4 - Faria Diferente De Tudo 🟡

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POV Miranda

Perdi as contas de quantas vezes me dei reais motivos para questionar minha própria sanidade nos últimos tempos.

Primeiro, Stephen.

Olho para trás e não consigo ver em que momento ele se tornou minimamente interessante a ponto de eu me dispor a casar com ele. Pior que casar, eu aceito as traições que ele nem se dá ao trabalho de esconder, aceito a culpa que ele joga nos meus ombros toda vez que mostro o quão a sério levo o meu trabalho.

Talvez eu realmente mereça. Ou talvez eu seja pior que ele.

Realmente, quando pensei que minha vida não poderia ser mais patética, percebi Andrea. Reparei na maldita garota, e seus olhos me consumindo a cada oportunidade, sempre pronta a atender qualquer demanda, sempre me oferecendo seu pescoço em um olhar de submissão que atingiu meus nervos.

Não sei se é possível sentir um olhar, mas sinto toda vez que ela me olha. Sinto como se fosse o mais leve dos toques, e isso vai me levar a ruína.

Eu entendi, desde o início, que ela estava atraída por mim. Quero não estar atraída por ela, quero simplesmente provar uma vez, para ter certeza que não sentirei nada.

Ela não pode me abalar.

Ninguém pode me abalar.

Eu me guardei muito bem, ninguém pode me alcançar.

No início da noite, eu queria rir de sua postura ridiculamente séria, como um cão de guarda com ciúmes da dona. A cada vez que ela vinha a meu resgate, como se eu fosse uma donzela indefesa... Uma combinação perigosa, principalmente junto a quantidade de champanhe que deliberadamente ingeri sem comer nada.

Com o passar das horas, seus toques quase possessivos pareciam quebrar um encanto, ou criar um novo.

Não sei ao certo.

Eu me sentia mais humana, necessidades tomando meus sentidos, calor correndo em minhas veias.

Eu tinha um plano, simples. Um ataque visceral, deveria ser o suficiente para afastar Andrea. Planejei fazê-la chorar, sentir-se inútil, duvidar de si mesma. Sinto a necessidade de deixá-la em cacos, simplesmente para evitar que ela me quebre primeiro. Ela pode me arruinar se eu não for cuidadosa.

Os passos estavam contados em minha mente. Torná-la frágil, seduzir e depois destruir.

Claro que Stephen tinha que atrapalhar até nos momentos em que não estava presente.

Eu tinha que vê-lo, me sentir fragilizada. Realmente, parecia um castigo do universo.

E Andrea... maldita garota... ela tinha que tentar me confortar. Ela tinha que me tocar, realmente.

Ver Stephen com outra, tão descaradamente, me fazia sentir todo o meu fracasso enquanto esposa sendo esfregado cruelmente em meu rosto, dava a certeza de que eu não era suficiente.

No entanto, ver Andrea e seus malditos olhos castanhos mostrando preocupação, mostrando que se importa além do trabalho. Isso tem me desmontado dia a dia e eu não sei mais evitar.

Por vezes, me sinto patética. Uma mulher de cinquenta anos florindo aos gracejos da assistente vinte e cinco anos mais nova. Talvez meu próximo passo fosse frequentar clubes de striptease com Stephen enquanto passamos os dois pelas respectivas crises de meia-idade.

A questão é... a questão é que eu não sei em que momento me perdi. Não sei, sinceramente, em que momento desconsiderei todo o meu plano de ataque e só me ofereci para Andrea. Eu disse a ela que seria só uma vez, e que ela poderia fazer qualquer coisa comigo. A realidade é que pela probabilidade de ser confortada esta noite eu ofereceria qualquer coisa, eu prometeria o mundo só para ela me tocar.

É tão ruim assim eu querer me sentir desejada ao menos mais uma vez?

"Façamos um acordo, Andrea." Sussurrei subindo meus dedos, até pararem em seu pescoço. "Você tem uma noite, só uma, para fazer o que quiser comigo. Qualquer coisa..."

A respiração de Andrea descompassada me hipnotizando. Seus olhos fechados, claramente tentando organizar todas as ideias.

"Posso mesmo fazer qualquer coisa?" Ela perguntou com a voz pequena, quase tímida, apesar do olhar transparecendo luxúria.

Fiz que sim com a cabeça.

Ela resolveu me desarmar mais uma vez.

Delicadamente ela beijou meu rosto, depois se afastou e caminhou até a banheira. Andrea abriu as torneiras, despejou alguns óleos e uma bomba de espuma antes de testar a temperatura e estender uma das mãos, sinalizando para que eu me aproximasse.

"Tire o resto da roupa e entre." Ela disse se virando de costas para mim. Obedeci. Ela se virou de volta.

"Você não vai entrar também?"

"Não."

Andrea se sentou na borda da banheira, atrás de mim. Ouvi quando se livrou dos sapatos, logo seus dedos estavam aplicando pressão no meu pescoço, meus ombros... mãos calorosas me massageando e eu não pude fazer nada além de gemer pelo quão gostosa era a sensação. Ela levou seu tempo antes de começar a lavar meu cabelo, massageando com cuidado. Eu sentia meu corpo leve, mole.

Ela pegou um roupão e fechou os olhos antes de me pedir para sair da banheira. Depois, pegou uma toalha e retirou o excesso de água do meu cabelo antes de me conduzir de volta ao quarto.


(Quarto - Miranda)

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(Quarto - Miranda)

"Como está se sentindo?" Ela me perguntou enquanto nos guiava até meu quarto.

"Bem." Dei de ombros e recebi um sorriso brilhante.

Andrea levantou as cobertas e ajeitou os travesseiros para que eu pudesse me deitar, ainda de roupão. Depois ela apagou as luzes do quarto. Deixando acesos, em meia luz, apenas os abajures nas mesinhas de cabeceira, ela deu a volta até o outro lado da cama e retirou rapidamente seu vestido, antes de entrar debaixo da coberta e me puxar para si como se fosse algo comum.

Nossos rostos estavam separados por milímetros. Nossas pernas entrelaçadas.

"Eu só quero ficar assim com você, te vendo de perto, sentindo seu cheiro." Ela sussurrou.

"Pensei que você fosse me devorar, dada a oportunidade." Andrea riu, um riso rouco que me fez tremer por dentro.

"Miranda... não era assim que eu queria falar, mas não tem outra forma de deixar mais claro. Eu te devoro, todos os dias, com meus olhos. Eu te fodo, todos os dias, na minha mente." Sussurrou como quem conta um segredo. "Nas minhas fantasias sei o teu gosto, sei como você geme. Passo tanto tempo pensando nisso... só que o que estamos fazendo agora, essa parte clichê, nunca consegui imaginar antes. Você disse só uma vez, então prefiro fazer aquilo que a minha mente não consegue criar."

Eu a olhei incrédula.

Esta Andrea, madura, lúcida, contrastante da jovem que estava atacando alergias alheias para conseguir mais algumas horas ao lado da chefe. Esta, aqui na minha cama, é quem me assusta e tem todo poder para de despedaçar.

Talvez tenhamos cacos para juntar, mais meus que dela. Que seja.

Me Torne A Sua Escolha (Mirandy)Onde histórias criam vida. Descubra agora