Capitulo 4

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Pov Kara

Três semanas. Vinte e um dias se
passaram desde então. E não houve
um dia, fora os fins de semana, em que eu e Mike não nos encontrássemos. Era incrível como éramos capazes de inventar desculpas tão convincentes pra nos vermos que ninguém parecia sequer desconfiar do nosso envolvimento. Claro que
contávamos com muita sorte também, mas nossa veia teatral criativa era responsável pela maior parte da discrição. E o pior de tudo era que durante todos aqueles dias, não tivemos como, hm, avançar o sinal.

Não que fôssemos lerdos nem nada,
mas é que ficava complicado fazer
alguma coisa além de uns bons amassos no curto tempo que tínhamos, e nos lugares inapropriados dos quais dispunhamos. A cada dia que se passava ele dava sinais de que estava se segurando ao máximo pra não passar para o próximo nível (adoro usar essas expressões, elas me fazem rir), tadinho. E eu também, afinal, eu tinha 17 anos e estava com os hormônios descontrolados.

E quanto a Lena? Graças a Deus,
ela pareceu se esquecer de mim. Me
tratava com frieza, rispidamente, e não me dirigia a palavra desnecessariamente. Preciso dizer que minha vida estava uma maravilha com o homem dos meus sonhos do meu lado, mesmo que ninguém pudesse saber, e de quebra sem aquela peste da Luthor me infernizando.

- Eu tava pensando outro dia. - Mike
disse, assim que nos cumprimentamos com um caloroso beijo numa sala vazia do primeiro andar.

- Você pensando? Mas que progresso,
parabéns! - brinquei, com os braços ao redor de seu pescoço, sentada de frente pra ele na mesa do professor.

- Ah, é assim? Então tá bom, não vou
mais dizer a coisa super importante que eu ia dizer - ele falou, fazendo cara de indiferente e virando a cara pra mim.

- Oh meu deuso, desculpa, vai - pedi,
fazendo beicinho e tudo - Conta logo,
daqui a pouco eu tenho que voltar
pra aula senão o senhor Harry vai
desconfiar.

- Como você fez o milagre de fugir
da aula do Harry? - ele perguntou,
impressionado.

- Simples - respondi, com um sorriso
esperto - Disse que não estava me
sentindo bem e o próprio senhor
Barriga sugeriu que eu fosse até a
enfermaria pra ser examinada.

- Sua carinha de dodói deve ter sido
bem convincente pra comovê-lo a
esse ponto - Mike comentou, ainda
perplexo, me fazendo rir - Pelo visto,
você tá virando uma ótima atriz... Preciso começar a tomar cuidado com voce.

- Não teve graça - resmunguei, fazendo cara feia, mas não resisti quando ele se aproximou sorrindo pra me dar um beijo rápido - Falando sério agora, o que você ia contar de tão importante?

Mike suspirou, se preparando
psicologicamente, o que me deixou
com uma certa ansiedade. Batucando
com os dedos indicadores e médios
nos meus quadris enquanto minhas
mãos estavam espalmadas em seu
peito, ele logo começou a falar, dizendo cada palavra com cuidado:

- Eu queria te convidar pra ir conhecer o meu apartamento hoje à tarde.

Não sei dizer que cara fiz. Só sei que
devo tê-lo assustado, porque vi sua
expressão disfarçadamente ansiosa se
tornar séria ao mesmo tempo que meu queixo caiu até meu umbigo.

- Você quer que eu vá pra sua casa...
Hoje? - gaguejei, com o coração a mil.

- É - Mike confirmou, desembestando
a falar logo depois - Eu pensei que por ser sexta-feira, você não tivesse nada
pra fazer, mas tudo bem se você não
puder ou não quiser, não tem problema nenhum, eu não quero te pressionar a fazer nada, foi só um convite...

- Que horas eu posso chegar? -
perguntei, interrompendo seu
monólogo com um sorriso esperto.

Apesar do nervosismo disparado pela
surpresa, eu não tinha como negar
um convite daqueles. Talvez se eu
o recusasse, Mike jamais repetiria
a proposta por medo de outro não.
Ele me olhou de um jeito confuso,
processando o que eu tinha dito, mas
logo deu um sorrisinho de canto.

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