Jéssica deu um grito de emoção e bateu palmas descontroladamente. Ian soltou um de seus sorrisos de me tirar o chão, desviou das cadeiras até chegar em mim, mas ao esticar sua mão, olhou em direção a sua mãe, com um olhar que só ela entenderia.
— Sempre acreditei que sua felicidade estava ao lado da Maya — ela encorajou o filho — Só quero que você seja feliz.
— Não acredito que isso tá acontecendo — Alexia batia o pé no chão, histérica.
— Não se preocupe, você pode viver sua história com o Erick — Ian piscou para a ex-noiva e eu finalmente segurei sua mão.
Fizemos o caminho pelo tapete vermelho, mesmo morrendo de vergonha, não me preocupei com os olhares julgadores.
— Aqui — Jéssica jogou a carteira para Ian, que a pegou no ar — Corram, corram, corram e vão viver essa história de amor — ela ainda batia palminhas frenéticas, parecia ser a única feliz no local.
De mãos dadas, corremos para fora do hotel.
Na avenida principal, Ian parou bruscamente e se virou para mim, ficando frente a frente, como a última noite.
— Espera — ele respirou ofegante — Preciso fazer uma coisa que deveria ter feito há dez anos.
Franzi as sobrancelhas.
Sua mão contornou minha cintura e me puxou para mais perto, fazendo nossos rostos ficarem a centímetros de distância, seu cheiro doce já me consumia. Ele abaixou a cabeça lentamente, até seus lábios estarem colados nos meus. Só Deus sabe o quanto esperei por aquele beijo, correspondi como se minha vida dependesse dele, deixei todos os sentimentos guardados explodirem como fogos de artifícios.
Nos separamos aos poucos, continuei com a boca entreaberta esperando por mais dele. Fiquei com medo de abrir os olhos e tudo não passar de um sonho, como os milhares que tive, mas sorri quando ele ainda estava em minha frente.
— Pra aonde vamos? — perguntei, entrelaçando meus braços em volta de seu pescoço e selando nossos lábios mais uma vez, poderia fazer aquilo pelo resto da minha vida.
— Você vai gostar. Planejávamos fazer isso há muito tempo — Ian beijou minha testa.
Quando estávamos na estação de trem, me lembrei do que ele tinha me dito anos atrás.
— May, a gente ainda vai viajar juntos nesse trem — um Ian de oito anos me prometeu enquanto dividíamos um pacote de bolacha e víamos o trem passando ao longe.
Por incrível que pareça, sempre que combinávamos de fazer a tal viagem, que era apenas ir da nossa cidade até a cidade vizinha, algo nos atrapalhava.
Talvez, o destino estivesse nos reservando uma viagem inesquecível.
Ian arrancou a gravata no meio do caminho até a cabine para comprar as passagens, a jogando em um canto qualquer, fiz o mesmo com o corsage em meu pulso.
Sentados no banco do trem, quase vazio, esperando por sua partida, Ian tirou o celular do bolso da frente da calça.
— Você estava casando com o celular no bolso? — indaguei.
— Quando acordei de manhã, a única certeza que tinha é que não casaria, sabia que precisaria do celular quando fugisse daquela loucura.
Ele deslizou a tela e a mensagem de Jéssica pulou nas notificações.
Jés: Vocês não vão acreditar, mas tá tudo tranquilo por aqui! Acho que vai até rolar o casamento entre Alexia e Erick. Divirtam-se, seja lá pra onde vocês foram!
— Obrigada por me salvar — Ian soltou, fazendo com que eu tirasse a atenção do celular — Você sempre foi meu amuleto da sorte — sua mão colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha — Nunca vou me arrepender de ter feito isso. — ele selou nossos lábios e o trem começou a andar.
Deitei em seu peito e observávamos a paisagem, certeza que assim como eu, ele também estava pensando tudo que aconteceu e de como fomos parar ali. Não tínhamos noção do que faríamos quando o trem parasse, mas tínhamos certeza que não nos largaríamos mais.
Sufocar-me com as palavras nunca foi a melhor alternativa, mas mesmo assim, a escolhi por muitos anos.
Nosso tempo não acabou, o passado, obviamente passou e não dava para voltar. Mas e o futuro? O que ele podia nos reservar?
Nunca é tarde demais para viver, para ser feliz. É melhor se arrepender de ter feito algo, do que se arrepender de sequer ter tentado. Então, quando a voz gritar dentro de você... Fale agora!
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FALE AGORA [CONTO]
RomanceE se você tivesse apenas uma chance na vida de gritar tudo o que sente? Apenas uma chance. Você gritaria? Você se arriscaria? Ou se arrependeria de nem ao menos ter tentado? Maya sempre foi apaixonada por Ian, mas nunca conseguiu expressar todo seu...