3 - Mas Se Eu Pudesse 🟡

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POV Andy

O carro parou suavemente do lado de fora da mansão, onde sem dúvidas a mulher ao meu lado passaria a noite sozinha. Ou pelo menos pensei assim até ela não soltar da minha mão após descer do carro. Sim, eu levei alguns segundos para perceber que ela queria que eu a seguisse. Assim que finalmente saí do carro, Miranda dispensou Roy, dizendo que eu voltaria para casa de táxi. Se o motorista pensou algo sobre isso, sabiamente não expressou nenhuma reação. Provavelmente nem pensou em nada, porque quando você trabalha para Miranda, só resta simplesmente adaptar-se a horários irregulares e demandas absurdas, dia e noite. Não se pensa, apenas se obedece.

Enquanto eu pensava sobre Roy, Miranda nos conduziu para dentro.

Eram raras as ocasiões em que eu tinha a oportunidade de vê-la desmontar-se, mesmo que só um pouco, da persona apresentada ao mundo. Hoje estava sendo uma dessas noites de sorte. Ela entrou e se apoiou na parede para retirar os saltos, um suspiro de alívio escapou de seus lábios e parte da sua tensão se dissipou ali.

Ela não indicou se eu deveria fazer o mesmo, então eu só aguardei por ordens.

Miranda me olhou como quem diz "Venha comigo, Andrea" e começou a subir as escadas sem olhar para trás nenhuma vez sequer. Eu nunca subi antes, não sendo convidada pelo menos. Me senti como se fosse sair do corpo ao perceber que estava entrando no quarto da pessoa que eu mais desejava no mundo, entretanto, me mantive com a postura mais profissional possível. Não durou muito a minha pose, isso porque meus ombros tremeram quando ouvi a porta ser trancada atrás de mim.

"Assustada, Andrea?"

"N-não. Apenas surpresa."

"Hm." Miranda meneou a cabeça, me olhando de cima a baixo enquanto ponderava sobre seu próximo passo.

Alguns minutos passaram em silêncio, eu me sentia enjoada de tanta ansiedade.

"No começo, Andrea, eu confesso que pensei que estava louca." Ela começou a falar com uma voz que eu reconhecia, mas que nunca havia sido usado comigo. Depois, percebendo o tom de vulnerabilidade, ela se recompôs, usando a mesma voz de quando me chamou atenção algumas vezes. "Achei o meu dito narcisismo havia me dominado por completo e que eu havia me tornado mais uma daquelas pessoas patéticas, que supõem que todos ao redor estão olhando. Depois, eu comecei a testar as minhas teorias. Claro que foi um grande afago ao ego, uma mulher jovem, atraente, praticamente arrancando um pedaço de mim com os olhos todos os dias... sempre tão pronta para agir segundo as minhas ordens, pronta para até mesmo sabotar colegas de trabalho só para ficar mais perto de mim. Eu assisti com certo divertimento, confesso, mas hoje você chegou ao limite da discrição, e eu não posso deixar que continue. Qualquer pessoa com olhos mais atentos teria notado o que você estava fazendo hoje, o motivo de estar reagindo de forma tão protetora. Em outros tempos eu simplesmente te mandaria embora, mas seria imbecil da minha parte não reconhecer que você faz um bom trabalho, por isso resolvi acabar com tudo isso de uma vez por todas e desconsiderar esta bobagem."

"Miranda, eu não-"

"Não tente negar. Só servirá para testar a minha paciência."

"Certo." Murmurei sentindo o meu coração bater dolorosamente rápido no peito.

"Venha comigo, Andrea. Resolveremos este problema de uma vez por todas." Ela passou por mim, em direção a uma porta no interior quarto e eu a segui prontamente.

Entramos em um banheiro enorme, ela foi direto para a pia e me olhou pelo reflexo.

"Vou te dar um tratamento de choque... Funcionou com o meu marido, como você pôde ver hoje." Ela disse enquanto pegava um pedaço de algodão e colocava removedor de maquiagem. Miranda removeu de seu rosto os vestígios de maquiagem rapidamente, movimentos firmes de quem repete o ritual metodicamente noite após noite. Eu não conseguia desviar os olhos do espelho. Ela me olhou ainda pelo reflexo, tentando decifrar o que se passava na minha cabeça.

"Não é a primeira vez que te vejo sem maquiagem, Miranda." Falei também baixo. Ela levantou a sobrancelha, um questionamento claro. "Eu fui algumas vezes levar mudas de roupa e maquiagem para você depois das suas seções de pilates, uma vez fui ao seu esteticista também."

"Hm." Ela parecia desapontada com a minha reação. Depois ela caminhou até a minha frente e se virou de costas. "O zíper." Murmurou me fazendo agir prontamente.

Com dedos trêmulos, eu segurei no pequeno pêndulo de metal, abaixando sem dificuldade. O tecido caiu nos pés dela e então ela se virou para mim.

A lingerie que adornava suas curvas era... Era... Eu não conseguia reagir, formular pensamento, nada. Eu havia visto o modelo no catálogo, era bonito, claro... La Perla. Mas nela... A renda azul era um contraste com a pele alva, macia, de dar água na boca. O sutiã sem alças... Que mulher deliciosa.

"Não tão atraente agora, certo?" Miranda me tirou de meus devaneios, o tom ríspido, um certo ar de desdém, sua postura rígida me fez sorrir.

"Você acha que se despir de roupas caras e de maquiagem faz você se tornar desinteressante?" Respirei fundo, parecia que eu estava sonhando. "Nunca te vi tão bonita como agora, Miranda."

Ver a cor dos olhos dela mudarem ali diante de mim fez um arrepio percorrer meu corpo e terminar bem no meio das minhas pernas. Mais uma vez meu corpo tremeu, novamente ela percebeu.

"Acho que vamos ter que tirar esta tolice do seu sistema, Andrea." Ela sussurrou chegando mais perto de mim, seu vestido esquecido no chão.

"Prometo melhorar, eu faço qualquer coisa, eu juro." Sussurrei sem conseguir desviar os olhos de seu corpo.

Ela sorriu e respirou fundo, parecia tentar buscar controle. "Palavras corajosas... Talvez façam você receber uma recompensa.

A ponta de seus dedos tocaram meu braço sutilmente, mas pelo simples contato fechei os olhos, mordendo meus lábios para controlar o gemido que quase escapou dos meus lábios.

"Façamos um acordo, Andrea." Seus dedos foram subindo, até pararem em meu pescoço. "Você tem uma noite, só uma, para fazer o que quiser comigo. Qualquer coisa..."

"Mir... Eu..." Meu coração estava batendo tão rápido. Isso está MESMO acontecendo?

"Você pode fazer como quiser, me usar como quiser..., mas, depois disso, eu não quero mais olhares ciumentos em eventos. Não quero mais begônias escondidas no escritório, e mais importante Andrea," ela colou o corpo no meu, sua boca próxima do meu ouvido sussurrando "chega de se vestir como uma putinha de luxo para o escritório, apesar do visual combinar com você." Se eu achava que estava me perdendo pela voz dela tão perto, o riso rouco que ela soltou após sentir minha respiração trêmula foi o suficiente para me lançar em uma onda de desejo, muito maior do que qualquer coisa que eu já havia sentido antes.

Me Torne A Sua Escolha (Mirandy)Onde histórias criam vida. Descubra agora