow escondido, como eles haviam pensado, com o revólver apontado rapidamente, mas não rápido o suficiente para acerta-la antes que duas balas o atravessassem: uma da MacGyver e outra do Shelby, por cima do ombro da garota.
O Crow caiu sem vida e Trinity instintivamente segurou a barra de ferro para abrir a porta, mas Finn a impediu. Ele tomou a mão da garota e deslizou a sua até o cotovelo dela, puxando-a para trás de si.
Se mais trinta daquela gang de merda estivessem com o gatilho pronto para ser puxado, então os seus miolos seriam estourados. Ele não precisava de nenhum sacrifico. Finn abriu a porta e se livrou das grades, dando o último passo que o levou para um pátio imundo como o beco, mas muito mais pelos corpos e sangue banhando o chão.
Finn varreu o lugar com os olhos e encontrou
John segurando uma espingarda. A roupa do irmão estava manchada de sangue como uma parte do seu rosto e ele ofegava.— Finn! — John Shelby aproximou-se rapidamente do irmão, andando entre os corpos caídos pelo pátio e fazendo os seus passos ecoarem entre a água e o sangue.
— Que porra aconteceu com o seu braço? — John se assustou.
— Um tiro, mas não é nada. — Finn avisou quase no automático.
John finalmente o alcançou, segurando-o forte e o abraçando para quase fundi-los.
— Me desculpe por ter que deixá-lo, irmão — John fechou os olhos com força, a respiração voltando ao lugar enquanto sentia a vida do irmão contra o seu peito.
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Peaky Fucking Blinder
FanfictionFinn Shelby, o mais novo dos irmãos Shelby, é também o que está sempre as sombras dos mais velhos. Impossibilitado de se envolver a fundo com os negócios da família, Finn vê um borrão no espelho, onde um reflexo claro de um Peaky Blinder deveria sur...