Galatis Planet (Spin-off As Estrelas E Outras Drogas)

SEIS

No meio da aula de química, sinto alguém jogar algumas bolinhas de papéis em minhas costas, grudando no meu gorro e em meu cabelo. Olho para trás devagar, encarando Samwell que continuava sua brincadeirinha sem graça descaradamente.

Ele está odiando o fato de Chill e Bomb terem se aproximado de mim essa semana, e como nenhum dos dois não fazem as mesmas aulas que nós do segundo ano, ele se vinga exatamente nesses momentos. Será que ele não entende que posso eu mesma me defender?

Estávamos estudando sobre cloreto de potássio e em cada uma das mesas havia um cilindro de vidro com esta substância. Pego em meu bolso, a balinha de gelatina que gosto de mascar durante as aulas.

Me levanto de minha mesa, indo até o fundo para jogar a embalagem no lixo.

Passando discretamente, pela mesa de Samwell, ponho duas balinhas de menta em seu cilindro. Ele me olha confuso, reparando algo estranho no seu cilindro.

James Miller me ensinou uma vez que o cloreto de sódio é uma substância muito oxidante, e misturada com outra substância bastante oxidável, algo que tem grandes quantidades de açúcar — uma balinha de gelatina, por exemplo —, a reação de oxidação acontece muito violentamente, causando uma...

— MERDA!

Samwell tentou fugir, mas a pasta de elefante que acabei fazendo com seu cilindro o cobriu quase por inteiro, manchando toda a sua roupa e cabelo.

O Miller me ensinou isso quando tinha dez anos, e eu nunca esqueci. Não é todo dia que uma garotinha é ensinada a explodir metade da sala.

Os alunos correram para fora enquanto a professora ajudava Samwell a sair do meio do caos químico.

Saio pelo corredor quase saltitando enquanto o caos atrás de mim se expandia com Sam gritando, os alunos assustados, as outras aulas sendo interrompidas.

Talvez ele possa ficar cego ou ganhar algum ferimento leve na pele, e eu posso ser expulsa da escola, mas eu não gosto daqui mesmo.

De qualquer jeito, aquela manhã foi gloriosa.

Ⓝ︎

Começo a sorrir quando Chill vem na minha direção em passos rápidos, segurando sua bandeja de comida com força.

— Garota! Foi você, não foi? — se sentou a minha frente na mesa.

— Três dias de aulas de detenção. — ela caiu na gargalhada — A diretora só não me expulsou porque acreditou em mim quando disse que a bala caiu sem querer dentro do cilindro.

— O Samwell também não é um santo para ela não acreditar. Se ele tentou te acusar, ela provavelmente não acreditou.

— Mais fácil ela acreditar que foi ele quem fez a pasta de elefante. — retruquei, terminando a latinha do refrigerante.

— Você sabe que ele vai querer se vingar, não é? — fez careta.

Dou de ombros, com descaso.

— Estou pouco me fodendo pra ele.

Ela riu de novo.

— Isso aí! — sussurrou, animada.

Meus olhos percorreram o refeitório até encontrar Bomb sentado entre seus amigos, rindo a toa em uma mesa ao longe. Nem sempre ele senta conosco e eu entendo completamente, mas é que as vezes esqueço que ele é popular.