YOUR NAME | FABIO QUARTARARO

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 Naquela noite de sábado, Fabio Quartararo estava tudo, menos de bom-humor.

Aquela era apenas a terceira etapa do campeonato de MotoGP daquele ano, mas o francês já tinha conseguido se frustrar com os resultados da classificação para a corrida em Portugal, que aconteceria no dia seguinte.

E era exatamente por esse motivo que o piloto se encontrava sentado em um dos bancos que contornavam o comprido balcão de um dos inúmeros bares que havia na cidade de Portimão. Depois de muito insistir e prometer que tudo o que precisava era de um ou dois drinks para se acalmar e ter uma boa noite de sono, finalmente conseguira convencer o melhor amigo e braço direito, Thomas Maubant, a acompanhá-lo até o pub para algumas horas de descontração.

Entretanto, embora tivesse concordado com aquilo apenas sob a condição de que iria para tomar conta de Fabio e garantir que o francês não passasse dos limites, Tom já se encontrava perfeitamente distraído a alguns metros de onde o amigo estava, conversando com uma das atendentes do lugar.

Balançando a cabeça em negação, Quartararo voltou a encarar o cardápio de bebidas à sua frente, decidido a provar uma das incontáveis opções de bebidas típicas do país. Contudo, além dos nomes diferentes e de não haver nada que indicasse os ingredientes dos drinks, o barman não parecia sequer minimamente disposto a gastar seu inglês para ajudá-lo, com um mau-humor que parecia ainda pior do que o que ele próprio sentia.

— Sangria de ginja, poncha, licor beirão... — com dificuldade, o piloto começou a ler os nomes em voz alta, na esperança de que algum deles soasse minimamente familiar ou parecido com qualquer outra coisa que já tivesse provado, mas não obteve sucesso. Suspirando, finalmente tirou o celular do bolso, mas, antes que pudesse pesquisar qualquer coisa, uma voz suave chamou sua atenção.

— Precisando de ajuda, El Diablo? — usando o apelido pelo qual ele era conhecido, a menina se sentou no banco vazio ao seu lado, um sorriso discreto tomando os lábios pintados de vermelho.

Fabio ficou sem palavras por alguns momentos, apenas a encarando. O cabelo acobreado moldava seu rosto, caindo em cascata pelos ombros até o meio das costas. No corpo, tinha um vestido preto que fazia um trabalho sublime em destacar suas curvas. O que mais chamou a atenção do francês, entretanto, foram seus olhos castanhos, que também o estudavam com um misto de curiosidade e diversão.

— Estou, na verdade — finalmente respondeu, dando de ombros e espelhando o sorriso que ela ainda carregava no rosto. — O meu amigo ali parece não estar em um dos seus melhores dias — resmungou, apontando com a cabeça na direção do homem de cara fechada do outro lado do balcão. — E eu realmente queria experimentar alguma bebida portuguesa, mas não faço a mínima ideia do que seja nenhuma dessas coisas.

Puxando o cardápio para si, a ruiva estudou brevemente as opções que o bar oferecia.

— A poncha é uma das minhas preferidas. É feita basicamente de rum, mel e alguma fruta cítrica, na maioria das vezes limão ou laranja — falou, voltando o olhar para o rosto de Quartararo. — Mas é uma daquelas bebidas com as quais você precisa ter cuidado, porque é tão suave que, quando você perceber, já vai estar enxergando dobrado.

— Melhor não arriscar, então. Preciso estar inteiro para a corrida amanhã — ele riu baixo, arriscando um rápido olhar na direção de onde Tom ainda estava, alheio a qualquer outra coisa que acontecia naquele bar. — Você me chamou de El Diablo... isso quer dizer que acompanha a MotoGP? — perguntou, mais uma vez encontrando os olhos dela com os seus.

— Quando tenho tempo, sim. Mas mesmo quando não posso assistir aos treinos e corridas ao vivo, acompanho como dá pelas redes sociais — explicou, ainda analisando o cardápio. — Tudo bem, acho que você vai gostar da sangria de ginja. É uma das bebidas mais típicas daqui, feita com licor de cereja ácida, hortelã, água gaseificada e algumas rodelas de limão.

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