Ciúmes

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Sara olhou por cima do ombro pelo que pareceu a centésima vez aquela manhã, não que ela pudesse ver muita coisa estando dentro da sala de treinamento, mas a esperança (ou o temor) era a última que morre. Ela devia estar ensinando os novos recrutas da agência do tempo a desarmar um oponente, só para fazer a vontade de Ava é claro, mas talvez ela tivesse um certo gosto em derrubar um após o outro enquanto Charlie e Zari torciam por ela.

As duas vierem apenas para o apoio moral, ou para tentar impedir que Sara fraturasse os membros de alguém. Ênfase na palavra tentar.

Tudo começou três dias atrás, durante a noite do encontro quando Ava causalmente (até demais) comentou que sua ex-namorada foi designada pelo governo americano para recolher amostras de tecidos e DNA dos prisioneiros mágicos a fim de estudá-los.  Sara sentiu uma sensação estranha no estômago com a notícia, não que ela estivesse com ciúmes (Sara Lance não sentia ciúmes), mas Ava nunca havia falado muito da tal mulher e ela era um completo mistério.

A situação só piorou ao saber que, como diretora da agência do tempo, Ava teria que passar o dia com a tal ex-namorada para garantir que o protocolo fosse seguido. Então quando sua namorada perguntou se ela, por favor, daria uma aula para os novos recrutas que pareciam ter as cabeças cheias com algodão doce, Sara imediatamente concordou. Como se ela pudesse dizer não.

Ava não tocou mais no assunto da ex-namorada, tampouco pareceu se importar com o tal encontro no trabalho, mas aquela sensação estranha e a curiosidade sobre a mulher persistiram. O que se passava na mente de Sara quase o tempo todo era que tinha que haver um motivo para Ava ter namorado aquela mulher, algo que a destacasse das demais e a fizesse ser importante o bastante para fazer a diretora correr para ela após o seu término. Esse pensamento fazia as bochechas de Sara queimarem e seu estômago girar desconfortavelmente.

Mas não eram ciúmes. Sara não sentia ciúmes. Ava era adulta e podia muito bem ter um encontro profissional com uma ex, não havia nada demais nisso.

Sara finalmente dispensou a turma para o almoço, gritar com eles já não era distração suficiente de qualquer forma e ela estava ficando com fome; pescou o celular na bolsa pensando em convidar Ava para o almoço, mas encontrou uma mensagem da namorada avisando que estava em reunião com a equipe e se atrasaria um pouco.

- Vamos esperar a Ava? – Zari perguntou ao se aproximar – Posso sentir meu estômago se contorcendo em um protesto político por comida nesse exato momento.

- E você devia se surpreender, ela está há mais de três horas sem comer – Charlie provocou – Então talvez seja melhor alimentar ela antes que a taxa de açúcar caia muito.

- Tem um café aqui perto e eu prefiro não almoçar em frente a todos esses agentes – Sara fez um gesto com o dedo para indicar os arredores – Corta o meu clima.

Ou talvez ela só quisesse diminuir as chances de encontrar Ava e a tal ex-namorada bem sucedida e fingir que esse dia nunca aconteceu, exceto que uma grande parte dela estava curiosa a respeito da tal mulher e meio que queria ser apresentada a ela. Não que Sara fosse admitir isso em voz alta para quem quer que fosse, mas ela queria que a mulher soubesse que Ava estava comprometida em um relacionamento sério; ela só não sabia se ex-assassina treinada pela Liga e capitã de uma nave do tempo eram quesitos importantes para impressionar em um currículo, provavelmente não era o suficiente, mas tudo o que Sara tinha.

- Não importa onde seja, eu só quero comer – Zari determinou – E se tiver rosquinhas, melhor ainda. Tenho certeza que a comida daqui é muito saudável pra mim, o meu organismo não está acostumado com isso.

- Vamos, eu pago o almoço – Sara ofereceu enquanto saíam da sala de treinamento – Mas não se acostumem.

- Nós somos o seu apoio, você tem que nos alimentar – Charlie argumentou – Vai ser bom comer algo que não foi fabricado pela Gideon.

Fanfic - One-shots Avalance & DinahsirenOnde histórias criam vida. Descubra agora