#2 O robô e o Morcego

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Lucio se vê em lugar cheio de casas, todas cercadas de trepadeiras, algumas arvores crescem nos quintais e na rua, a vegetação ali é alta. Por um momento a preocupação o invade. "Este lugar está desolado". Pensa ele indo em direção a uma das casas.

Ele entra no primeiro quintal, a visão é a mesma, o mato cresce alto junto com as ervas daninhas. Em um canto um canteiro cheio de flores, de formas que ele não pode reconhecer. As pressas para sair da chuva ele entra por um porta aberta. Por um momento seu coração para, o lugar está completamente abandonado, uma camada de poeira grossa cerca todo o local, está tudo uma bagunça, móveis espalhados e cacos de vidro quebrados por todo o canto.

Entrando, ele deixa suas pegadas molhadas pelo chão empoeirado. Ele anda pelo cômodo da sala, na parede uma grande tela quebrada com um buraco no meio. Andando a frente ele ouve um quebrar de vidro, tinha pisado em alguma coisa, uma pequena tela de não mais que um palmo de comprimento, nela uma holografia mostrava uma pequena menina com um cachorro. Ele tinha quebrado uma parte da tela fazendo um risco de interferência no que parecia ser um porta retrato.

A chuva cai forte do lado de fora, suas roupas molhadas deixam ele com frio, Lucio então entra mais adentro da casa, precisava de roupas novas, provavelmente teria alguma ali em algum lugar. Entrando em um dos quartos ele encontra uma pequena cama, as paredes cor de rosa e um guarda roupa com roupas caídas ao chão, era o quarto de uma criança. As roupas não serviriam nele mas ainda sim tratou de dar uma olhada no quarto.

Ele viu um pequeno caderno surrado no chão, tratava-se de um pequeno diário. Uma figura de um unicórnio estampava a capa dura do pequeno livro. Folheando ele lê coisas triviais dos sonhos e desejos de uma garota que descobriu ter o nome de Luísa. Passando pelas páginas ele encontra algo que chama sua atenção, as páginas quase ilegíveis diziam o seguinte:

"Março de 2045

Hoje o jornal falou mais uma vez da doença. Papai e mamãe estão preocupados, parece que ela chegou até aqui. Eles sabem de alguma coisa mas não querem me dizer. Parece que chegou uma carta hoje de manhã, vamos fazer as malas e ir para um lugar chamado de refúgio..."

As letras a partir daí começam a desaparecer, a tinta gasta parece ter se desbotado durante o tempo. Deixando o diário de lado ele vai para o próximo cômodo. Uma grande cama de casal com lençóis cinzas de tanta poeira. No guarda-roupas revirado ele encontra algumas roupas jogadas. Ele pega algumas roupas que provavelmente pertencia a um homem um pouco maior que ele, mas aquilo ia servir. Virando o guarda-roupas ele encontra uma pequena caixa de madeira, lá dentro um revólver com algumas balas estava guardado. "Não sei onde estou, qualquer tipo de proteção vai vir a calhar". Ele recarrega a arma e guarda consigo.

O cansaço finalmente o pesa, andou quilômetros sob uma chuva incessante que continuava a cair lá fora. Se jogando em cima da cama ele levanta uma grande nuvem de poeira, virando a cabeça de lado ele dorme e começa a sonhar.

- Cuidado agora com a matéria negra – dizia um homem baixo com um grande bigode.

- Sim doutor. – Disse Lucio com um cristal negro em suas mãos. – O experimento está pronto para começar. –

- Ótimo. – disse o homem baixo com bigodes e cabelos grisalhos. – agora coloque na máquina e vamos ver o que acontece, mas cuidado, qualquer erro, o mínimo que seja, pode causar uma catástrofe...

Lucio acorda com um barulho alto, parece o badalar de um grande sino. Indo até a janela ele vê que a chuva já tinha passado. O céu agora limpo o sol ilumina as ruas, pequenos pássaros cantam em postes e árvores. O badalar continua. Aparentemente existe alguém na cidade. Ele pega suas coisas e parte em direção ao som.

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