{...}
— Tudo continua a droga de sempre. Mesmo não morando com a gente, meu pai sempre surge em casa como uma visita inesperada e desagradável. Ele insiste em querer toda a guarda das gêmeas e isso sempre resulta em uma discussão chata e barulhenta com mamãe. Lottie não ouve meus conselhos, está sempre saindo a festas peculiarmente duvidosas acompanhada de caras peculiarmente duvidosos. Minha outra irmã, Félicité... bem, eu acho que... acho que ela está usando drogas, eu sei lá, vi com meus próprios olhos algo que me dizia isso, mas, não quero ter certeza. Tento ao máximo não dar problemas à mamãe, mas, só por eu gostar de garotos, sempre haverá preocupação para si. Posso sentir sua insegurança sobre a sociedade em vista disso, sobre pessoas que não me aceitam e tentarão me prejudicar, ainda mais eu me mudando para a grande Nova York amanhã mesmo, com tantas outras pessoas junto a seus pensamentos e direitos de expressões. Bem, o meu amigo... não sei o que dizer sobre, estamos nos mudando juntos, então acredito que terei tempo suficiente para achar algo em que reclamar nele.Não houve reação da sua parte. Um silêncio constrangedor tomou conta da sala pequena e fria.
Ela continuava focada sem parar de escrever em um caderno de molas.— E então... – quebro o silêncio — Não vai dizer nada? Quero dizer, você não tinha que me dar algum conselho? Sei lá...
— Mas e você? – diz ainda focada no que fazia.
— Como?
Ela tira os óculos para me encarar.
— Você diz sempre sobre pessoas, alheados... já até me disse sobre dificuldades íntimas que seu amigo Niall estava lidando. – sorri por humor — Mas estamos aqui para falar principalmente e especialmente sobre você, Louis.— Minha família é parte de mim, Dra. Mary, e sinceramente minha vida não é tão interessante para se ter sessões e sessões sempre sobre ela.
— Está brincando? Eu queria ter um amigo com problemas sexuais para me enjoar de zoá-lo.
Rimos.
Eu gostava dela.— Mas eu gostaria de saber mais e conhecer Louis William Tomlinson.
Penso sobre esse cara.
Só com 18 anos, mas às vezes se sentindo mais velho. O corpo carrega juventude, mas a mente... se arrasta por lugares escuros e desconhecidos, como se já vivido décadas de estranheza. Sempre um observador silencioso, preso entre o desejo de se esconder e a necessidade de ser visto. Gay. Não é um segredo, mas também não é algo que costuma gritar ao mundo. Não por medo, mas cansaço. Cansaço de explicar, justificar quem ele verdadeiramente é, como se a existência, precisasse de permissão.
Nos últimos anos, vem sentindo como se a melancolia te acompanhasse feito uma sombra. Não é uma tristeza avassaladora, mas constante, chata, discreta, como o som de uma chuva fraca a fora, mas que nunca para. Sente constantemente como se estivesse à margem de tudo, assistindo o mundo passar, enquanto permanece perdido entre o que é e o que deveria ser.— Me desculpe, doutora, mas elas são tudo para mim, as únicas com quem que eu realmente falo, confio. Eu quero poder ajudar, estar com elas, não ser mais um encargo para seus problemas... Elas precisam de mim e me preocupo com elas.
— Mas deixará Doncaster em algumas horas.
Me espanto.
Ela não podia estar falando sério. Eu jamais deixaria minha família e suas tribulações aqui para viver em outro país por lazer, eu sonhava a anos por esta bolsa na Hunter School, era um sonho se tornando real e eu não abriria mão. E mesmo se eu cogitasse, mamãe nunca me deixaria ficar. Ela esteve comigo a cada esforço e sempre me apoiando.
Arrisco dizer que ela é quem está mais orgulhosa e entusiasmada com isso.
Até mais que eu. Muito mais.
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Hey, Dear Diary - L.S.
Fiksi PenggemarO que o efervescente estilo de vida juvenil de Nova York reserva para um jovem transtornado de apenas 18 anos, cuja sua existência se afoga no tédio? Olhos verdes que te hipnotizam? Um sorriso de afundar as bochechas? Amizades se transformando nos...