-Nate! Não me faça repetir de novo!- a voz esbraveja do lado de fora do quarto e meu corpo já começa a tremer sem que eu possa controlá-lo.
Nate começa a olhar desesperado em volta do quarto e percebe uma janela aberta.
Ele encara meus olhos e não é preciso que fale nada para eu entender o que ele quer dizer.-N-nate! E-eu não consigo!- minha voz saiu trêmula de medo. Nunca que eu conseguiria pular dessa janela.
Surgiu duas opções na minha cabeça:
1- Morrer por pular da janela.
2- Morrer pelas mãos de Júlio Fernandez.Não precisei pensar duas vezes para decidir a opção mais agradável.
Não! Não! O que eu tô pensando!
Eu não posso pular por essa janela!-Brooke!- escuto Nate chamar pelo meu nome, mas sua voz está tão distante.
Eu estava tão distraída, com tando medo, que foi necessário que ele mexesse meus ombros para me acordar.
Assim que meus olhos encontram os deles, eu me sinto aliviada. Eu sei que ele não deixaria ninguém me machucar.-Brooke.. - ele segura meu rosto com suas mãos.
Suas mãos estavam frias e trêmulas.
-Você consegue.- ele finalmente diz.
Antes que eu pudesse falar algo, outra batida na porta surge.-Nate! Eu vou arrombar essa porta!- as batidas se tornam cada fez mais fortes e eu não duvido que realmente essa porta cairá.
-Agora, Brooke!- Nate berra e eu automaticamente saio correndo em direção a janela aberta.
Olho pra baixo e fico tonta. É muito alto.
Essa mansão tem três andares e pela altura estou no segundo andar, que é consideravelmente alto.Respire fundo, Brooke. Você não tem escolha.
Nate está indo contra a família dele para me proteger, não posso deixar ele na mão desse jeito.Quando finalmente tomo coragem e começo a por minhas pernas para o lado de fora da janela, um som ensurdecedor ecoa por todo quarto. A porta foi derrubada.
Me viro cuidadosamente, já sabendo o que eu iria encontrar a minha frente.
De todos os cenários que passaram pela minha cabeça, o que eu vi era um que nunca teria imaginado.Nate, com um arma apontada para sua cabeça.
E o pior, quem segurava a arma era seu pai.-Se você pular dessa janela.. se você ao menos pensar em pular dessa janela. Ele morre.- Julio cuspia essas palavras de uma maneira ameaçadora, seus olhos grudados em mim, prestando atenção em cada movimento meu, até o da minha respiração.
Nate não parecia estar com medo, mas aposto que ele estava escondendo seus próprios sentimentos para me deixar tranquila.
Não é possível que ele, sendo vítima de seu próprio pai, esteja realmente calmo.Confirmo minha teoria ao ver suas mãos tremerem, quase imperceptível, mas eu percebi.
Ele estava com medo.-Ele é seu filho.. você não faria isso..- eu tento convencê-lo a deixar Nate em paz.
Julio ri, uma risada forçada, calculada, fria.
Nesse momento.. eu não duvidei de mais nada. Ele mataria qualquer um que ficasse em seu caminho, não importa quem seja.-Não duvide de mim, mocinha.- solto um grito alto ao ver ele puxar Nate para mais perto dele pela gola da camisa, a arma agora grudada na lateral da sua cabeça, pronta para ser disparada.
-Nate!!- eu grito seu nome, como se isso fosse magicamente tirá-lo das mãos desse tirano.
-Brooke.. tá tudo bem. Pule.- ele diz com um olhar tão triste, como se a atitude de seu pai o tivesse destruído por dentro.
-E-eu.. não posso deixar que ele te machuque.- lágrimas começam a escorrer pelas minha bochechas.
-Brooke.. eu não me importo. O importante é que você não se machuque.- vejo uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto.
Meu coração se parte nessa hora.-Pula.. pula, Brooke. Por favor.- ele estava implorando, seus olhos brilhando de lágrimas.
-E-Eu...- estava tão trêmula que palavra nenhuma conseguia sair de minha boca.
Brooke. Seja forte!
Nate está arriscando a vida dele por mim. Não posso permitir, eu não posso!-Eu não posso!!- grito o mais alto que pude e saio de perto da janela, andando em direção a eles.
-Solte ele.. agora!- encaro os olhos frios do assassino a minha frente.
-Eu me rendo, solte o Nate.- um sorriso malicioso aparece em seu rosto.-Brooke, não!- antes que Nate pudesse fazer algo, seu pai bate o cano da arma em sua nuca e ele cai duro no chão.
-Nate!!- corro até ele e me ajoelho ao seu lado, verificando se estava tudo bem.
-Ele está bem, agora vamos.- Julio diz friamente.
Como um ser humano consegue ser tão insensível?
O filho dele estava desmaiado no chão.
E a culpa era dele!-O que você vai fazer comigo? Cadê o Rodrigo?- depois de toda essa confusão, penso no Rodrigo e o quanto eu queria estar nos braços dele, chorando em seu ombro, colocando tudo que estou sentindo pra fora.
Antes que ele pudesse responder, ouço uma voz familiar, a qual passei a adorar.
-Pai?- Rodrigo entra no quarto, seu olhar confuso.
Quando finalmente sua atenção se volta para seu irmão, caído no chão.
Vejo seu punho se fechar, deixando sua mão pálida e suas veias ressaltadas por causa da força.Eu conheço o Rodrigo, ele não vai deixar barato, mesmo sendo seu pai.
-Leva ela pro porão, Rodrigo.- congelei na hora. Porão? O que eles vão fazer comigo? Por que estou aqui?
Inúmeras perguntas que ainda não foram respondidas voltam a assombrar minha mente, me deixando inquieta e trêmula novamente.
Mas tudo bem, posso ficar tranquila. Rodrigo nunca faria isso comigo, ele vai me proteger assim como o Nate fez.
Que ingênua que eu sou.
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A Premunição
RomanceBrooke é filha de um dos criminosos mais conhecidos da Rússia. Com esse status, já é possível imaginar que sua vida não seja fácil. Mas tem como piorar... Brooke tem sofrido com um sonho que anda tendo frequentemente, onde ela era sequestrada. Ela c...