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- Há anos e mais anos que eu não te vejo, e nesses anos e mais anos eu tenho chorado esperando por você. - Atlanty intercalava entre um pé e outro na sua caminhada matinal pelo jardim do imenso castelo - Há anos e mais anos que eu não sou feliz.
- Pois não tenho estado com você! - Cannydra apareceu de trás de uma árvore que ficava no canto do jardim.
Atlanty levou um baita susto e deu um pulo.
- Canny! Pelos deuses, você quer me matar? - a princesa soltou um risinho logo depois de falar
Ela e Cannydra, ou Canny, sempre foram muito amigas, a família dela sempre esteve na corte de Clowan, então elas meio que cresceram juntas.
- Oh, princessa. - fez uma reverência apressada e desajeitada quando percebeu um quarda olhando para ela em reprovação - eai, como você passou o final de semana?
- Ah, até que bem, tirando as várias e mais várias reuniões que tive que participar.
- Você teve reuniões no final de semana?
- Sim, você não?
- Não!
- Uh, entendi.
- Porque eu não fui nessa reunião?
- Não era do seu interesse, digo, não era algo pra você.
Canny a olhou confusa, nem se passava pelo seu cérebro coberto de pele e cabelos ruivos por cima, que o rei andava procurando um pretendente para a amiga
Atlanty foi em direção a uma parte do jardim em que haviam apenas rosas brancas, em homenagem a sua mãe, a Rainha Angela, e a amiga a seguiu, segurando a barra de seu vestido cor de marfim que tinha um corset marrom por cima, para não prender em algum mato ou espinho
- Meu pai anda procurando...alguém. - falou colhendo uma rosa e a colocando em sua cesta de piquenique lilás que tinha levado exatamente para o que elas estavam falando. Ela tinha um piquenique como encontro.
- Alguém? - ela assentiu e olhou no fundo de seus olhos, fazendo Canny entender oque ela queria dizer - Ah. Alguém.... sinto muito.
- Tudo bem, talvez ele esteja certo e isso me faça bem... enfim. - Atlanty suspirou, inspirou o mais fundo que pode, e suspirou denovo
- Mas você não pensa que nem ele, pensa?
Atlanty encarou a cesta
- Não. - A princesa sentiu os olhos transbordarem com as lágrimas pelas quais lutava para segurar
Ela não queria aquilo, não queria tomar o lugar em que sua mãe havia passado a vida, mesmo se ela encontrasse o certo.
Cannydra apenas pegou a mão da amiga e a apertou, lançando com o aperto energias positivas.
- Obrigada - Atlanty sorriu - Enfim, eu vou indo. - Ela disse e começou a se afastar
- Pra onde?
a herdeira virou para trás e deu um sorriso fraco
- Eu tenho um encontro! - deu de ombros e saiu andando estufa adentro
Cannydra começou a fazer mais duas rosas brancas no lugar em que a amiga havia tirado aquela flor que tinha levado quando Rein, um guarda que estava por perto, se aproximou de Cannydra quando Atlanty já estava o longe o bastante para não ouvir eles.
- Um encontro? Então encontramos um novo rei? - o homem falou tenso
Canny continuou concentrada, então, nem desviou o olhar da planta
- Não.
- Então ela está solteira? - aquela tensão saiu do corpo dele como areia em uma mão, e um sorriso ousava espairecer em seu rosto
A ruiva terminou seu trabalho em questão de segundos, então falou :
- Não enche.
E saiu do local.

𝙡𝙪𝙖 𝙚𝙨𝙥𝙞𝙣𝙝𝙤𝙨𝙖Onde histórias criam vida. Descubra agora