Capítulo 8 - Giving Up

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Toni POV

- É melhor que seja um bom caso, McChary. – Cristina resmungou enquanto ela caminhava indiferente ao meu lado. – Veronica ia me deixar remover o coração do paciente para o transplante que vai acontecer esta tarde.

- Acredite em mim, esse caso é muito melhor. – eu disse de forma neutra. Neste momento a última coisa que estava passando pela minha cabeça era estar animada ou distribuir sorrisos.

- Wow, quem é você e o que fez com a mulher dos sorrisos? – ela perguntou, parecendo surpresa.

- Ariana Grande está no hospital. – eu respondi no mesmo tom de voz, como se aquela fosse a resposta para o meu humor incomum. E para dizer a verdade... era.

- A bruxa má está de volta? – Cristina parou em choque, todo o seu rosto estava banhado de incredulidade. – Quando e onde você a viu?

- O chefe me chamou hoje de manhã. Aparentemente, Ariana trouxe um paciente que precisava da minha atenção e Rowan deve estar chegando na parte da tarde. – minha súbita frieza não se alterou e Cristina não disse nada sobre isso. Eu comecei a andar novamente e ela não hesitou em me seguir.

- Isto é definitivamente muito melhor do que o transplante de Veronica. – ela disse com um tom quase feliz em sua voz.

- Eu preciso do melhor, você é a melhor. É por isso que tirei você do serviço para o seu amor platônico. – eu comentei ironicamente.

Ela riu alto, mas eu pude ver que seus olhos brilhavam de orgulho.

- E além de tudo eu ainda ganho um bônus já que não preciso lidar com a sua alegria constante.

- Gostaria de estar, mas não estou porque quando eu cheguei ao hospital, a primeira coisa que eu vi foi Cheryl beijando a Grande. – eu ri novamente em descrença sentindo o meu sangue ferver. – Oh e devo acrescentar que as duas estavam gostando, foi um grande momento.

- CHERYL FEZ O QUÊ? – o grito repentino de Cristina me fez pular. Virei-me para repreendê-la pelo escândalo, mas ver seus olhos arregalados e punhos fechados com raiva me deixou sem palavras. – Como na terra ela podia fazer isso com você? E com Ariana! Oh, eu definitivamente vou chutar a bunda de alguém.

Nunca em mil anos eu teria imaginado que Cristina Yang iria me defender assim.

- Hey! Não me olhe assim. – ela se queixou quando começou a caminhar rapidamente para o elevador. – Você me ajudou quando ninguém mais o fez. A partir de agora não se surpreenda quando eu estiver aqui por você.

- Temos um paciente VIP e nós devemos ser as melhores nesse jogo, Cristina. Você não vai chutar a bunda de ninguém. – ela parou de andar de novo e olhou para mim com um olhar de descrença e nojo.

Eu suspirei divertida, triste e derrotada.

- Bem, você pode se divertir espancando a bunda de Ariana, mas você não vai tocar em nenhum fio do cabelo de Cheryl. – ela ia protestar, mas eu a cortei. – Eu protejo as coisas que eu amo, e mesmo vendo o que vi Cheryl ainda é a mais importante. Se você quiser magoá-la, vai ter que passar por cima de mim.

A residente suspirou e inclinou suas costas contra a parede de frente para mim com os braços cruzados.

- Como você pode estar tão calma? Depois do que você viu... Como pode não estar com raiva?

Porque eu a amo mais do que qualquer coisa no mundo. – eu respondi simplesmente. – Quando você ama alguém dessa forma, você só se preocupa com a sua felicidade. Cheryl tem uma escolha a fazer, e qualquer que seja a resposta que ela der eu terei que aceita-la. Mesmo que ela não me escolha, eu vou ter que aceitar porque o mais importante na minha vida é saber que Cheryl está feliz.

- Então é isso? Você está desistindo tão facilmente? Vai dar a Ariana a coisa mais preciosa de sua vida sem lutar? – ela perguntou irritada enquanto olhava pra mim.

- Em primeiro lugar, não há nada para desistir, porque Cheryl não é um objeto. – em seguida, com o meu primeiro sorriso genuíno desde que eu tinha visto a minha namorada beijando sua ex, eu adicionei. – Eu sou um homem bom em uma tempestade. E definitivamente, eu vou lutar por aquilo que eu amo.

- April, April... acorda. Pisquei incessantemente quando o sol irritante atingiu meu rosto.

- Por quem você vai lutar? – Josie perguntou achando graça.

- Ela ainda nem foi para Seattle e já está pensando no paciente, incrível. – acrescentou o seu marido Swett.

Eu pisquei de novo. Eu estava sonhando novamente? Por que diabos eu não conseguia me lembrar de nada?

- Ugh! – eu coloquei minha mão na cabeça, tentando acalmar o martelo pesado que estava me batendo. – Minha cabeça está me matando.

- Swett, vá até a cozinha e procure um analgésico. – Josie disse, olhando para mim com seus olhos castanhos escuro de preocupação. – April, você tem que dizer ao meu irmão sobre as dores de cabeça repentinas que você sente cada vez que se levanta. – ela acrescentou com um tom sério.

- Josie, você conhece Jug tanto quanto eu. – eu disse com um pequeno sorriso. Aos poucos o pulsar da minha cabeça estava diminuindo. – Ele pensaria que eu estou morrendo e o que eu tenho não é nada demais.

Ela apertou minha mão entendendo qual era o meu verdadeiro medo.

- Em um mês muitas coisas podem mudar, April. Quem sabe talvez você esteja recuperando sua memória.

- Depois de quase oito anos isso não faria sentido. – eu respondi não querendo criar esperanças. Da última vez que isso tinha acontecido quem mais se decepcionou foi Sophi e isso não poderia acontecer novamente. – A ressonância magnética do mês passado mostrou o mesmo que as outras, minha cabeça está totalmente saudável!

- Se é assim, então por que não se lembra?

- Porque desde o dia em que eu acordei, eu perdi tudo o que eu era, para sempre! – lágrimas começaram a encher meus olhos, como cada vez que alguém tocava no mesmo assunto. – Sempre que eu tento olhar para trás, eu não encontro nada porque tudo é preto. É como ter um vazio infinito em sua cabeça.

- Você não pode parar de lutar, April. – Josie sentou ao meu lado e me abraçou com força. Mas ela não me dava esperança, seus braços não me faziam sentia segura e completa porque ela não era Betty.

- Eu não tenho nenhuma razão para lutar. – eu respondi em tom de derrota. – Estou cansada de lutar, e mesmo lutando eu nunca encontrei um resultando positivo após quase oito anos, eu perdi a minha força. Porque cada vez que eu abro uma porta, nunca há ninguém do outro lado, eu não tenho razão para lutar, eu não tenho uma pessoa pela qual lutar.

- Você tem Sophi.

- Lembra como ela ficou da última vez que eu tentei? – eu perguntei enxugando as lágrimas com força.

- Sim, mas...

- Esta é a vida de Sophia, talvez não a minha, mas definitivamente é a dela. – eu a interrompi. – E todos nós sabemos que ela é imensamente feliz aqui, com cada um de vocês. – levantei-me lentamente e peguei minha bolsa.

- Sim, mas...

- Minha filha está feliz aqui com a gente e nada nesse mundo vai me fazer ameaçar sua felicidade.

- Nem mesmo pela sua vida?

Meu telefone tocou naquele momento avisando que tinha uma mensagem de texto.

Todos os documentos estão prontos. Eu fui pegar a minha princesa e estou chegando agora no aeroporto, você vem ou o que? – Jug

Ergui os olhos para Josie. Eu a abracei e sorri tristemente.

- Não, nem mesmo pela minha vida. – a força das minhas palavras me atingiu com intensidade. Eu acho que é o grande sacrifício que uma mãe tem que fazer.

Porque eu não tinha mais motivos para continuar lutando. A esperança de que alguém finalmente iria me encontrar desapareceu com o passar do tempo, a esperança de encontrar o dono do meu coração morreu com cada novo amanhecer.

É por isso que se a decisão final for entre minha vida ou a dela, eu não precisaria pensar duas vezes. Minha filha era a minha vida, Sophi era o meu tudo

Remember Me - versão CHONIOnde histórias criam vida. Descubra agora