o tiro

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A chuva não amenizou. Quando chegaram na casa, boa parte já estava escura. Polly e Michael já havia se retirado, também John, sozinho, já que Esme não estava ali naquela noite. O sobretudo de Finn impediu que a lama destruísse o seu vestido, o que a confortou de algum modo, já que não pretendia passar a noite nua.

E, no entanto, nada foi feito pelos seus sapatos, destruídos pela lama marrom sem piedade. Em silêncio eles desceram do automóvel e foram até a porta de entrada, Finn empurrou a madeira escura e deu passagem para ela. Trinity, no entanto, parou e tirou os sapatos. A única coisa que a separava do chão gelado era a fina meia que cobria seus pés e se estendia até a coxa. Puxou ar para os seus pulmões e ajeitou a postura, voltando a caminhar.

Finn deu de ombros.

A casa estava em silêncio completo, exceto pelo ruído da chuva se chocando contra o teto.

— Vou te deixar em um quarto próximo ao de Polly — Finn avisou. — Se precisar de qualquer coisa, fale com ela.

— Obrigada, Finn — Trinity começou a se desfazer do sobretudo. Quando estava sem ele, ofereceu ao garoto com um sorriso curto. — Acredito que queira se deitar agora.

Finn assentiu, esticando o braço e pegando a peça pesada.

— Vou te levar até o seu quarto.

Dito isso ele começou a se mover em direção a escada. Parou no pé dela, esperando por Trinity, que ao se por ao seu lado subiu junto a ele até o segundo andar. A casa era cheia de corredores e portas, e Finn parecia conhecê-la bastante, já que seus passos eram precisos. Trinity se incomodou com a falta de sapato em seus pés, mas era isso ou o barro nojento.

Os sapatos de Finn faziam bastante barulho contra o piso, enquanto seus passos mal ecoavam.

Ele apontou para uma porta em meio a outras cinco no corredor.

— Polly está bem ali. E esse — apontou para o quarto ao lado — é o seu por essa noite.

— Existe uma espécie de divisão entre onde homens e mulheres devem dormir? — Trinity perguntou antes de pensar melhor sobre isso, com as sobrancelhas se aproximando, curiosa.

Finn a olhou de cenho franzido, um sorriso crescendo em sua boca.

— Huhn, não. Eu só pensei que você se sentiria mais confortável assim.

— E o que te fez pensar isso?

Finn ergueu as sobrancelhas, balançou a cabeça em negativa levemente. Seu sorriso se tornou divertido.

— O fato de que eu conheço a minha família e sei o que você poderia ou não encontrar nos quartos ao lado. — ele deu de ombros.

Trinity espremeu os olhos, a sua curiosidade se aguçando.

— E o que eu encontraria?

— Boa noite, Miss. MacGyver. — Finn encerrou o assunto, sorrindo um pouco menos mas ainda com os lábios curvados.

Ele não esperou por mais, lhe deu as costas e caminhou para onde o levaria ao seu quarto.

— Finn, isso é cruel! — Trinity se queixou, emburrada.

Finn girou o pescoço e a olhou sob os ombros com a sombra do seu sorriso.

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