Leandro
A vida era uma constante rotina de: trabalho, casa, trabalho. Nos intervalos eu podia curtir a minha filha, a pessoa mais especial do mundo inteiro para mim, a melhor coisa que Carolina pode fazer em nome do nosso conturbado relacionamento. Ou, como hoje, vendo uma janela em que Isabella não estaria comigo, poderia curtir o Clube e acabar a noite no apartamento. Sim, era uma boa pedida!
Saí da minha sala, deparando-me com Suzane, atrás da sua mesa. A mesma levantou, me recepcionando, como de costume.
-- Prepare meu apartamento, por favor. Jantar para dois.
-- Claro, Leandro! Mais alguma coisa?
Sim, volte atrás e não fique grávida!, eu quis dizer, mas apenas sorri, balançando a minha cabeça. Suzane era ótima, devia ter a minha idade, e estava comigo desde quando iniciei. Sentia-me seguro com ela do lado de fora da porta, mas depois de três anos sem pegar sequer um atestado, ela iria me tacar um de seis meses daqui há oito. Não poderia reclamar, no entanto, ela estava deixando tudo organizado para sua substituta, que deveria ser uma secretária trainee de algum coordenador. Minha secretária tentava há muito tempo engravidar, e quando conseguiu, eu não poderia menosprezar sua conquista. Era pai, sabia o tanto que esses pequenos davam cor à nossa vida.
Me despedi, pensando em minha vida. Gostava do estilo que levava, sem maiores responsabilidades senão Isabella e L'Albuquerque, o qual eu levava muito a sério. Depois de viver um início de vida adulta bastante conturbado, eu gozava da minha liberdade de ir e vir e ficar com quem eu quisesse.
Entrei no elevador animado com a noite que me esperava, o fato de ser quarta-feira não me incomodava nenhum pouco, pois sabia que o fator sexualidade me dava uma energia sem igual para viver, trabalhar e seguir a minha rotina, que eu gostava, era um fato. Peguei meu celular, avaliando se compensava chamar alguém que eu conhecia para o Clube, pensei em Ceci, mas precisava amadurecer a ideia, estávamos prestes a fazer uma Colab com alguma Digital Influencer, apesar da minha mãe não gostar, Ceci era a pessoa que mais estava cotada para essa parceria. O elevador parou e eu, pronto para sair, esbarrei em Belinda, assistente de Rh, conhecia todos os profissionais da sede, e das lojas, pelo nome, tinha sido a primeira tarefa que minha mãe me ensinou.
-- Me desculpe! - Pedi, fazendo uma careta. Olhei pra cima, percebendo que ainda estávamos no quinto andar. Recuei, olhando para sua feição. - Está bem? Te machuquei? - Ela ainda me encarava, minuciosamente.
Sim, era algo que me incomodava. Detestava ter aquela soberania no olhar dos funcionários da empresa, por isso sempre lidava com os mesmos como se fossem iguais. Sabia chamar a atenção e advertir, não se enganem, mas detestava impor meu cargo em cima das pessoas sem a menor necessidade.
-- Sim, sim... - Balançou a cabeça, confusa.
-- Pensei que havia te machucado.
-- Eu estava distraída.
O elevador chegou no primeiro andar, onde ela se despediu, olhando para trás repetidas vezes até que desapareceu por entre as portas que estavam se fechando.
Desci até a garagem, andando rápido até o meu carro, a cabeça de volta no jogo de hoje a noite, matutando o que eu poderia fazer, a ideia de ligar para uma conhecida não me era tão apetitosa quanto a me encantar por alguém novo, mas sempre existia o receio de que as pessoas novas não fossem interessantes, por isso, quase todas as vezes, eu preferia ficar com a conhecida, que eu sabia qual seria a sensação, me sentia seguro.
O carro saiu da garagem e ansioso para dar começo a minha noite, olhei para o lado, conferindo se estava tudo certo com a minha saída. Não sei por que, eu nunca me envolvi com meus funcionários, mas meus olhos se voltaram para a morena que estava parada na porta do prédio, conversava com uma moça, mais ou menos do seu tamanho, cabelos na altura dos ombros e, daquela distância, eu não soube discernir se eram castanhos claros, ou loiros escuros. A cintura era fina, enquanto a bunda e o quadril ganhavam muito a minha atenção. Meu Deus!
Deveria ter virado o carro para direita, mas o volante seguiu o mesmo rumo da cabeça, o lado esquerdo, ao contrário da minha casa. Eu queria ver o rosto da desconhecida, aquela bunda deveria ter um rosto horroroso. Eu já havia me contentado que, quem muito quer, nada tem, por isso, passei bem devagarinho ao lado delas, o vidro estava alto, de forma que ninguém podia me ver. Por sorte, havia um sinal bem em frente, onde eu parei antes mesmo de ficar vermelho e apreciei, com extremo gosto, que aquela mulher era um pacote ouro.
Seu rosto era magnífico, era nova pela fisionomia, deveria ter seus vinte e quatro, ou vinte cinco. Os olhos, eu pude enxergar de longe, duas enormes safiras no meio do rosto feito porcelana, enquanto algumas pequenas sardas brincavam ali, em sua bochecha e nariz.
Meu coração disparou, principalmente quando eu fui descendo meus olhos. O decote era grande, mas não estava indecente, nem mostrando demais, apenas uma pequena amostra do que poderia ser perfeito.
Meu Deus, eu estava louco! Desejava, ardentemente, uma desconhecida. Não percebi o tempo passar, e só me deparei com a cena que eu fazia, quando o carro de trás buzinou assustando a mim, e a moça desconhecida que conversava com Belinda na calçada. De longe, eu vi quando olhou para o meu carro parado, no meio da rua, o sinal já aberto, levou a mão ao cabelo, afastando do rosto, uma enorme aliança brilhou em seu dedo.
Merda! Estava fora dos limites!
Balancei a cabeça, acordando do transe. Acelerei o carro, que cantou pneu. A estranha era nova demais, comprometida demais, desconhecida demais, mas linda demais também. Poxa vida, que beleza que era aquela? Nunca vi nada igual!
Eu precisava, e era com urgência, de uma novidade essa noite. Espairecer, recarregar as energias. Sim, tinha decidido, encontraria o meu combustível no Clube.
Liguei o som do carro, tentando relaxar aos poucos, e segui viagem. A noite prometia.
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Sim, senhor! - COMPLETO NA AMAZON
RomanceNichole Johson havia conquistado a sorte grande. Com um ano de formada, após não conseguir se qualificar na empresa em que estava, recebeu uma proposta que mudaria toda a sua vida. Sua melhor amiga havia lhe indicado para cobrir uma licença maternid...