Novo Mundo

#5 O Guardião

- Então é esse o artefato, doutor Fernandes ? – Lucio encarava o cristal negro dentro de uma caixa de proteção

- Sim sim – Disse o homem velho grisalho de bigodes que se chamava Fernandes – com ele conseguiremos abrir o portal. Agora faça a programação teste, acho que amanhã poderemos começar o experimento de fato.

Lucio acorda em uma floresta de mata fechada, o sol entrava pela copa das árvores, por um momento ele sente uma sensação de dejà vu, "De volta à faze zero" pensa ele.

A lembrança dos abóboras faz com que ele olhe para os lados, com medo ele recupera as forças quando percebe que está sozinho. "Eles realmente iam me crucificar!"

Tinha roubado um pouco de comida daquele povo estranho, não era um banquete mas ia servir para matar a fome, e sobraria algo para mais tarde, mas ainda precisaria procurar provisões para os próximos dias.

Enquanto comia um barulho vindo de perto, um rosnar alto e o farfalhar de folhas sendo quebradas. Engolindo seco ele termina logo de se arrumar e pega a espingarda. Apontando para o lado de onde vinha o barulho Lucio se escode em baixo de um dos maiores arbustos e se prepara para o que possa acontecer. O rosnar se aproximava mais, ele já estava tremendo e quando viu a fonte do rosnado ficou ainda mais apavorado. Um grande urso de quase dois metros de altura ainda nas quatro patas estava farejando procurando comida. A criatura para e se ergue ficando em pé em duas patas, aumentando ainda mais seu tamanho monstruoso. A criatura fareja o ar, Lucio fica ali mirando o urso sem muita firmeza por conta da tremedeira. O urso volta para as quatro patas e encontra a sacola de comida de Lucio, comendo toda sua provisão de comida.

Lucio sem reação fica ali parado enquanto vê o urso comer todo seu mantimento. A criatura então após comer solda um grande bocejo se deita e começa a dormir.

Se desprendendo do seu medo Lucio sai de seu esconderijo e se afasta da monstruosidade em sua frente, quando vê que já está a uma boa distância começa a correr

Corre até chegar em uma clareira, ele para ali para descansar um pouco para pensar no que poderia fazer agora. Parado em uma árvore, mal pode descansar direito, quando escuta novamente um farfalhar na mata. Um vulto passa por entre as árvores rapidamente, se levantando, Lucio prepara mais uma vez a arma pensando que o urso tinha o seguido. O vulto começa a circundar toda a clareira, Lucio vai para o meio dela tentando mirar na criatura mas seja lá o que fosse aquilo (era muito rápido para ser o urso) não deixava ele manter o foco. Então silencio. Abaixando a arma com alivio ele da alguns passos para trás, mas para quando sente algo em suas costas.

Virando-se já com o coração na garganta, ele vê um amontoado de folhas se erguendo em sua frente, quando levanta o pescoço ele se depara com um rosto de madeira o encarando, covas escuras como olhos estavam lhe observando, nos lados da cabeça duas galhadas enormes de chifres se erguiam.

Lucio solta um grito de horror e se afasta de seja lá o que for aquilo.

- Calma, calma. Não estou aqui para te machucar humano. – Disse a criatura feita de folhas. Raízes saíram de seu corpo, quando Lucio reparou se tratava dos braços da coisa arbusto.

- O que... que diabos é você? – Lucio apontava a espingarda (mais uma vez tremendo) para a coisa arbusto.

- Sou um guardião. Guardião dessa floresta. Abaixe essa arma meu nobre humano, não irei te machucar. – O guardião se aproxima um pouco e abaixa com suas mãos o cano da espingarda. Lucio sente um aroma perfumado saindo do guardião, suas emoções se acalmam e ele se deixa relaxar.

- Fique calmo – O guardião dizia com uma voz serena e branda. – Você parece um tanto cansado, descanse um pouco em minha morada, aposto que passou por maus bocados até agora. Venha vou lhe dar o que comer.

O guardião se afasta, quando vê que Lucio não o acompanha balança a mão o chamando. Lucio ainda aturdido, vendo que a coisa arbusto que se denominava Guardião era um ser pacifico decide ir em sua companhia.