Névoa

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Todo começo é um pouco turbulento. Na verdade, sempre haverá uma fase ruim, na qual você terá que se abster de algumas coisas, ou algumas pessoas. Quando se decide mudar algo em nós mesmos, temos que nos lembrar que todas as decisões que tomamos afeta alguém, só temos que tomar cuidado para não afetar às pessoas erradas. Quando tomara a decisão mudar sua vida, acabara se afastando de algumas pessoas que faziam parte dela. Algumas dessas pessoas insistiam em estar presente de forma tão intensa que a distância tem se tornado um martírio para ela. Cada dia a saudade batia à porta, batia à mente, batia no corpo, batia no coração. Todos os dias a saudade lhe dava uma surra. Com isso, seus pensamentos começaram a se perder e se esvaiam na calada da noite. Durante os dias agitados ela se ocupava com algo que lhe poupava as lembranças, mas na madrugada infinita, o sono sempre lhe fugia e voltava todo aquele martírio, revivendo os momentos, os lugares, os risos, as loucuras. Mesmo nos dias mais turbulentos, ela sempre encontrava um momento para pensar em tudo que deixara para trás. Ela estava sabia, lá no fundo, que as lembranças machucavam. Pobre menina, mesmo sabendo, ainda assim, não lhe poupava o sofrimento. Lembranças machucam, as boas, mais ainda! Seus dias passavam lentamente, seu martírio estava ainda longe de terminar. Sua prece não surtia efeito, seus pedidos sucumbidos às constelações não retornavam, e nunca retornariam, afinal, dias ruins são necessários para que saibamos valorizar os dias bons. Às vezes, ela dormia no acalento de um colo ou se encolhia em algum abraço apertado, sempre ouvindo a mesma coisa: "calma menina, tudo passa...é só uma fase!" É tão bom quando você ouve o que quer ouvir e sabe que é verdade, sabe que realmente vai passar, hoje ou amanhã, mas vai passar. Por isso ela respirava aliviada, confiando que os ventos mudariam. Ela suspirava, e naqueles suspiros ela descarregava a alma. Não morava ainda na casa nova, onde tudo começou, não podia ainda determinar tamanha liberdade em sua vida. Precisava, antes de mais nada, submeter- se à uma autoridade que freasse um pouco seus devaneios. Mas era como se sonhasse baixinho que um dia ainda moraria ali. Queria usufruir daquela sala onde encontrara alguém ofegante que lhe arrebatara os pensamentos saudosos de um passado todo presente na sua mente. Era esse o motivo que a levava sempre à casa nova, talvez era ali que conseguia fugir dos problemas, conseguia esquecer que tinha deixado um grande pedaço de si bem longe, lá onde tudo se encaixava, ainda que nada fizesse sentido. Não eram raras as vezes em que acordava castigada pelo martírio do sono, seu olhar e seu sorriso cabisbaixo eram mais que suficientes para entender que sonhara com o que não queria. Pobre menina, não te lembras que tentar esquecer já é lembrar? Todas as vezes que acordava assim, sabia o que fazer, sabia pra onde ir. Corria aos abraços apertados e o colo carinhoso dos moradores da casa nova. Sua vida sempre fora cheia de altos e baixos. Nunca fora uma vida pacata ou desprovida de grandes emoções, mas ainda assim era vazia, pois algo lhe faltava. Era uma vida vazia e rompida. Laços rompidos, contatos rompidos, amores rompidos e começos rompidos. Começos bem começados, mal começados e alguns que nem chegaram a começar e foram interrompidos, ambos se viram obrigados a terminarem. Se via perdida, sem se encaixar nessa nova realidade, em muitos momentos pensou em deixar tudo e voltar, mas sempre se lembrava que a vida segue pra frente. Alguns dias, acordava tão atônita que parecia perdida numa floresta escura

Complicada e PerfeitinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora