26. O fim está próximo

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ZARA

Dizem por aí que podemos sentir quando algo está prestes a acontecer. Eu não sabia explicar àquela sensação, talvez fosse pelo fato de agora meu corpo estar repleto de graça angelical, ou somente meu subconsciente me preparando para o pior.

Depois de algum tempo sem sair de dentro daquela casa, consegui ao menos atravessar a porta de entrada. A brisa tava leve e o ar puro deixava tudo menos pior diante todas aquelas situações.

Havia uma certa confusão dentro de mim, eu não sabia o que fazer e ao mesmo tempo queria fazer tudo e mais um pouco! Não tinha ideia de como minha mãe estava e o que estava sentindo, e a saudade dela só aumentava, porém de certo modo também havia aquela saudade antecipada deles aqui.

E por mais poderosa que me encontrava, não deixava de sentir medo. Medo de esquecê-los ou esquecer minha antiga vida. Se pudesse ter os dois...

Pensei que nunca íamos nos ver novamente. Estava preocupado com isso. — aquela voz surgiu atrás de mim, fazendo-me virar rapidamente.

— O que pensa que está fazendo aqui? De novo!? — perguntei enquanto o observava.

— Sou o rei do inferno, não preciso lhe dar satisfações. — ele deu alguns passos na minha direção — Saiba que fico muito chateado em saber que minha presença é tão rejeitada assim, logo eu que sou como da família! — Crowley desdenhou, sorrindo no final.

— A sua presença nunca será bem vinda. E foda-se se você é o rei do inferno, eu não tenho medo do que possa fazer! — arqueei a sobrancelha, o olhando de cima a baixo. — Agora, se puder ser breve, fala logo o que quer aqui!

— Você me parece dispersa demais para quem é tão poderosa! É aquele ditado... Deus não dá asa a cobra, não é mesmo? — Crowley parou na minha frente, centímetros longe de mim. — Tentou passar despercebida por nós, mas falhou miseravelmente. O inferno todo sabe quem você é, de onde veio... Seu tio também não para de comentar seu nome. Você é quem eu quero!

Dei um passo para trás.

— Pode o inferno se abrir e ruir em cima de qualquer alma que você tenha ceifado, mas eu não irei à lugar nenhum com você. Não pense que só porque é o rei de lá debaixo, ou que meu tio seja Lúcifer, que temerei enfrentá-los. Ou você se esqueceu que sou neta de Deus? — dizer aquelas palavras em voz alta era estranho demais, ainda não era algo fácil de acreditar ou aceitar, mas aquele ser não me abalaria.

— Vejo que herdou o ar de soberba de seu pai. Miguel sempre se gabou em ser o preferido dele... — Crowley disse, ainda me analisando.

— Seja breve e nos poupe do tempo desperdiçado.

Crowley se afastou e com o movimento dos dois dedos, como se chamasse alguém para vir até nós, dois rastro de fumaça preta surgiu no céu, correndo em minha direção.

Em segundos senti meu corpo queimar e meus olhos arderem. Ao ficar ereta, flutuei alguns metros do chão e de mim se irradiou uma luz forte que fez com que aquelas fumaças se dissipassem. Crowley não gostou nada daquilo e por isso chamou não só uma, mas varias daquelas fumaças que inundaram o céu azul. Mas, por mais estranho que parecesse, não senti medo, somente cuidei daquilo sozinha.

A luz que saia de mim se intensificou, fazendo com que não só as fumaças sumissem, mas também deixando o rei do inferno no chão, literalmente.

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