Capítulo 3

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Desabei no chão, arrasada.

Em alguns momentos da minha vida eu me questionei se passaria o resto dos meus dias ao lado de Pedro, mas em todos os cenários de término, nunca passou pela minha cabeça que o meu namorado de toda a vida iria me agredir de uma maneira tão... brutal.

Já tinha ouvido falar em agressões no relacionamento, sempre começavam de forma lenta, velada. Procurei na minha mente algo que comprometesse Pedro, não consegui pensar em nada. É fato que ele ficava com raiva as vezes, muitas das vezes, era verdade. Pedro às vezes gritava, mas de último momento ele controlava o temperamento explosivo e preferia ficar longe de mim, dizia que precisava conter a raiva para conversarmos se não poderia fazer besteira, e eu, tola, achava isso tão bonitinho, não passava pela minha cabeça que, a besteira que Pedro faria não deveria nem passar pela sua cabeça.

Não levantei a cabeça, em algum momento entre a minha reflexão do quanto meu relacionamento foi um engano perante aos meus olhos, eu deixei de perceber que meu chefe estava ainda na minha casa. Somente quando sua figura imponente se sentou à minha frente foi que eu me dei conta do quanto eu tinha feito papel de otária. Jesus, o que ele pensaria de mim?

Sequei meus olhos, mal me importando com a maquiagem simples que tinha feito. Passei a mão pela boca, pegando um rastro de sangue que dali saiu, senti a ardência na pequena ferida e pensei estar aparentando um desastre. Fiz uma careta e tentei engolir o choro, os lábios tremeram, mas as lágrimas não caíram.

- Não faz isso, Nichole! - Ordenou Leandro, tocando a minha mão. - Vai machucar mais. Precisa de um antisséptico, você tem aqui.?

Olhei para os lados, pensando, eu não tinha nada aqui.

- Somente a cozinha está pronta. - Murmurei, a voz mais grossa do que imaginei. - Comprei algumas almofadas, mas é só, o restante vai chegar essa semana.

Leandro balançou a cabeça e pela primeira vez eu pude olhar em seus olhos e eles estavam... marejados? Pisquei, confusa. Eu tinha visto esse olhar muitas vezes em seu rosto, na maioria das vezes era de quando falava da sua família, ou de Isabella, sua filha pré-adolescente. Mas, eu já estava cheia de tanta coisa naquele momento, que eu não queria me aprofundar na questão.

Meu chefe se levantou, a sua estatura preenchia todo o pequeno apartamento e o aquecia. As pernas, grandes, chegaram na cozinha muito depressa, pela parede que nos dividia, eu não consegui visualizar o que fazia, somente quando voltou com um pano na mão e me entregou, foi que percebi que era gelo.

Abri meus olhos surpresa pelo seu ato, o coração acelerando.

- Vai ajudar no inchaço.

- Está tão ruim assim?

- Não, mas não era para ter um arranhão em você, Nichole. Não para lhe trazer dor, pelo menos. - Estremeci com o tom mais firme e grosso de sua voz. Mal entendendo o que queria dizer. - O que aconteceu? - Perguntou.

Meus olhos se encheram de água novamente e dessa vez eu não fui capaz de reter. Duas gotas caíram e antes de limpá-las, Leandro se esticou, passando os polegares pela minha bochecha. Me afastei do seu toque, como se fosse normal, no entanto, não era, eu senti minha pele queimar, arder.

Tirei o gelo da boca para poder falar.

- Preparei um jantar pra gente, Pedro se atrasou um pouco, chegou um pouco alterado e me surpreendeu jogando as fotos, da gente se beijando, em mim. Quando eu não respondi nada, ele me ergueu pelo pescoço. - Fiz uma careta com a lembrança, alcançando o pescoço. Leandro tirou minhas mãos e avaliou o local, franzindo a testa. - Foi uma bagunça... - Caí no pranto.

Sim, senhor! - COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora