Haviam se passado três dias completos antes que Harry visse Faith outra vez. Foi cuidadoso em evitá-la, sabia que ela queria se esquivar dele. Mas era inevitável que se encontrassem eventualmente. Ambos foram à cozinha certa tarde ao mesmo tempo para um almoço tardio. Ela sobressaltou-se quando o viu, e ele blasfemou. Sentia-se incomodado com ela. Havia alterado sua rotina para ficar longe dela. Queria deixá-la viver. Não a estava incomodando. Estava saciando suas necessidades e lhes dando conforto. Não estava fazendo nada cruel. Exceto mantê-la presa contra sua vontade. Tinha visto-a nua uma vez. Tocou em seus seios. Uma vez. E havia golpeado ela. Uma vez. Nada dessas coisas deveriam causar tanta ansiedade e sobressaltos, não importava quem fosse sua família. Sentiu sua ereção e imaginou que ela também deveria ter notado. —Não vou machucá-la. —A maneira brusca como falou não soara como provável aos seus próprios ouvidos. Durante três noites havia fantasiado, em seu pensamento vê-la amarrada e vulnerável. Açoitando-a, chorando, suplicando e o chamando de Amo,enquanto jazia deitada aos seus pés. Até mesmo seu medo o excitava em suas fantasias.Harry queria tomá-la. Ela deveria estar agradecida e feliz em lhe servir. Salvou-lhe a vida. Se não fosse pelo estranho presente de Natal antecipado de Angelo e a disposição dele de levá-la para sua casa, ela estaria no fundo do mar agora mesmo. E ambos sabiam disso. Ela girou e voltou para o seu quarto. Ela deveria estar com fome, então ele fez para ambos um sanduíche. Comeu o seu na cozinha, e o dela levou até o quarto. Não havia por que, mas bateu em sua porta.
—Que... Quem é? —Ela sabia muito bem quem era. Seu senhor e Amo. O homem a quem pertencia a quem devia a vida e que era o dono de seu corpo. —É Harry. Trago-lhe algo para comer. —Não esperou que o convidasse a entrar ou abrisse a porta. Era sua fudida casa. Já dentro do quarto, colocou a bandeja em uma mesinha. Trouxera batatas fritas, um sanduíche e chá.—Obrigada. —Resmungou. Deu-se conta que ela não queria conversar. Mas a quem enganava? Se não podia subjugá-la e treiná-la, não podia mudar a maneira como se dirigia a ele. Descobriu que sentia falta de escutar as palavras saírem de sua doce boca. Lembrou-se de alguns dias atrás, quando ela esteve tão assustada que ele a machucaria, quando se ajoelhou diante ele. Deixou-a sozinha antes que sua ereção ficasse aparente. Quando retornava escada abaixo, seu mordomo, Demetri, segurava um telefone móvel. —É sua mãe, senhor. Harry pegou o telefone. Que novo purgatório seria este? —Olá, Ma. —Harry não conseguiu dizer mais nada, pois ela começou a choramingar emocionada em um rápido fluxo de frases. Algumas delas terminavam onde outras começavam. —Angelo me disse que tem uma garota agora. Disse que vai se casar. Quando iria contar para sua pobre mãe? Quando todos nós estivéssemos ai? Toda a família está ansiosa para conhecê-la. Qual o nome dela? Faith? É católica? É uma boa garota, Harry? —Ma. —Disse Harry, querendo acalmá-la. Isto não era bom. Sua família logo chegaria para ficar durante uma semana para o Natal. Ele ainda não havia decidido o que ia fazer com Faith. Seria horrível para ela, mas pensou em prendê-la no calabouço durante a semana e Demetri levaria a comida. Ao menos dessa forma evitaria ser questionado. Quem sabe no próximo ano pudesse confiar nela o suficiente para deixá-la estar com sua família sob um pretexto qualquer, possivelmente como uma nova governanta, faxineira ou enfermeira para auxiliá-lo no trabalho. Mas sabia que se a prendesse no calabouço só a aterrorizaria e o faria sentir-se um monstro. Estava quase contando que ocultá-la já não era opção. Certamente Angelo sabia que não conhecia Faith tempo suficiente para lhe propor casamento. Essa informação deve ter sido obtida de outra fonte. As mulheres em sua família eram muito fofoqueiras. Começava com a mais simples das histórias e terminava com amores ilícitos, assassinatos e um funeral sem um corpo ao final. —Falo sério, Harry. Estou muito aborrecida que não me tenha dito nada. E se ela está vivendo sob seu teto como Angelo disse, é melhor que esteja casando com ela! Sabe que eu não gosto que meus filhos vivam em pecado! Sabia que ela se referia a Angelo e David.Conseguia vislumbrá-la fazendo o sinal da cruz. O impacto da revelação do seu irmão quase a havia matado e ela ainda não havia superado. É claro! Essa era a razão pela qual Angelo disse que Harry estava se casando para tirar a atenção dele este ano. Suprimiu um rosnado. —Sim, Ma. Estamos nos casando. Já fiz o pedido. Se eles já sabiam a respeito de Faith, poderia muito bem arrumar um casamento fictício. Nunca tiraria sua mãe da sua cola se pensasse que eles estavam vivendo em pecado. O que ela pensaria se soubesse que Faith estava ali contra sua vontade? Nada de bom.—Sem ter nos apresentado? O criamos melhor que isso! Não posso acreditar que ficou comprometido sem sequer ter chamado sua pobre mãe! Ela é católica? Por favor, me diga que ao menos ela é católica.
Não tinha a menor ideia se era ou não, mas o que era uma mentira juntada a mais um monte delas? —Sim, Ma. É claro que é uma boa garota católica. —E a respeito da sua família? Faz parte de uma boa família? —Ela não tem família. —Inseriu um pingo de honestidade à conversa. —Oh, pobre garota. Bom, agora ela terá uma grande família. Bastou isso para sua mãe enfocar outro tema. —É irlandesa? Sei que saiu antes com ruivas, mas seu tio Sal não gostará de ter sangue irlandês na família. Por favor, me diga que não é irlandesa. —Sim, ela é ruiva. —“Benedica a Vergine Maria”. —Sussurrou. Bendizer à Virgem era a reação de Gina a qualquer escândalo. Se sua mãe soubesse do escândalo completo, estaria rezando o Santo Rosário sem parar até o Ano Novo. —Ma, estou ocupado. Mas a verei no próximo fim de semana. —Trocaram as usuais palavras de despedida e ele desconectou a chamada. Demetri levantou uma sobrancelha. —Nem fale. Vá à Tiffany's e compre um anel de noivado. Algo que pareça convincente... Como se o tivesse sido comprado para alguém por quem estou profundamente apaixonado. —É claro que qualquer anel da Tiffany's passará essa mensagem. —E se a garota não estiver de acordo, senhor? Com Faith tendo sido transferida para o outro lado da casa, o pessoal sabia que ele se tornara suave e tinha deixado o resto de lado, era diferente. A expressão de Harry endureceu.
—Se Faith não cooperar, passará todos os Natais amarrada no calabouço. Os olhos de Demetri se arregalaram. Mas logo se retirou para cumprir a ordem. Faith sentou na cadeira da escrivaninha posicionada perto da árvore de Natal, desenhando gatinhos em um bloco de papel enquanto assistia a um programa de comédia na TV. Havia almoçado várias horas atrás e estava faminta outra vez. O sol já se pusera, mas hesitava em deixar seu quarto e ir à cozinha, temia encontrá-lo. Queria utilizar o interfone e pedir a um empregado comida, assim continuaria escondida e segura em seu quarto. Mas levar em conta o que ele disse a respeito deles atenderem suas necessidades receava incomodá-los ou que eles dissessem para Harry, e ele se zangasse. Certamente Harry disse que poderia ser atendida no quarto,quando pensou que ela concordaria com a coisa toda. Tentou dizer que pagaria pelo quarto e a comida, ao menos até que seu dinheiro acabasse, queria apaziguá-lo. Não era como se o seu pouco dinheiro lhe atraísse, tendo em vista que era rico. Mas quando o viu parado na cozinha, a realidade bateu forte. Era tão alto e forte! Havia sentido a evidência de sua força quando ele a agarrou e bateu nela na primeira noite. A intensidade dos olhos e a severa linha constante dos lábios a assustavam. E aquela cicatriz em seu rosto... Apesar de que havia sido mais amável com ela do que seu gêmeo, a cicatriz dava um toque de escuridão e dureza, bem menos acessível. Ela se sobressaltou quando a porta abriu, não houve um toque desta vez. Ele parou no marco da porta, como se a morte viesse reclamá-la. Faith tentou acalmar a respiração, mas ele nunca a olhava calmamente.
Sempre a olhava com uma intensidade que a fazia temer respirar e até existir. Como se ela precisasse permanecer muito quieta e calada para permanecer viva. Ele deu uns passos dentro do quarto, tão rapidamente que ela não pôde deter a si mesma de encolher-se. Quando chegou até ela, colocou uma pequena caixa sobre a escrivaninha. Parecia uma caixa de joalheria. —Abra. —Rosnou quando ela ficou olhando para a caixa. O que tinha nessa caixa? A resposta óbvia era uma joia, mas Faith não pensava em uma única razão pela qual seu captor lhe desse de presente uma joia. Sua mão tremia quando pegou e abriu a caixa. Ela não pôde ocultar sua surpresa. Um anel. Que pedra! —P... Por que é isto? —Por acaso já viu um anel de compromisso antes? —S... Sim, mas... —Minha família chegará aqui no próximo fim de semana para as festividades natalina. Vão entender que é minha noiva durante esse tempo. —Não era um pedido. —Eu... Eu. Q... Que acontecerá? Q... Que fará? —Acha-me assim tão repulsivo? —N... Não. —Encolheu-se diante do olhar decepcionado em seu rosto. Cada vez que terminava um discurso, ele mostrava essa cara. —Continuará dormindo neste lado da casa. Minha mãe é muito religiosa e não ficaria contente se compartilhássemos o quarto. Só fingirá estar apaixonada por mim quando estivermos perto de algum parente. O máximo que fará será pegarmos nas mãos e trocarmos alguns beijos. —Eu...
—Ponha o anel. Agora. Sua voz adquiriu aquele tom outra vez, e ela se apressou em obedecer. Surpreendeu-se que ficasse tão bem na sua mão. —I... Isto deve ter custado uma fortuna. —Respirou quase atrapalhada na fantasia. Por um instante, observou o quarto, a árvore e o anel, e imaginou que era a proposta de um noivo rico,antes do Natal. Mas só por um momento. Logo voltou para a realidade da sua situação, este homem que ela não conhecia e em quem não confiava, poderia estalar os dedos e lhe fazer mal a qualquer momento. —Foi um pouco caro, sim. Mas minha família nunca acreditaria na mentira se não fosse assim. Conhecem-me muito bem. Agora, fará o que estou pedindo e fingirá que estamos comprometidos? Advirto-lhe de que se a verdadeira natureza da sua estadia aqui vier à tona, você desaparecerá. Entende o que digo? —S... Sim. —Sussurrou. —A maneira casual em que falava em matá-la era exatamente a razão pela qual estava tão assustada. Sua bússola moral tinha a agulha torcida. —Sim entende ou sim o fará? —T... Tenho outra opção? —Claro que tem outra opção. Se não quiser fingir ser o amor da minha vida, ou não parecer bastante convincente, ficará presa no calabouço até eles irem embora. —Por favor, não! —Suas palavras saíram com muita força, o que a envergonhou. Mas a ideia de ficar presa em um... Calabouço... Era demais. Não lhe ocorreu que a casa teria tal coisa, mas agora que mencionou, não duvidava da veracidade. —E... Eu farei. Fa... Farei o que quiser só não me prenda... Por favor, não faça isso. —Então será melhor que não estrague tudo.—As frias palavras a amedrontavam, mas sob elas, Faith via o medo nele de que ela fizesse algo que o levasse a matá-la. Desejou assegurar que não havia maneira que ela o fizesse se zangar. —N... Não o farei. Prometo. —Entende as consequências se o fizer? —As palavras estavam cheias de desespero. —S... Sim. Sua vida estava em um precário equilíbrio desde que viu Angelo apertar o gatilho naquele beco e o corpo cair ao chão. Estava longe de sair dessa confusão, se é que havia uma saída. Não estava segura de que houvesse. —Estou contente de que esteja disposta. —Procurou nos bolsos da jaqueta e tirou duas pilhas de papéis grampeados. —Preencha estes questionários e responda o mais honestamente possível. Preciso estudar suas respostas assim nos conheceremos suficientemente bem para quando minha família chegar. O outro pacote tem minhas respostas às mesmas perguntas. Saberá o que gosto, o que me desagrada e o suficiente do meu trabalho para fazer parecer que mora aqui. Manteve-se próximo a ela, o que a deixava mais nervosa. Perguntas simples como sua comida preferida era difícil responder diante a pressão que impunha com sua presença. —Atrás do outro pacote tem a história de como nos conhecemos e de como lhe propus casamento. Essa é uma das coisas mais importantes para decorar, já que todos perguntarão. Depois de vários minutos, ele foi para a porta. —Me acompanhará no jantar dentro de meia hora, leve os papéis com você. Terá que se acostumar a ficar perto de mim e também com o meu toque. Se encolher cada vez que me aproximo, acreditarão que lhe bato.
Fechou a porta silenciosamente atrás dele, e Faith voltou para as perguntas, tentando não olhar à gigantesca lista em sua mão. O problema era que... Se ele era um ator decente, se era amável e gentil enquanto sua família estivesse aqui, ela começaria a querer que fosse real, mas quando fossem embora, tudo voltaria a ser como antes, a mágica seria quebrada. Ao menos com a família presente, ela estaria a salvo. Ele já tinha muitos problemas. Quando terminou de responder, pegou os papéis e foi para a cozinha. Dois pratos haviam sido colocados próximos das travessas com saladas e taças de vinho. Um dos empregados discretamente serviu os pratos e as taças. O jantar era composto de salada caesar, frango à parmegiana com risoto e o vinho era tinto. Harty bebia vinho com cada refeição e parecia entusiasmado em modificar o hábito dela de tomar suco de laranja. Faith comia enquanto ele olhava suas respostas. Ocasionalmente ele fazia “hum” entre bocados. Ela manteve-se focada na comida. Só queria terminar de comer e voltar a se esconder. Quando terminaram, começou a levantar para voltar para o quarto, mas Harry a deteve. —Não. Temos menos de uma semana antes que cheguem. Temos que praticar. Venha comigo. Deixou os papéis sobre a mesa e a guiou pelo corredor para sala de estar. A ausência dos questionários não deixava dúvida do que praticariam. Tentou não ter um ataque de pânico enquanto o seguia. Por três dias ele a deixou em paz. Não tentou nada. Não a matou. Ninguém fez nada para machucá-la. Mas a ameaça do calabouço encontrava-se latente. Se ela se afastasse dele varias vezes, a prenderia no calabouço? Não podia evitar que estava acostumada com homens menos intimidantes, homens que a deixavam tomar as decisões mesmo se eles não gostassem muito. Não havia termos médios para os homens? Mesmo para um homem que tomasse o controle, porém não fosse tão cruel e tão aterrador? Imaginava como sobreviveria se estivesse amarrada na escuridão por uma semana, se Harry se cansasse dela. Alguém a alimentaria? Temia que não. Pelo menos lhe dariam água,se não morreria. Ele se importaria se morresse? Queria acreditar que ele não era um monstro, porém não podia baixar sua guarda e dar por concedido algo tão básico. Não quando seus mundos eram tão diferentes. Harry se sentou no sofá de couro marrom no fundo da sala. —Venha se sentar junto a mim, Faith. Era estranho que lhe tenham dado este nome, quando ela nunca teve muita fé em ninguém,nem em nada. Inclusive mesmo a religião havia lhe inspirado mais dúvidas. Cada vez que seu nome era mencionado, zombava de sua incapacidade de confiar. Sentou-se no outro extremo do sofá, e ele levantou uma sobrancelha. —Sério? É assim que um casal comprometido senta? Como se tivessem medo de algum contágio?Sente-se ao meu lado. —Tamborilou na almofada ao seu lado e ela,mesmo a contra gosto se aproximou. Quando estava ao seu alcance, puxou-a para mais perto, com a sua coxa pressionando a dele. Seu braço a rodeou, obrigando-a a recostar-se contra ele. —Relaxe. —Tranquilizou-a, acariciando com os dedos seus cabelos ruivos. Ela se esticou mais. Se ele começasse a tocá-la, o que o deteria? Via sua excitação sempre que estava perto. Ele queria transar.O quer que fosse que o detinha, poderia deixar de detê-lo a qualquer momento. Lágrimas silenciosas deslizaram por suas faces. Logo foram menos silenciosas, fazendo que seus ombros sacudissem, entretanto tentava conter as emoções.
—Não pode fazer isso quando a minha família chegar. Tem que parar agora ou não terei outra escolha a não ser prendê-la no calabouço. —Não, p... Por favor, A... Amo. Tratarei de fazer o melhor. Por favor, me dê uma oportunidade. Desta vez, foi Harry quem ficou tenso e quieto. Faith nem percebeu por que o chamou assim. Ela estava muito confusa. Desde que ele mencionou o calabouço e a possibilidade de ser presa ali, já não podia ver a si mesma como hospede, se alguma vez acreditou nesta ilusão. Queria acalmá-lo, o fazendo suficientemente feliz para permanecer viva e segura. —Não pode me chamar assim quando eles estiverem aqui. Não pode esquecer nem por acaso. Assim, comece a me chamar de Harry. Ruborizou-se. Foi suficientemente humilhante ser forçada a chamá-lo de Amo quando ele mandou, mas dizê-lo sem hesitação e sendo corrigida a fazia querer morrer.—S... Sinto muito, H... Harry. —E tem que parar com essa gagueira. Era pressão demasiada. Não gaguejar. Não encolher-se. Como iria fazer com que as pessoas acreditassem que estavam comprometidos, perdidos de amor? Teria que ser obrigada a fazê-los acreditar se queria sobreviver. Teria que se obrigar a crer se queria que eles acreditassem.Teria que deixar de lado todas as suas reservas e abraçar a fantasia, sem importar o pouco que duraria. —Diga algo que eu não saiba sobre você. —Ele pediu. Forçou seu cérebro na tentativa de pensar em algo. Ele não sabia muito, mesmo com o questionário, mas ela não se lembrava de algo importante.—Pode ser qualquer coisa. Quero conhecê-la melhor.
Não eram as palavras de um menino em um encontro com uma garota. Eram as palavras de um homem resoluto interpretando uma obra maquiavélica. —Até poucos meses atrás, eu tinha dois gatos. Um estava muito velho e doente, então foi sacrificado. Pensei em comprar outro gatinho porque Squish se sentia sozinho e deprimido, mas... —Mas? Faith olhou para as mãos. —Seu irmão. —Entendo. —Ele ficou em silencio por um longo tempo, acariciando o cabelo vermelho até que ela começou a relaxar contra ele. Ele fechou os olhos e imaginou que fossem namorados ou um compromisso, alguém com quem ela ficava voluntariamente. Alguém que gostava e confiava. Sua respiração começou a se acalmar. Se ele queria este desempenho para sua família, ele não iria machucá-la até que eles chegassem. Sua respiração começou a se acalmar. —Bom. Assim está muito melhor. —Disse. —Agora fique de frente para mim. Ela endireitou-se, e o dorso da mão dele roçou sua face. Ela se afastou rapidamente,por puro reflexo. Seu instinto de sobrevivência dizia perigo, e ela respondia da única maneira que sabia... Encolher, tornar-se menor... Tentando desaparecer até o predador se desinteressar. —Não. —Disse firmemente. —Deixe-me tocá-la. Faith brigou consigo mesma para permanecer quieta e aceitar o toque na face. Levou algum tempo para seu corpo relaxar e aceitar a gentil carícia. Depois de alguns minutos, ele afastou a mão. Ela se inclinou para frente, sentindo a ausência do toque que começava a ser confortável. Logo ele entrelaçou a mão na dela, o polegar acariciando seu dorso.
Fez ela se sentir como uma adolescente, seu estômago balançou e ficou agitado. Apesar de seus medos serem muito diferentes dos medos infantis de uma garota pegando na mão de um menino pela primeira vez.Sem advertência, puxou-a para ele, apertou sua nuca firmemente, inclinando sua cabeça como queria, e então a beijou. A princípio ela congelou,assustada, com medo de que ele não parasse só com os beijos, mas logo ele a acariciou com os lábios durante alguns segundos, então se afastou. —Temos que trabalhar nisso. Ninguém acreditaria nesse beijo. O calor coloriu suas faces, ela baixou o olhar para as mãos. —F... Farei melhor. —Sim, fará. –Disse. —Pegue os papéis e pode voltar para seu quarto. Espero que os leias e amanhã à noite, saiba tudo o que está relatado. Faith levantou sem dizer uma única palavra,passou na cozinha e quando chegou ao seu quarto, trancou a porta. Harry provavelmente ficaria zangado se descobrisse estar trancada, mas era a única forma de se sentir suficientemente segura para dormir. Harry meditava sobre o enigma que vivia em sua casa. Tinha que ser uma submissa. Em algum lugar bem profundo. Ficou surpreso com a resposta de que ela não era virgem. Seu medo por ele o fez acreditar que fosse. Na verdade teve vários namorados na universidade, era certamente experiente. Mesmo assim, ela não se sentia experiente com ele. De nenhuma forma. Imaginou que os garotos com quem estivera foram somente isso... Garotos. Possivelmente não estava pronta ainda para um homem maduro com uma vida estabelecida e poder perceptível.
Tentou ver as coisas sob sua perspectiva, e admitiu que pudesse se sentir como ela, mas nunca encontrou uma mulher que se comportasse assim. Claro, tampouco havia tido uma como refém. As mulheres que chegavam à sua cama sabiam de suas exigências. Ajoelhavam-se, obedeciam e o serviam na cama ou fora dela. A maioria tentou seduzi-lo, e achavam acicatriz no seu rosto atraente. Ficavam entusiasmadas pela evidência da obscuridade em sua face. Quando Faith o chamou de Amo outra vez, Harry ficou aturdido. O fazia querer corrompê-la e treiná-la. Se tivesse mais tempo... Se sua família não estivesse lhe pressionando, ele poderia fazê-lo. Lembrou que ela não mostrou nenhuma indicação física de desejos pervertidos. Mesmo uma relação baunilha com ele a perturbava. Era possível que tivesse necessidade de servir, de uma maneira não sexual. Mas para ele não seria suficiente. Ele queria uma mulher submissa que o entusiasmasse na cama. Escutar a palavra Amo sair de sua boca porque ela pensou que ele queria ouvir, só o fazia querer reclamar sua propriedade. Ela não tinha ideia do fogo que acendia, e o problema era que... Sendo ela inocente, ele não sabia como fazer para despertar nela a submissão.
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Máfia Captive
AcciónFaith Jacobson estava no lugar errado na hora errada.Ao ser testemunha de um assassinato executado por um mafioso, ela está bem próxima da morte, então Angelo Styles decide dar ao seu irmão um presente bastante improvável. Harry evitava participar...