Beijo roubado ou pedido?

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Já faz dias que vinha montando os cenários:
1° Roubar um beijo nela.
2° Ou ser mais delicado e pedir um beijo.
Sei que umas gostam de homens mais ousados, que não pedem, que apenas invadem seus espaços, apenas chegam agarram-nas ou puxam-nas pelos cabelos e dão-lhes um beijo.
Já outras poderiam se sentir ultrajada com este facto, sentirem-se desrespeitadas, preferindo que as pedissem de forma afável, pois se as roubassem um beijo séria como se violassem os seus princípios sentir-se-iam como se não as respeitassem.
Não sei muito bem em que género a Diana se encaixa. Há momentos que ela parece ser mais ousada, como se encaixasse na primeira opção. Mas também tem vezes que ela fica tão na defensiva!!! Ela é cheia de princípios, ainda é daquelas que diz que tem que pedir a sua mão nos seus pais. Só para poder ir com ela ao baile, tive que pedir autorização aos seus pais e o seu pai a princípio mostrou-se contra, mas a sua mãe deu-me uma ajuda, mas mesmo assim, não deixei de ouvir aquela voz ameaçadora: ―Ó rapaz! Das 21 horas não passa. ― Amedrontou-me o seu pai.
― Deixe os meninos. ― Defendeu-me a sua mãe. Ela sim parecia ser deste século modernizado, não tão antiquado quanto o pai.
Durante este tempo que saímos juntos, parecia houver algum clima no ar, uma química real. Várias vezes os nossos olhares se cruzaram no meio da conversa, é como se um fogo acendesse, uma faísca entre os nossos olhares.
Ontem mesmo, parecia que ela tremia quando segurava a sua mão. Aqueles sorrisos que ela soltava em meio a conversa, são como se os seus lábios estivessem a chamar os meus. Quando arranquei aquela flor no campo e a dei, em seguida lhe dei um beijo no canto da boca, parecia que ela esperava que fosse na boca. Do jeito que ela conversa com aquela toda meiguice, tenho a certeza que ela espera que eu a beije, isso estava mais que evidente no seu olhar.
Hoje no passeio do raiar da tarde, quando ajudava ela a descer do cavalo, o clima rolou, eu senti o clima no ar, as minhas mãos estavam na sua cintura, a mão dela direita estava em volta ao meu pescoço e a sua esquerda estava segurando o meu braço direito. Então percebi que era o momento ideal e não poderia desperdiçar o momento que tanto esperava e tenho a certeza que ela também. Quando ela fixou os pés no chão ficamos aí estagnados, cruzando os olhares, o vento veio agitar mais as coisas, bateu em seus longos cabelos castanhos, as folhas das árvores, o som das quedas das águas do rio e juntamente com o cantarolar dos pássaros, "pareciam que haviam ensaiado uma canção para esse momento". O som que se fazia sentir naquele momento é como se a natureza também estava a espera de ver um beijo nosso faz tempo.
Tive a convicção que até a natureza estava em meu favor, de imediato percebi que devia ficar com a primeira opção, não poderia mais estragar o clima, interromper tudo que estava a favor do primeiro beijo, para lhe perguntar "se poderia dar-lhe um beijo". Pois sentia a sua respiração mais fundo, senti que ela perdeu o fôlego, os batimentos do seu coração estavam mais acelerados do que o habitual e se eu interrompesse o momento, para pedir permissão, ela poderia não gostar por tirando-a do clima e talvez ela não diga nada a minha frente, mas pode passar a me considerar um *banana. Então, olhei fixo em seus olhos, aproximei minha cabeça de imediato diante a sua e a beijei... Quando parecia ter conseguido, de repente ela me empurra e pá… Uma bofetada em minha cara. Ela logo se vira e começa andar.
―Por que fez isso? Pensei que também queria? ― Perguntei com ar de inocente.
Ela parou, virou-se e respondeu com aquele seu sorriso característico: ―Você não pediu.

*Banana: homem por mulheres considerados burros, ou homossexuais.

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