As 10 horas da noite, já de volta ao hotel, comecei a me arrumar. Big D - meu agente - me mandou uma mensagem informando que um dos donos da balada, que era sócio dele iria me buscar de carro na porta do hotel.
Vesti aquele apertado vestido preto, coloquei minhas lentes de contato e um salto. Confesso que ainda tropeçava vez ou outra com sapatos tão altos mas já havia me acostumado.
A intenção nao era se vestir de prostituta, e sim de uma mulher sexy que faria presença naquela balada. Eu era paga pra ficar lá, postando sobre a festa nas minhas redes sociais, bebendo e dançando e - supostamente - fazendo as vontades dos caras que gastam em uma noite o que eu gastaria num carro.
As 23:30 eu estava na porta do Habbo Rocks Hotel, no horário combinado, mas como todos os caras ricos que acham que podem fazer toda mulher de escada pra eles pisarem em cima, ele chegou as 00:15. Já estava acostumada com esse tipo de coisa, sendo pontualidade algo que sempre presei muito, mas agora nao fazia tanta diferença.
Ele abriu o vidro do carro, colocando parte do braço musculoso e tatuado para fora:
- E ai, baby?!
Era um loiro, lindo! Assim como a maioria dos australianos que eu vi naquele dia, ele não deixou a desejar!
Entrei no carro, uma Range Rover que por sinal exalava o perfume importado do cara até do lado de fora, ele me comprimentou com um beijo na bochecha assim que entrei no carro:
- Sou Carina, e voce?- Eu disse ao entrar, olhando bem nos seus olhos verdes.
- Jamie. Muito prazer!
Ele arrancou o carro de forma bruta, minha cabeça foi "jogada pra trás"
Jamie... nome de mulher.
Pensei, e rí comigo mesma, na verdade eu me sentia muito envergonhada nesse tipo de situação. Quando estava na balada, pelo menos estavam todos bêbados curtindo e dançando, mas quando um desses caras ricos e gostosos vinham me buscar eu ficava muito sem graça, porque sabia o que "mulheres como eu" significavam para eles. Eu não sabia como agir quando estava sóbria, eu supostamente naquele momento deveria estar falando de forma sensual, dando em cima de Jamie, como minha colegas fariam, mas eu estava apenas perdida, rezando pra aqueles momentos de sobriedade acabassem.
Deixando claro: eu nunca deixava transparecer. Aquela vida para mim era como de uma atriz entrando em cena: enquanto você tá assistindo você acredita que aquela pessoa é aquela personagem e fim. Você não se questiona. Raramente os caras com quem eu ficava nas boates queriam me conhecer a fundo então ninguem sabia que eu não estava satisfeita em ter de servir de objeto e nem que, eu na verdade, não era tão puta assim. Pra eles pouco importava minha real motivação, minha história de vida... foda-se!
- Chegou que dia, linda?
- Hoje... Nao, ontem! É porque ontem dormi o dia inteiro, jet leg aqui nao é brincadeira. - Sorri, tentando ser amigável.
- Sei bem como é, quando chego em Ibiza perco pelo menos duas noites tentando me recompor. - Ele sorriu com aqueles dentes maravilhosamente bem cuidados e brancos pra mim.
Ficamos em silencio por um tempo e ele me olhou bem:
- É você mesmo a garota que o Big D mandou buscar? Hahahha.
- Sim?! - Fiz cara de: obviamente-por que- você-ta-perguntando-isso-tá-na-cara?
- Você é quietinha... Se fossem outras vagabundas a essa hora já estaria chupando meu pau. - Gargalhou.
Fiquei calada, nao suportava ouvir aquele tipo de coisa sem ter vontade de no mínimo vomitar! Aquele vocabulário vulgar me dava nojo, apesar de que eu já deveria estar acostumada. Mas era desrespeitoso, e nojento. Uma pena, um cara tão bonito como Jamie ser assim.