Hey, Dear Diary - L.S.

02- Detesto despedidas.

Olá!
Acho que começamos com o pé esquerdo, não é? Vamos do início...

Ei Querido Diário,

Me chamo Louis, Louis Tomlinson, tenho 18 anos e moro em Doncaster, Reino Unido, junto da minha mãe e quatro irmãs. Meus pais se separaram recentemente e, desde então, nossa casa tem sido mais... radiante sem o meu pai. Ele não costuma ser uma companhia agradável, mas sim, tóxico com seus atos nocivos. Em exemplo nisso; ele não acredita no que sou. Finge não acreditar. Está sempre dizendo com o peito estufado de orgulho aos colegas o quão sou fera no futebol, o quanto sou o carinha do papai, seu único filho. Bem, se isso fosse verdade, acho que ele ao menos tentaria me compreender. Mas não. Quando ameacei te contar, ele logo alegou que nunca, e em hipótese alguma aprovaria um relacionamento meu que fosse com outro homem. Eu não preciso de sua aprovação, papai.
Bom, papai não levou com ele todos os problemas da família; minha mãe está afastada do trabalho e passa o dia em casa cuidando das minhas irmãs mais nova de seis anos, Daisy e Phoebe. Lottie está no último ano do fundamental (14 anos) e Félicité no primeiro do colegial (16 anos), ao contrário do que foi a minha adolescência, a delas parecem bem agitadas. Ganhei bolsa de 100% para terminar o colegial na Hunter School, um dos colégios mais remunerados de Nova York. Niall, meu melhor amigo, conseguiu uma de 70%, mas seu pai é advogado de empresários, então pode arcar. Este colégio é tão propício que um ano de estudo lá, já te passam na frente nas listas de grandes universidades, é o meu objetivo, química ambiental na NYU.
Estamos indo com o intercâmbio, a família que irá nos hospedar na verdade é só um casal sem filhos, e são ótimas pessoas. Bem, ricos de meia idade. Ótimo.
Diário, algo de dentro grita para eu ficar, mas é tarde para ouvir...

💭💭💭

A ansiedade faz com que eu abrisse meus olhos ás 6:30 AM, com tantas coisas vindo a tona ao mesmo tempo, perco o sono. Me sento na beira da cama e pego meu celular, há nada de interessante á essas horas na internet, apenas mensagens irrelevantes como os GIFs de Estátuas da Liberdade dançando que Niall me manda desde o dia que recebemos a ligação da Hunter School. Arremesso o telefone em meio ao edredom e passo mãos no rosto até fixar o olhar em algum lugar tentando pensar em tudo, mas resultando em nada. Lembro de ontem e do que Mary havia dito, o diário, penso sobre escrever, mas ao visualiza-lo sobre a cômoda, também noto o envelope que a mesma me deu. "Droga!", penso, "Esqueci de entregar para mamãe".

Estava bem lacrado, as vozes ainda sonolentas da minha cabeça não paravam de dizer para abrir, sei que mamãe não se importaria, mas e se o que estivesse dentro não fosse para mim? Digo, e se na verdade, eu não queira saber o que há ali. Mary Ann saberia o que é bom para mim, ela não diria para eu não abrir caso fosse um cheque de 1 milhão de dólares. Quanto drama, Louis! Apenas abra! Ela disse se tratar do seu diagnóstico, e você tem o direito de saber, o que pode ser tão assustador? Apenas abra.

Não me contento e rasgo o envelope revelando dois papéis, um com uma pequena descrição minha no início da folha. Desço o olhar.

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Donc Saúde — Psicoterapia

Louis W. Tomlinson
Doncaster, Reino Unido

Relatório médico:

Eu, psicoterapeuta Mary Ann Miller – CRP 151004 –, afirmo que paciente Louis William Tomlinson apresenta quadro clínico de depressão severa, caracterizada por apatia persistente, perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas e isolamento social progressivo. Relata sentimento constante de vazio e falta de propósito, além de autoimagem negativa acentuada. Oscilação entre episódios de insônia e sonolência excessiva. Negação de ideação suicida no momento, porém expressa descrença no futuro e falta de motivação para engajar em tratamento psicoterapêutico. Recomendado acompanhamento psiquiátrico intensivo e introdução de antidepressivos de ação prolongada. Prognóstico reservado."