Eu seria demitida, era a única certeza que eu tinha naquele momento.
Leandro não demorou a levantar do chão e do mesmo jeito que andava, sabendo ser o dono do mundo, ou pelo menos da metade dele, se pôs de pé, sem deixar de me encarar um só momento. Passei a língua pelos meus lábios, incerta do que falar.
— O batom é mesmo bom, não borrou em nada seus lábios. – Afirmou, contornando a mesa, voltando para sua cadeira. Ainda estava parada feito dois de paus, estarrecida demais para dizer qualquer coisa. Ele tinha me beijado para comprovar a eficiência do batom? Enquanto seus lábios tocavam os meus, a única coisa que não me lembrei foi da porcaria do batom. Não me lembrei de nada. Deus, eu sabia que estava ferrada, mas achei que meu sentimento por Pedro era muito maior. – Eu não peço desculpas, Nichole! – Afirmou. – Mas sei que ultrapassei um limite invisível aqui e... Enfim, se pudermos esquecer o que aconteceu, seria ótimo! – Fez uma careta, torcendo os lábios.
— Cla... claro, senhor!
— É Leandro, Nichole. Pelo amor de Deus! – Bateu na mesa, se alterando.
Ajeitei meu corpo. Peguei o tablet no chão, conferindo a agenda. Se fosse para agir normalmente, que seria.
— Após a reunião com o Marketing, o senh... você tem uma reunião na escola da Isabella para saber sobre o início do ano letivo. E, é tudo por hoje. Se me permiti... – Virei em meu próprio eixo, envergonhada demais até para levantar a cabeça.
Abri a porta, finalmente sentindo um cheiro diferente do que estava me embriagando.
— Nichole. – Oh, meu Jesus! O que é agora? – A cor combina muitíssimo em você, deveria usar mais vezes.
Se foi falta de educação, eu não sabia, mas nem olhei para trás. A cabeça, junto com a consciência, pesavam tanto que eu já estava com o telefone a minha frente, segurando e digitando, enquanto andava em direção a minha mesa:
"Pense no meu apartamento como algo que irá nos proporcionar mais momentos de intimidade, mas eu não gostaria de colocar o carro na frente dos bois, e acabar desrespeitando o meu pai. Espero que você possa me entender. Te amo, tchuco! Eu amo muito! Preparei algo especial para nós amanhã."
Esperava que Pedro se lembrasse da data que era tão importante para mim, que cresceu vendo os pais comemorarem e se amando cada vez mais depois desse dia.
Sentei atrás da minha mesa e prometi a mim mesma que, a partir de hoje, eu daria mais valor ao meu relacionamento. Por que, por mais que eu achasse meu flerte e de Leandro completamente inocente e amigável, eu não poderia continuar com isso se, um dos dois, estava começando a distorcer a posição de patrão e secretária, não é? Por que, sim, era isso que tinha acontecido. Do meu lado, pelo menos, era bem verdade.
(...)
Escutei o telefone ao longe, enquanto passava um lábio no outro, sem a preocupação de me borrar, lembrando–me do episódio do dia anterior, automaticamente o expulsando da minha cabeça enquanto tirava o salmão do forno. Eu tinha aproveitado que o pequeno tubo do experimento tinha ficado comigo e passei hoje, para me encontrar com Pedro. Da segunda vez que eu passei eu consegui me desfrutar do cheiro de morango que exalava dos meus lábios e da maciez que ficavam.
Tirei a luva de culinária, averiguando as minhas unhas antes de pegar o telefone e verificar de que eram as mensagens. Esperava ver Pedro falando alguma coisa, mas era Leandro e eu não soube discernir em qual sensação meu corpo parou mais; se ele gelou, por medo de meu chefe estragar o meu encontro de dia dos namorados com Pedro, ou se o coração palpitou em expectativa de vê–lo.
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Sim, senhor! - COMPLETO NA AMAZON
RomanceNichole Johson havia conquistado a sorte grande. Com um ano de formada, após não conseguir se qualificar na empresa em que estava, recebeu uma proposta que mudaria toda a sua vida. Sua melhor amiga havia lhe indicado para cobrir uma licença maternid...