As Flores do Campo

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Meu nome é Riki Hayato. Tenho 16 anos e um sério problema, algo que somente alguém como eu poderia entender:

Sou tímido. E perseguido por várias garotas. E isso me dá muito, muito medo.

Os poucos amigos que eu tenho não entendem isso. Aliás, dizem que sou o que todas as garotas querem:

Bonito, inteligente, carinhoso. E, ao que parecem, elas gostam de alguém tímido assim para fazer sei lá o que. Mas acontece que eu não me sinto bem quando uma garota fica correndo atrás de mim pelos pátios à gritar meu nome. Bem, por enquanto sigo focado nos estudos.

Hoje é um dia importante. É o dia em que darei inicio ao meu ultimo ano no Colegial, esperei muito por isso, e me esforcei bastante até aqui. Agora, é a hora de me esforçar em dobro. Farei história em todos os anos do meu Colegial. Eu tirei notas máximas em tudo em que se podia tirar. Sou considerado o aluno número um do meu estado, e o segundo melhor do meu país. Mas não demorará até eu ser o primeiro. Darei orgulho e honra à meus pais e minha cidade.

Dei uma arrumada no meu uniforme, e decidi que já era hora de ir. Um novo ano me esperava. Quantas surpresas estavam por vir?

Saí de casa e o tempo estava agradável. A brisa soprava fresca e leve nesse calor de verão. Aspirei profundamente e a brisa me trouxe o leve e adocicado aroma das flores do jardim de casa. Rosas, lírios, jasmins, os mais variados tipos de cores e aroma, brigavam por minha atenção. Mas agora não tinha tempo. Se eu não me apressasse, iria chegar atrasado na cerimônia.

Indo para a escola, numa rua calma que continha uma leve subida, tinha uma menina à minha frente. Ela andava calmamente, mas parecia meio perdida. As vezes parava e olhava ao redor, como que tentando se localizar. Numa dessas vezes, me prontifiquei em ajudá-la.

-Com licença, é a Escola Kurosou que procura? Se quiser posso acompanha-la, estou indo até lá.

Nisso, ela continuou parada, de costas para mim, olhando ao redor. Supus que não me ouviu, dado que ela nem olhou para mim. Toquei levemente em seu ombro e disse, desta vez mais perto:

-Com licença...

Nisso, ela se virou e me olhou assustada. Foi então que vi o quanto era bonita. Tinha uma beleza onipotente, capaz de superar qualquer coisa mais linda que já vi nesse mundo. Mesmo me olhando assustada, tinha em suas feições algo de elevado, um ar superior, uma confiança que se demonstrava claramente em seus olhos altivos e brilhantes. Sua boca, quase que minúscula, foi desenhada naquele rosto com tanta perfeição pela natureza, que era uma tentação irresistível a qualquer um que a olhasse e...

Ei, no que estou pensando? Assustei a coitada, e aqui estou eu, a apreciar a beleza dela e olhando sua boca avidamente sem nem pedir desculpas. Ela deve pensar que eu sou um maniaco! Foi então que percebi, depois de um breve instante, que aquilo que pareceu alguns minutos ao seu lado, foi somente poucos segundos. Como o tempo ficou tão lento?

-Desculpe-me se te assustei. Você parecia perdida, então pensei que poderia lhe ajudar a ir até onde quer. Suponho que seja a Escola Kurosou.

Ela deu um passo para trás, olhou para o chão e fez uma reverência.

-Muito obrigada. Realmente estou um pouco perdida, me mudei recentemente para esta cidade, e ainda não sei onde é a escola. Agradeceria se você pudesse me levar.

-Será um prazer.

-Obrigada.

-Não tem de que.

Demos alguns passos e então reparei seu perfume. Era inebriante como o mais doce vinho. Quase fiquei tonto, mas me controle e segui ao seu lado.

Por que, de todas elas, justo essa me chamou a atenção?

O Doce Lado do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora