O silencio também pode machucar

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Naila sentiu seu corpo estremecer em meio ao sono, e fez uma careta desconfortável, esteve dormindo pouco desde do dia da apresentação aos elfos, nunca esteve tão nervosa, e Cellin estava deslumbrante, e por todos os deuses, teve que estar ao lado de seu marido, e as coisas pioraram depois daquele dia, as meninas começaram a estudar, e ela ficava sozinha toda a manhã e parte da tarde, até elas chegarem da escola, e durante seus deveres de casa, não era de muita ajuda por não saber a língua élfica, não queria tomar nenhum cargo nesse reino, e nem precisava, mas em poucos dias sentia-se derrotada por viver seus dias assim, Thranduil a aconselhou a fazer parte dos movimentos sociais junto de Cellin e Lóbel, mas somente se ela estivesse louca para fazer algo assim, seus impulsos e seus instintos ainda chiavam em torno da mãe de Legolas, e o melhor para todos era ficar longe. A princesa anã fez outra careta quando uma mão tocou seu rosto, fazendo-a mover-se sobre a cama.

- Me deixa – ela reclamou puxando o cobertor para cobrir seu corpo completamente, quando foi que ficou tão frio?

- Mela nîn – Thranduil sussurrou – você está com febre, sente dor?

- Estou bem – ela reclamou tirando a mão dele de seu rosto, não queria abrir os olhos por medo de que perderia o pouco de sono que conseguiu essa noite.

- Não está Naila, está com febre – ele a repreendeu e passou os polegares por sua sobrancelha, e bochechas em um carinho terno enquanto embalava seu rosto nas mãos.

- Estou bem! – ela reclamou de novo e se moveu sobre seu toque – a febre está baixa! Vou ficar bem durante o dia.

- Vou chamar o curandeiro.

- Para que?! Para dizer que não sabe o que tenho, "nunca tratei de mortais antes" – ela zombou e virou-se de lado, puxando o cobertor para seu corpo. Thranduil ficou em silencio, porque ela estava certa, nenhum curandeiro ali tinha tratado de mortais antes, o que era um perigo para sua esposa e Callie.

- Está doente.

- Não estou, tive essa febre alguns dias atrás você nem percebeu, essa vai passar do mesmo modo – ela reclamou – é apenas meu corpo se adaptando a essa nova realidade, nada de mais, agora deixe-me.

Naila podia sentir a presença de Thranduil, e o colchão baixo sobre seu peso enquanto estava sentado ao lado dela, ele não a tocava, mas devia analisar suas feições e ponderar algo, e a única coisa que ela queria era que fosse logo, seu estomago começou a doer com o enjoo.

- Estou bem Thranduil, juro – ela suspirou – você pode ir trabalhar, sabe que a corte não funciona sem o rei.

- Vou voltar para ver como está – ele finalmente cedeu, dando lhe um beijo suave antes de se retirar.

Depois de algumas horas Naila estava pronta para começar seu dia, a febre baixa cedeu depois de algumas horas de sono. Vestiu suas roupas habituais, comeu em seus aposentos, e foi treinar com o irmão de Taelin, com Logel de volta à frente do exército, e o marido trabalhando, a princesa ficava totalmente sem ter o que fazer durante as tardes.

Ela usou sua espada para atacar Taelän que se esquivou com um sorriso nos lábios, antes de interceptar sua lamina. As habilidades de luta da princesa eram boas, nada comparado com as dele, mas ele gostava de treinar com ela, o atacava sem medo, e o deixava ataca-la sem reservas, em uma de suas muitas conversas ele descobriu que a princesa treinava com Agalardiel, o perverso, essa descoberta o fez admira-la mais. Muito já se falava sobre a luta dela contra as fadas, fazer parte da comitiva do anel junto ao príncipe Legolas, mas conversando com ela, descobriu sua regência nas Montanhas Azuis, descobriu sobre a luta contra o povo do Norte, sobre muitas outras coisas que ela fez, e que ele nunca tinha visto uma mortal fazer.

Aiwë Luin (Pássaro Azul)Onde histórias criam vida. Descubra agora