Videogame

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CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES:
* Estou completamente apaixonada pela Lady Dimitrescu (Resident Evil The Village), mais alguém aqui está? A internet está louca por ela e estou considerando seriamente escrever uma fanfic dela/personagem original. Será?
* Eu sei que a Jes/Ava tem 1.75 de altura, mas pra essa fic tomei a liberdade de deixar ela mais alta (1.83, por aí...)
* Sara tem muita sorte...

Boa leitura!

[...]

Ava fechou a porta do forno com um baque e praticamente arremessou a forma quente sobre o balcão, os pedaços de carvão grudados no metal, que até alguns minutos antes tinham sido pedaços de frango, sequer se mexeram; o cheiro de queimado se espalh...

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Ava fechou a porta do forno com um baque e praticamente arremessou a forma quente sobre o balcão, os pedaços de carvão grudados no metal, que até alguns minutos antes tinham sido pedaços de frango, sequer se mexeram; o cheiro de queimado se espalhou pelo apartamento e ela precisou abrir as janelas para deixar a fumaça sair, a brisa noturna aliviou um pouco mas seus olhos ainda ardiam.
- Ótimo... – Ava murmurou para si mesma – O jantar vai ser pizza.
Não que Sara fosse reclamar, sua namorada tinha um paladar infantil e pizza com cerveja atenderia suas maiores expectativas para uma sexta à noite. Além disso, Ava não queria  ter que cozinhar de novo.
- Olá, Gideon.
Levou alguns segundos, mas a inteligência artificial respondeu:
“O que posso fazer por você, Srta. Sharpe?”
Ava gostou disso, Gideon reconheceu sua voz perfeitamente e respondeu de modo satisfatório.
- Peça uma pizza grande de pepperoni no lugar salvo como favorito, por favor.
“Pedindo pizza de pepperoni no Domino’s. Posso fazer mais alguma coisa?”
- Coloque o pagamento no cartão de crédito. Isso é tudo, obrigada.
Gideon estava aprendendo conforme falavam com ela, por isso Ava achava importante ser educada com a inteligência artificial.
Mandou uma mensagem para a namorada, ao que Sara não tardou a responder dizendo que logo voltaria pra casa; aparentemente ela estava no meio de um dilema à lá escolha de Sofia junto a Laurel, Ava não podia imaginar o que podia levar a tal dúvida durante uma simples visita ao shopping, mas parecia importante.
Assim que a fumaça se esvaiu Ava limpou a cozinha e se preparou para trabalhar um pouco; havia esse grande protótipo no qual estavam trabalhando, mais uma inteligência artificial que prometia deixar o Google Home, Siri e até Alexa para trás em termos de tecnologia, estavam chamando-na de Gideon e Ava até gostou do nome. Ainda havia alguns códigos instáveis, outras coisas que Ava gostaria muito de aperfeiçoar, e por isso mesmo uma versão beta estava instalada em seu apartamento até que terminassem os testes.
Ava era um dos Cérebros do Bureau Time, algo que se equiparava aos Gênios do Google.
A porta do apartamento bateu sinalizando que Sara havia finalmente chegado.
- Sara?
- Sou eu, querida!
Ava fechou a pasta de códigos, mas deixou a tela do computador ligada caso voltasse a trabalhar mais tarde. Elas tinham um acordo quanto a sexta à noite, depois do jantar cada uma podia se dedicar a alguma atividade individual e passariam o resto do fim de semana juntas; depois que resolveram dividir um apartamento, ambas acharam importante ter um tempo para suas atividades em particular.
- Amor, olha o que eu ganhei da Laurel!
Sua namorada parecia uma criança na manhã de natal, animada e com um sorriso meio maníaco no rosto, quem a visse não a tomaria como a veterinária que aparentava seriedade na clínica. Sara trazia uma sacola na mão e a ergueu para mostrar a Ava.
- Laurel me deu o Resident Evil: The Village! Acredita nisso? Ela quer jogar comigo e comprou quando eu me recusei, agora tenho um jogo de novo e de graça!
Ava se aproximou e beijou rapidamente os lábios de Sara.
- Encontraram um novo jogo multiplayer pra passar as noites de sexta? Legal!
- Não é multiplayer, mas prometemos nos ligar e jogar juntas. Ela tem um também – dessa vez Sara se aproximou e beijou Ava – Vamos comer, encontrei o entregador lá embaixo e peguei a pizza.
- Vamos, amor.
Comeram na sala de estar enquanto trocavam mais informações sobre seu dia. O grande dilema enfrentado por Sara era que ela queria jogar The Last of Us 2 mais uma vez, e Laurel queria jogar o novo Resident Evil; quando Sara se recusou a comprar o jogo, Laurel resolveu pagar por ele e forçar a irmã a jogar com ela.
- Comprei um headset novo também. E como vai Gideon?
“Muito bem, obrigada por perguntar, srta. Lance”
- Definitivamente mais esperta – Sara sorriu ao enfiar um grande pedaço de pizza na boca. Falou com a boca cheia: - Vai ser um sucesso, amor.
- Espero que sim, estamos investindo pesado nisso.
- Você é um gênio, se alguém pode fazer isso é Ava Sharpe.
- Obrigada, amor.
- Ei, sou uma namorada orgulhosa – Sara sorriu – Não pode me culpar por isso.
Elas terminaram de comer e Sara limpou os restos e colocou as garrafas no lixo da reciclagem. E quando sua namorada se acomodou no sofá para uma partida de fifa online, Ava decidiu ler o livro do clube daquela semana; haveria uma reunião no próximo fim de semana, e ela queria estar em dia com a leitura para discutir a história do livro, embora elas passassem mais tempo bebendo e fofocando do que discutindo qualquer leitura.
Horas depois, quando já havia avançado consideravelmente em seu exemplar de A Incendiária, seu telefone vibrou anunciando uma nova mensagem.
“Eu vou matar o Ray! Ele está perdendo para Sara há horas e não desiste. Podia estar fazendo algo mais divertido...”
Ava riu com a mensagem de Nora.
“Ele já está se divertindo.”
“E eu estava com tesão, Ava!  Agora só vou transar com o Ray se ganhar de dez a zero contra a Sara”
“Você é impossível.”
Ava voltou ao livro quando Nora não estendeu a conversa, mas não conseguiu ler por mais de cinco minutos antes que Sara entrasse no quarto e pulasse na cama ao seu lado.
- Já terminou? – Ava perguntou sem tirar os olhos do livro.
- Já. Ray ganhou, dez a zero pra ele.
Ava baixou o livro e encarou Sara.
- Nora disse que só transaria com o Ray se ele fizesse dez gols.
- Eu sei, ouvi ela dizer. Meu novo headset é muito bom – Sara sorriu como uma criança – Fiz dez gols contrae garanti a noite do meu amigo. Nem todo herói usa capa, amor.
- Você é impossível!
Jogou o livro de lado e puxou Sara para um abraço.
- Eu fiz uma boa ação, que tal brincar um pouco também?
Sara balançou as sobrancelhas e Ava a beijou. Sua namorada era incrivelmente gostosa, não precisava ser desafiada a fazer qualquer coisa com ela.
[...]
Sábado à tarde e Laurel estava sozinha em seu apartamento. O dia lá fora estava cinzento e logo começaria a chover, Dinah estava fora em uma emergência na delegacia e não restava outra alternativa a não ser jogar com seus amigos; não que isso fosse uma última opção, ela adorava jogar com eles, mas meio que não havia mais nada a ser feito com urgência.
Ela queria jogar o novo Resident Evil, todos estavam falando sobre o jogo, mas as Lendas queriam jogar Fortnite e eles estavam na terceira partida online.
Ray: tem um deles atrás daquele barracão!
A voz de Ray soou contra os ouvidos de Laurel através dos autofalantes dos seus fones superpotentes.
Zari: Pelo amor de Deus, Ray! Qual barracão?!
Ray: Aquele ali!
Charlie: Qual deles?
Sara: Na fábrica de descargas, vi um grupo indo pra lá!
Seguindo as ordens de sua capitã, eles entraram em formação e seguiram em direção ao local informado por ela, mas foram cercados por outra equipe.
Nate: Eu preciso de ajuda!
Laurel estava trocando tiros com dois deles e, portanto, impossibilitada de ajudar o companheiro de equipe. O avatar da sua irmã, por outro lado, estava inerte e sem fazer nada.
Laurel: Sara, faz alguma coisa e ajuda o Nate!
Nate: Sara! Sara!
Mas Sara continuou inerte, nenhum movimento.
Charlie: Acho que a Ava tirou a roupa de novo...
Laurel: Isso explica muita coisa.
Zari: caramba, a Sara tem que aprender a se controlar.
Laurel riu: Com a Ava? Vai sonhando!
Ray: Gente... Eu morri.
Nate: É, eu também.
Eles perderam aquela rodada, sem Sara e com Behrad dando plantão no T.I. do Bureau Time, apenas Laurel e Zari sabiam realmente o que estavam fazendo, Charlie não era ruim mas nem se equiparava a sua capitã e Ray e Nate estavam ali para participar.
Fizeram uma pausa pra tomar água e para Zari reabastecer seus lanches especiais de jogo, Laurel não entendia como alguém podia ser tão magra e comer tanto daquele jeito.
Dinah chegou e não disse uma palavra ao vê-la no sofá de frente a televisão, apenas lhe deu um beijo rápido e foi para o quarto. Ainda não haviam iniciado a próxima partida quando ela retornou, já usando roupas casuais e confortáveis, e trazendo o Nintendo Switch consigo; Dinah não gostava de jogos como Call of Duty, Resident Evil, Fortnite ou God of War, o que para Laurel não condizia com seu jeito de policial durona, mas adorava jogar Super Mario Odyssey no Switch.
- Como está sendo sua tarde? – perguntou Dinah ao se sentar apoiada no braço oposto do sofá e apoiar as pernas no colo de Laurel.
- Perdemos uma partida porque a Sara saiu, acho que a Ava chegou em casa e tirou a roupa.
Dinah riu.
- Faz sentido. Posso ficar aqui?
Laurel massageou os pés da namorada e sorriu quando um gemido de alívio escapou dos seus lábios.
- Pode, mas se continuar gemendo assim quem vai sair sou eu.
Dinah se levantou e beijou Laurel antes de voltar a sua posição.
- Gosto de jogar ao seu lado.
- Ainda não acredito que você é minha noiva. Você é perfeita! – Laurel sorriu e se ajeitou – Casal que joga unido, permanece unido.
Charlie: ei, pombinhas! Já acabaram?
Laurel revirou os olhos.
Laurel: vamos jogar.
As Lendas, como seu grupo se denominava no jogo, jogaram mais três partidas inteiras antes que Sara voltasse para a call ofegante e pedindo desculpas.
Zari: Olha quem voltou...
Charlie: Valeu a pena?
Sara: Até desidratei.
Zari: você deixou o Nate morrer!
Nate: É! Eu morri por sua causa.
Ray: Eu morri por minha causa mesmo... Não sou bom como vocês.
Charlie: Relaxa, Ray. Você agrega valor ao grupo a seu próprio modo.
Laurel: O que aconteceu, Sara?
Sara: Ava apareceu de toalha e deixou a toalha cair.
Zari bufou: Você precisa se controlar, Sara. Estamos no meio de uma coisa importante aqui.
Sara: Foi mal, mas eu não posso fazer nada se minha mulher tem peitos incríveis.
Nate: Isso é...
Sara: Respeita minha mulher!
Laurel: É melhor começar a jogar, já perdemos muito sem você.
Sara: É, eu sei que sou a melhor.
Laurel revirou os olhos, ela não precisava acariciar mais o ego da irmã mais nova.
Dinah se levantou e tirou o fone de ouvido de Laurel e aproximou o microfone da boca.
- Ei, Sara, sua irmã mais velha está revirando os olhos. Melhor jogar logo.
Sara: É muito bom te ouvir, Dinah. Pode deixar a Laurel comigo, e se quiser aparecer pra jantar hoje vocês duas são bem-vindas; você é mais bem-vinda do que a Laurel, ela só está convidada por sua causa.
Laurel conseguiu ouvir tudo, bem como os protestos das outras lendas para que começassem a jogar logo, e tirou o fone de Dinah para colocar nas próprias orelhas.
Laurel: Sara, eu sou sua irmã!
Sara: E por isso eu te amo.
Laurel: É melhor o jantar valer a pena. Vamos jogar.
Todos deram vivas, e dessa vez Sara prometeu que não abandonaria o time mesmo se Ava sentasse pelada em seu colo; essa parte foi acrescentada por Zari e Laurel sentiu que sua irmã vacilou ao prometer, e ela sabia que se Ava chamasse Sara para qualquer coisa eles seriam abandonados imediatamente. Laurel não criticava a irmã, faria a mesma coisa se estivesse no lugar dela, e sabendo como Sara era apaixonada pela namorada não havia dúvidas de que aquela promessa era tal falsa quanto uma nota de três!
Dinah riu sem tirar os olhos da tela do seu portátil e Laurel se ajeitou melhor no sofá. Era o tipo de domesticidade que ela gostava, estar ao lado da noiva jogando videogames e bebendo uma cerveja ou outra; sem problemas, sem criminosos a serem presos na vida real, sem processo complicados no gabinete da promotora – ela mesma-. Eram apenas as duas, em seu lugarzinho perfeito no mundo, seguras e curtindo uma atividade calma.
- O que? – Dinah perguntou quando notou Laurel olhando para ela.
- Nada – Laurel deu de ombros – Eu te amo.
Dinah inclinou-se e a beijou novamente.
- Também amo você.
Houve uma nova de protestos, dessa vez pela inatividade da própria Laurel, mas ela não se importou nem um pouco. Eles venceram a primeira partida por puta sorte, mas melhoraram e venceram as três que se seguiram depois que Behrad finalmente entrou para jogar com eles.
Era um bom jeito de passar o sábado.
[...]
Tudo começou na sexta-feira seguinte.
Dessa vez Sara fez o jantar e Ava separou as roupas para levar a lavanderia, trocou algumas mensagens com Behrad antes de jantarem juntas e depois cuidaram da limpeza da cozinha; Ava detestava deixar louça suja para o dia seguinte, e mesmo que Sara não se importasse, afinal de contas era fim de semana, ela dividiu as tarefas como sempre.
- Amor, vou jogar com a Laurel se estiver tudo bem?
Ava sorriu. Mesmo depois de tanto tempo Sara se importava em perguntar sua opinião.
- Claro, amor. Eu vou falar com a Nora e depois ler um pouco.
Sara se esticou nas pontas dos pés e pressionou um beijo contra seus lábios, Ava adorava que Sara parecesse tão pequena ao lado dela e fosse preciso se esforçar para alcancá-la.
- Não vou demorar, só uma ou duas horas.
- Ok, meu amor.
Ava sabia que Sara acabaria se empolgando com o jogo e passaria muito mais do que duas horas naquele sofá, não que ela se importasse realmente; Sara tinha o direito de se divertir e melhor que estivesse segura em casa jogando videogame.
Deixou Sara sozinha na sala e foi para o quarto, Nora ainda não estava online então Ava se ocupou com alguns arquivos extras da Gideon; ela gostava tanto do projeto que não considerava trabalho, embora algumas pessoas discutissem sobre isso com ela. Vez ou outra ouvia Sara declarar como os gráficos estavam incríveis, e que estava adorando o jogo em primeira pessoa ainda que fosse devota aos antigos jogos da franquia.
Nora entrou no Skype e iniciou uma chamada de vídeo, ao que Ava logo aceitou.
- Mais uma noite de vídeogame?
- Sim – Ava riu e ajeitou o notebook sobre o colo – Sara está jogando com Laurel.
- Eu sei, Ray disse que ia treinar Fortnite com o Nate, mas os dois estão jogando Mario Kart 8 há horas.
- Pobre Ray...
Mona entrou na chamada de vídeo e seu rosto sorridente apareceu na tela no notebook.
- Oi, meninas! – Mona guinchou – Por que não estamos em um bar? É sexta à noite...
- Noite de vídeogame.
Ava e Nora responderam juntas, ambas riram com a coincidência.
- A gente até podia ir, mas estou morta de preguiça – Nora argumentou – Foi um longo dia.
- Podemos sair juntas amanhã – Ava propôs – Sara vai gostar de uma noite fora.
- Por mim tudo bem – Nora concordou – Mona? Ou a vida de agente literária continua atribulada?
- Claro que eu posso!
Fazendo jus a natureza borbulhante que tinha, Mona começou a tagarelar sobre o novo livro que estava agenciando e em como esperava que se tornaria o novo best-seller da lista do The New York Times.
Conversaram por mais algum tempo até que Ava se desculpou, ela precisava ir ao banheiro e aproveitou para pegar um lanche na cozinha, nada muito pesado devido a hora. Sara estava muito concentrada em seu jogo e mal lhe prestou atenção, apertava os botões com uma fúria invejável e Ava fez um lembrete mental de lhe comprar um novo controle para o PlayStation 5.
Sem acender a luz, Ava abriu a geladeira e procurou por algo que despertasse seu interesse.
- Gostei dela!
A explosão repentina de Sara fez Ava saltar na cozinha escura.
- Sara?
Ela não respondeu e Ava adivinhou que devia estar falando com Laurel através do headset.
- Como assim por que eu gostei dela?! Sério, Laurel, você já parou pra admirar a obra de arte que é a  Lady Dimitrescu?
Uma nova pausa.
- E uma mulher como a Dinah lá vai ter ciúmes de uma personagem de videogame?
Ava pegou uma maçã e resolveu cortá-la em pedaços, acendeu a luz da cozinha para não perder um pedaço do dedo e continuou a ouvir o que para ela não passava de um monólogo de Sara, dado que não podia ouvir o lado de Laurel.
- Olha, agora eu entendo todo o hype em cima dela. É por isso que a internet toda está apaixonada pela Lady Dimitrescu! – Sara fez uma pausa – Ela é toda elegante, meio louca mas ainda mantém a classe como uma dama. Mas vou te falar, a Capcom errou rude, errou muito feio, com ela; tô falando sério, a Lady Dimitrescu devia ser uma das últimas chefes, junto com a Mãe Miranda!
Ava riu sozinha e balançou a cabeça.
- Você já está entrando no castelo Dimitrescu? Estou dentro... Tá, ela é gostosa mas não é por isso que eu gosto dela! – Sara bufou – Como assim por que eu acho ela gostosa? Ela é super alta, cheia de curvas e tem seios enormes. Você já viu minha namorada?!
Esse comentário fez Ava corar profusamente mesmo que estivesse sozinha.
Decidindo que precisava dar uma olhada no que Sara estava fazendo, Ava cobriu as fatias de maçã com alguma granola, pegou uma colher e levou a tigela consigo.
Sara continuava na mesma posição, talvez um pouco mais inclinada para frente e olhava para a tela como se estivesse completamente fascinada.
- Então – Ava começou a falar para chamar sua atenção – Quem é essa Lady Dimitrescu que tanto te encantou?
Sara pulou levemente no sofá, mas relaxou ao notar Ava, e apontou para a tv.
- Aquela é Alcina Dimitrescu, ela é uma vampira e senhora do castelo, e ao redor dela são suas filhas Bela, Daniela e Cassandra.
A figura imponente parada no meio da tela surpreendeu até mesmo Ava.
Uma mulher alta, enorme, usando um vestido branco elegante, com mangas compridas e um decote muito – muito – generoso; seus olhos eram amarelos e os lábios pintados de vermelho contrastavam violentamente com a pele excessivamente pálida. Lady Dimitrescu, como Sara a chamou, era bela de um jeito diferente, como se possuísse um magnetismo muito forte para alguém feito de matéria digital, era tão alta que as outras três figuras – suas filhas – mal chegavam a altura do seus cotovelos e ao se movimentar pelo castelo precisava se abaixar para atravessar as portas pequenas demais para ela.
Suas filhas usavam vestidos esvoaçantes em cores escuras e suas bocas eram manchadas por uma substância que ficava entre o vermelho escuro e o preto; uma delas tinha o cabelo castanho,  enquanto outra era loira e a última tinha cabelos ruivos, o que fez Ava pensar que não deviam ser filhas de verdade da mulher (apesar de se referirem a ela como mãe).
- Alcina Dimitrescu é sua paixão platônica de videogames?
- É por aí...
Ava não tinha ciúmes de personagens digitais, ainda mais uma que Sara sugeriu gostar por dividir certos traços com ela. Embora Ava não tivesse mais do que 1.83 de altura, e seus cabelos fossem loiros e não negros como o da mulher.
Sara pausou o jogo e olhou para Ava.
- Não consigo explicar, ela só tem essa coisa, sabe? Achei que só eu gostava mais dela do que do protagonista, mas descobri que ela é uma sensação na internet e todos querem mais de Alcina Dimitrescu.
Ava riu.
- Tudo bem, amor – Ava se inclinou e beijou a testa de Sara – Bom jogo.
- Te amo!
- Também te amo!
Mal havia entrado no corredor e ouviu Sara praticamente gritar para Laurel:
- Caralho! Eu dei um tiro de shotgun na cara dela! Na cara dela, Laurel! E ela só agiu como se não fosse nada! Um tiro de shotgun e Lady Dimitrescu só ajeitou o chapéu e continuou correndo atrás de mim! Eu sou muito cadela dessa vampira.
Ava riu e balançou a cabeça para a atitude da namorada, adorava como Sara podia ser animada e apaixonada quando gostava muito de algo.
Ao entrar no quarto notou que suas amigas continuavam conversando e pararam ao notar sua presença.
- Você demorou – Nora acusou – Espero que não tenha ido dar uma rapidinha com a Sara, mas se foi é melhor lavar as mãos.
- Sara está muito apaixonada pela Lady Dimitrescu nesse momento...
- E quem é essa? – Nora perguntou.
- E quem não está? – Mona riu – Ela é uma sensação na internet, até mesmo dentre quem não é tão fã assim de Resident Evil!
- Foi o que a Sara disse – Argumentou Ava – Confesso que ela é meio atraente.
- Ela é super atraente mesmo sendo uma vampira gigante!
Nora pigarreou.
- Ok, ok, vocês duas já podem parar de cadelar uma personagem de jogo! Temos um assunto sério a tratar.
- E seria? – Ava perguntou.
- Festa de Halloween no bar do Mick!
- Era sobre isso que estávamos falando quando você voltou. E sobre fantasias de casal – Mona explicou – Gary e John vão de bruxos, Nate vai de Indiana Jones e Amaya como Lara Croft, Zari vai se vestir de Kitana e Charlie de Scorpion... Quem mais? Deixa eu pensar – Mona fez uma careta – Behrad vai ser o Batman...
- Ray e eu vamos ser Luke Skywalker e Princesa Leah – Nora suspirou - Não sei como ele me convenceu.
- E você, Mona?
- Eu quero ser a noiva cadáver!
- Convenceram Mick a se fantasiar?
- Não – a alegria de Mona diminuiu consideravelmente, mas logo voltou ao se lembrar de algo: - Você e Sara?
- Ainda não pensamos nisso – um sorriso se formou nos lábios de Ava – Mas me ocorreu algo nesse momento...
- Medo de quando você sorri assim – Nora comentou.
- Conta pra gente! – Mona pediu.
- Vou contar e vou precisar da ajuda de vocês.
Quanto mais Ava pensava nisso, mais os detalhes se formavam em sua mente e ela tinha mais certeza de que era uma ótima ideia.
[...]
Noite de Halloween.
Sara levou a bebida aos lábios e olhou ao redor, seus amigos estavam espalhados pelo bar enquanto riam e bebiam. Para sua surpresa até mesmo Mick estava fantasiado, Zari conseguiu convencê-lo a ser um pirata de tapa olho e ele parecia estar se divertindo ao conversar com uma mulher pintada de roxo que tinha -outra coisa surpreende – três peitos. Sara bebeu mais um gole de uísque, de jeito nenhum dava pra passar por isso sóbria.
O ambiente estava decorado de acordo com a ocasião, as Lendas ajudaram a decorar com luz negra, esqueletos e teias de aranha espalhadas por todo lado; havia abóboras esculpidas cheias de doces e outras com velas que davam um brilho bruxuleante aos seus olhos.
- Então, quem você devia ser? – Laurel perguntou ao parar do seu lado – Uma boneca?
Sara revirou os olhos.
- Eu sou uma donzela da era vitoriana, um toque meio gótico se quer saber. Foi Ava quem escolheu.
O vestido era bonito e se ajustava perfeitamente a suas curvas, em um tom de azul que lembrava muito os olhos de Sara; a saia armada era coberta de arabescos, e havia renda saindo da gola e das mangas próximo ao pulso. A roupa de Laurel, por outro lado, era bem mais provocante e composta por um vestido de couro preto (muito) curto e (muito) justo!
- E o que você devia ser? – Sara perguntou ao enrolar um cacho perfeito em seu dedo – Uma vadia?
Laurel riu e ajeitou os chifres vermelhos.
- Uma diabinha – ela levou o copo aos lábios – E Dinah é um anjo, porque ela é um anjo na minha vida e achei apropriado.
Sara seguiu o olhar de Laurel e viu a cunhada conversando com Zari e Amaya à alguma distância, Dinah usava um vestido branco tão curto e justo quanto o de Laurel e asas completavam seu look.
- Eu vou corromper ela mais tarde.
Laurel sussurrou em tom conspiratório e fez Sara revirar os olhos.
- Limites, Laurel. Limites – Sara resmungou: - A intimidade é uma droga.
Seu descontentamento pareceu divertir Laurel, e pelo menos ela estava se divertindo enquanto Sara nem sabia onde sua namorada estava.
- Cadê a Ava? – Laurel perguntou ao verbalizar as dúvidas de Sara.
- Não sei, ela disse que viria com a Nora e a Mona, porque iam ajudar ela.
- Com o que?
- Não tenho ideia! Ava me fez vestir esse vestido e ficou super misteriosa.
Laurel levou a própria bebida aos lábios e meneou a cabeça.
- Mistério... Mas mudando de assunto, o que você achou do jogo?
- Zerei mais três vezes, queria ver todas as nuances possíveis da Lady Dimitrescu – Sara sorriu tristemente – Me dá um dó quando ela descobre que as filhas estão mortas...
- Ela é uma vilã!
- Ela é incrível! – Sara rebateu – E merecia muito mais, eu super quero que o jogo tenha uma DLC sobre ela! Lady Dimitrescu é linda, forte, um símbolo e...
- E está passando por aquela porta.
Sara olhou para a direção que Laurel apontou e engasgou com sua bebida.
- Sara, é melhor se lembrar de respirar...
Ava usava um vestido longo e branco, idêntico ao da personagem, justo, com as mangas estendendo-se até os punhos e um decote extremamente generoso do qual seus seios pareciam querer saltar; seus longos cabelos loiros estavam escondidos sob fios escuros e encaracolados e o grande e elegante chapéu preto, os lábios pintados de um tom brilhante de vermelho estavam esticados em um sorriso provocador e sarcástico. Ava havia levado a sério seu cosplay de Lady Dimitrescu a ponto de usar lentes de contato amarelo, maquiagem aplicada de forma idêntica a da personagem e até as luvas de couro com garras na mão direita.
Mesmo àquela distância Sara percebeu que Ava usava saltos impossivelmente altos, Mona parecia muito mais baixinha do que ao normal ao seu lado.
- E aí, Sara? – Laurel inclinou-se em sua direção e sorriu – O que achou?
Sara engasgou de novo.
- Chega fiquei úmida.
Laurel fez um som de desgosto.
- E eu não posso falar que vou corromper minha noiva...
- Shiiiu.
Ava se aproximou e Sara pode observar mais detalhes, como as flores pretas que estavam presas no decote do vestido e o colar exatamente igual ao da personagem.
- Bem, bem... O que temos aqui!
Sara estremeceu diante da voz poderosa, o tom provocativo e mandão fizeram-na tremer na base.
Laurel riu da sua reação e se inclinou novamente, dessa vez para sussurrar em seu ouvido.
- Aproveita bem, foi um trabalhão que envolveu muita pesquisa e muitas pessoas pra deixar sua mulher assim.
Sara piscou algumas vezes para assimilar a informação, mas Laurel não lhe deu a oportunidade de responder e saiu em busca de Dinah.
- Então... – Sara pigarreou e tentou encontrar as palavras certas, mas ver Ava vestida daquele jeito a deixou zoneada – Por isso pediu que eu me vestisse assim?
O sorriso de Ava cresceu, o batom vermelho pareceu brilhar ainda mais contra a pele pálida. Mas não era o sorriso brilhante e fofo de sempre, era mais como uma vampira espreitando sua presa.
- Ah, pequena... – Ava estendeu a mão enluvada e tocou o rosto de Sara – Uma donzela como você precisa de alguém que te cuide bem.
Sara ergueu a sobrancelha e ergueu a cabeça para olhar para Ava, com os saltos ela devia devia estar medindo quase dois metros de altura.
- E você vai fazer isso?
Ava apertou seu rosto com um pouco mais de força.
- É claro, mas saiba que eu não admito desobediência. A partir de agora você pertence a mim, doce donzela, e vai me obedecer ou será castigada – ela sorriu ainda mais – Cuidado com o que deseja, Sara Lance.
Não era sempre que Ava se sentia tão dominadora e Sara adorou, suas pernas estavam fracas e tudo o que ela queria era que sua namorada a prendesse contra a parede e a fodesse até que perdesse sua mente ou não aguentasse mais, o que viesse primeiro.
- Serei uma boa menina, Lady Dimitrescu. Eu prometo.
- Bom saber... – Ava inclinou-se e roçou os lábios sobre os Sara, no entanto negou-lhe um beijo apropriado e voltou a apertar seu rosto – Boa menina.
Às vezes Sara pensava que não merecia a mulher que tinha, não havia muitas mulheres por aí que estavam dispostas a se fantasiar como a personagem por quem a namorada tinha uma pequena queda; Sara tinha certeza que algumas até se sentiriam extremamente ofendidas, mesmo que se tratasse de uma personagem digital.
- Eu te amo.
A expressão de Ava suavisou-se com a declaração.
- Eu também te amo.
Não durou muito, logo Lady Dimitrescu assumiu a situação e Sara foi guiada por uma mão firme até a pista de dança.
Seria uma noite divertida.

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⏰ Última atualização: May 23, 2021 ⏰

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Fanfic - One-shots Avalance & DinahsirenOnde histórias criam vida. Descubra agora