A Premunição

cap 6- Ignorando a razão

-Prometo.- depois da minha promessa ele desamarra minhas pernas e me ajuda a sair do porta-malas.

Entro no banco passageiro e ele começa a dirigir novamente.

E aí eu sinto aquele aperto na bexiga.

-Eu quero ir ao banheiro.- ele só solta uma risada e para o carro no meio do nada.

Ele tira um cigarro e começa a fumar.

Nossa! É a cena mais sexy que eu já vi.

Ele fecha os olhos enquanto toda a fumaça entra pela sua boca linda e carnuda e depois exala a fumaça soltando um suspiro de satisfação.

Me pego pensando como seria ouvir ele suspirando meu nome.

Ele me olha pelo canto do olho e quando percebe que estou observando a cena quase babando, sorri maliciosamente e vira pra me olhar.

-Tá escorrendo. - ele aproxima a mão do meu rosto e passa seus dedos no canto da minha boca limpando uma baba imaginária.

Viro a cabeça pro lado e respiro fundo pra me recompor.

-Não estou vendo o banheiro.- falo já irritada.

-Está bem aí, hermosa.- ele diz apontando pra um arbusto.

-Você é maluco se você acha que eu vou fazer xixi aí!- falo enquanto solto uma risada irônica.

Ele só me encara com uma expressão séria.

-Escuta aqui seu.. arrogante!- ele começa a rir e eu fico mais irritada ainda.

-Eu não tenho um pênis sabia? Se eu fazer xixi aí vou me molhar toda!- ele abaixa o olhar para a região entre minhas pernas.

Por que eu tive que usar esse short apertado logo hoje?

-Eu consigo ver que você não tem um pênis, hermosa.- ele diz mordendo seu lábio e eu estaria mentindo se dissesse que isso não mexeu comigo.

Corei na hora e tirei uma mecha do meu cabelo detrás da orelha numa tentativa de esconder meu rosto.

-Tão inocente..- ele sorri de lado e da outra tragada no seu cigarro.

-Imbecil.- sussurro pra mim mesma, mas ele escuta.

Na mesma hora ele segura meu queixo e me faz olhá-lo nos olhos.

-O que você disse?- ele pergunta me desafiando com um olhar selvagem.

-Im..be..cil- falo com a voz falha e minha respiração ofegante quando vejo ele se aproximar de mim nunca desviando seu olhar do meu.

-Não comece o que você não pode terminar, princesa.- e com isso ele se afasta de mim e volta a dirigir.

O que foi isso?

Chegamos em um posto de conveniência.

Ele desce do carro e abre a porta pra mim.

-Vamos.- ele vai segurar na minha mão mas eu a afasto na hora.

-Não toca em mim!- me afasto dele mas ele consegue avançar e me segurar pelo pulso, ele me puxa com força me fazendo bater de cara no seu peito.

Tinha esquecido o quanto ele era alto.

-Me solta!- começo a socar o peito dele mas parece tudo em vão, ele não move nem um músculo e quando olho pra cima vejo ele sorrindo e com um olhar de divertimento.

-Seu maluco!- seu olhar de repente escureceu e ele me puxa ainda mais pra perto de si.

-Eu pensaria duas vezes antes de me insultar, pequena.- ele continua me encarando nos olhos e com suas mãos apertadas em torno da minha cintura.

-Esse cara está te incomodando?- uma voz desconhecida pergunta, me viro e vejo um cara bonito não tanto quanto meu sequestrador mas mesmo assim muito atraente com seu cabelo curto e escuro.

O imbecil solta minha cintura e envolve sua mão na minha fazendo com que eu me arrepiasse.

-Está tudo bem por aqui, né amor?- ele me lança um olhar desafiador como se estivesse me dizendo " se você contar, eu mato você."

-Sim.. está tudo bem!- forço um sorriso.

O desconhecido continua desconfiado mas volta a colocar gasolina em seu carro.

Sou puxada pra dentro da loja e o idiota para enfrente ao banheiro feminino.

-Entra.- ele finalmente me solta e fica parado em
frente a porta.

Lanço um olhar mortal pra ele e entro no banheiro.

Depois que acabo de fazer minha necessidade me olho no espelho do banheiro.

Nossa que bagunça!

Meu cabelo tá parecendo uma juba de leão de tão bagunçado e meu rímel tá todo borrado de tanto que chorei.

Limpo a região abaixo de meus olhos removendo a sujeira do rímel e tento arrumar meu cabelo.

-Melhor que isso não fica.- sussurro pra mim mesma e saio do banheiro.

Pra minha surpresa meu "querido sequestrador" está lá fora colocando gasolina em sua picape preta.

Eu poderia fugir... ah não seja boba! Você não vai conseguir fugir dele! Lembro a mim mesma.

Coloco a mão no bolso do meu short e vejo que tenho dinheiro, não muito.

Dá pra comprar algum lanche estou faminta.

Começo a procurar por um lanche e encontro um kit de primeiros socorros, a mão machucada do arrogante passa pela minha cabeça.

Eu tinha enfiado meu canivete em sua mão, não sei como ele não reclamou dela em nenhum momento.

Não acredito que vou fazer isso.

Ignorando a razão, chego ao caixa e gasto todo o dinheiro que me sobrou no kit.